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Estudante de Agroecologia difunde conhecimentos sobre nutrição em projeto de protagonismo discente

CÂMPUS LAGES Data de Publicação: 20 dez 2018 17:29 Data de Atualização: 21 dez 2018 08:43

Observar a realidade local, identificar um problema e apresentar uma solução por meio dos conhecimentos adquiridos no IFSC: esta é a proposta do primeiro edital de protagonismo discente (estudantes), que aprovou o projeto “AliMÃEtação: nutrindo com conscientização”, da aluna Evelin Souza, do quarto módulo do curso técnico em Agroecologia do Câmpus Lages do IFSC.

A ideia do projeto foi implantar uma horta comunitária, difundir conhecimentos sobre nutrição, gerar renda para famílias com alto índice de vulnerabilidade social e apresentar o IFSC à comunidade. Em conversa com a Secretaria Municipal da Assistência Social e Habitação de Lages, Evelin começou a realizar seu trabalho a partir de agosto toda sexta-feira, à tarde, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras VIII), no bairro São Pedro (loteamento Gralha Azul).

Vinte pessoas participam das atividades, que envolvem desde o plantio até a explicação sobre a funcionalidade de cada alimento. “Queria ensinar as crianças desde pequenas a buscar, cheirar e ter o prazer de plantar seu próprio alimento. Existem três regras básicas para plantar: vontade, água e sol. Estas palavras podem mudar a vida de muitas famílias que voltam a enxergar a agricultura familiar e a mão suja de barro como aliados”, diz Evelin.

A professora de Agroecologia Luciane Costa acompanhou o início do projeto, quando Evelin pretendia desenvolver algo relacionado com as pessoas. “A gente sempre discutia muito em sala que o que a gente aprende ali tem que fazer a diferença na vida das pessoas lá fora, principalmente as que precisam, e ela tinha essa ideia de trabalhar com o aproveitamento de alimentos em um bairro carente”, explica. A professora comentou com a aluna sobre o Cras VIII, vizinho ao IFSC, que tem mães em vulnerabilidade social e que ali o trabalho poderia abordar a segurança alimentar e a garantia de produzir o próprio alimento.

A partir de então surgiu a ideia do nome “AliMÃEtação”, que está relacionado à visão de comida “gostosa” quando se lembra da mãe ou avó. “Mãe é a principal provedora, quem realmente pensa o que vai na nossa mesa todo dia, tanto que quando a gente sai de perto delas a gente come mal pra caramba”, brinca a professora. Evelin completa: “Coração de mãe protege, ajuda, acalenta, dá carinho, e o projeto é isto: acolher as famílias e resgatar os valores, onde todas as gerações trabalham juntas para plantar e aprender”.

Oficinas, cartilha e música

Durante o projeto, a aluna realizou oficinas com o conhecimento adquirido no curso, como nas matérias de sanidade vegetal e processamento de alimentos. Atualmente a horta do Cras VIII conta com produtos como árvores frutíferas - cereja, ingá-feijão, jabuticaba, araçá-amarelo - hortaliças, couve, alface, salsinha, cebolinha, cenourinha, pepino e melancia. “A gente está aprendendo muito. São coisas diferentes, técnicas novas, principalmente na horta, coisas que não sabíamos fazer antes. O projeto fez a diferença. Até já plantei lá em casa alface, rúcula, beterraba, salsa, alecrim e um monte de coisa”, diz Antônio Fernandes Berres, 55 anos, que participa das atividades.

Evelin apresentou a área experimental do curso no câmpus para as famílias. No IFSC também foram realizadas oficinas no laboratório de alimentos, como a produção de compotas (manga e doce de banana), bolos (beterraba, cenoura e espinafre) e sabão de lavanda. Além disso alguns integrantes começaram a participar do projeto de inclusão digital para a terceira idade e artesanato em vidro.

Para manter o conhecimento adquirido, foi montada uma cartilha com a orientação do professor de química João Provesi, com quem Evelin realizou o projeto “DaHorta”. O trabalho tinha como objetivo elaborar uma cartilha de processamento com foco em vegetais produzidos em hortas domésticas. “Nesse projeto um dos tópicos era ensinar a montar uma horta doméstica, era o ‘elo’ entre os dois projetos. Acreditávamos que a cartilha e uma oficina demonstrativa eram uma forma de transmitir a esse público as possibilidades de processamento dos vegetais produzidos por eles ou outros que tivessem em casa”, explica o professor.

A cartilha conta com receitas de doces, geleias, frutas cristalizadas, conservas, vegetais desidratados, produtos de panificação e outros alimentos, além de sabão e velas aromatizadas. “O exemplar da cartilha estará disponível no Cras e é uma forma das famílias não esquecerem do conhecimento adquirido”, lembra Evelin.

Outra iniciativa do projeto foi a composição de uma música. A ideia surgiu quando Evelin ouviu algumas paródias que contavam histórias. Em parceria com Ana Clara Mariano, artista que conheceu durante o show de talentos do IFSC, o projeto ganhou uma composição. Ana Clara conta que vê música em tudo e que ela se encaixa em qualquer situação. “Acredito que, assim como a comida, a música também une pessoas, traz alegria e calmaria. Receber o convite da Evelin foi reafirmar que a música cabe em todos os lugares e situações. Adorei fazer essa união da minha música com esse projeto tão lindo”, afirma animada.

Resultados

Antes do projeto, o Cras VIII tinha um terreno que não era reaproveitado e que, segundo a coordenadora do local, Josiane Cristine de Souza, tinha mais mato do que grama. “Agora é uma horta muito bacana. As famílias adoraram participar deste projeto. Eles vinham no Cras perguntar onde encontravam a Evelin no IFSC para pegar alguma dica. Penso que esse projeto transformou um terreno que não tinha aproveitamento nenhum em vida”, afirma.

O professor de Agroecologia e coordenador do projeto, Fernando Domingo Zinger, explica que a inicativa foi de extrema importância para o Câmpus Lages ao demonstrar que os alunos estão preparados para atender demandas regionais. “O projeto é muito nobre nos seus objetivos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de pessoas carentes. Nós, como servidores públicos, temos essa obrigação. Além de nossas atividades normais do dia a dia, temos que priorizar as atividades de extensão, ou seja, levar o conhecimento para quem mais necessita”, diz.

O encerramento do projeto aconteceu em 14 de dezembro. Evelin pretende continuar com a proposta e implantar em outros espaços. O projeto está no instagram, para acompanhar é só seguir @alimaetacao.



Curso

curso técnico em Agroecologia é vespertino, tem duração de dois anos e ingresso anual (sorteio). Para cursar é necessário ter o primeiro ano do ensino médio completo.

 

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