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Pesquisa aborda discussão de questões de gênero em escolas de Lages

CÂMPUS LAGES Data de Publicação: 06 abr 2016 21:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:06


Uma pesquisa realizada em Lages por professor e bolsistas do IFSC mostrou que o debate de questões de gênero na escola ainda precisa avançar. Embora docentes e estudantes relatem não sentir desconforto em tratar sobre o tema, segundo os alunos, os professores não tratam dele nas aulas, nem estão preparados para isso. A pesquisa foi realizada com 27 professores e 20 estudantes dos ensinos Fundamental e Médio (12 a 16 anos) da rede estadual, entre junho e julho do ano passado.

As respostas de alunos e docentes mostram que eles têm percepções diferentes com relação ao debate de questões de gênero na escola. Os professores, em sua maioria, disseram que abordam esse tema em suas disciplinas (77,8%) e que não sentem desconforto em lidar com ele (92,6%). Ao mesmo tempo, pouco menos de metade deles (48,2%) sentem-se preparados para discutir essas questões.

Os estudantes, porém, contradisseram seus professores nas respostas. A maioria afirmou que os docentes não debatem questões de gênero nas aulas (78,6%) e, além disso, que os professores não estão preparados para lidar com o tema (85,7%). Todos os alunos que responderam à pesquisa disseram não sentir desconforto em discutir o assunto.

De acordo com o orientador da pesquisa, o professor Tiago Ribeiro dos Santos – que atuou no Câmpus Lages até o fim do ano passado e agora está no Câmpus Florianópolis -, essas diferenças demonstram que os professores não foram fiéis em suas respostas. Além de perguntas fechadas, os entrevistados tinham que responder a questões abertas e, nessas, os docentes demonstraram, no geral, não ter profundidade de discussão sobre o tema. “Alguns falavam coisas do senso comum, sem nem saber sobre o que estavam tratando”, comenta Tiago.

Os professores que demonstraram mais conhecimento sobre questões de gênero foram os das disciplinas de Filosofia e Sociologia. “Há diferença nas visões também conforme a idade. Os professores mais novos tendem a discutir mais esse assunto”, diz Tiago. Para ele, todos os professores, independentemente da disciplina que lecionam, deveriam capacitar-se no tema, pois situações que envolvem discussão e conflitos de gênero podem surgir em qualquer aula.

Para o professor do IFSC, os estudantes têm uma visão mais progressista sobre questões de gênero por “transitarem em diferentes espaços e terem mais acesso às discussões por meio de viagens e de redes sociais, por exemplo”. Uma maior capacitação dos professores faz-se necessária para aprofundar a discussão nas escolas, defende Tiago. “Muitas vezes os pais dos alunos nunca discutiram esses assuntos e têm uma visão limitada sobre eles. Se a escola reafirmar isso, o aluno não terá outra visão sobre o tema”, alerta.

Violência contra mulheres motivou pesquisa

Episódios de violência envolvendo alunas dos programas Mulheres Mil e Mulheres Sim para as quais Tiago Ribeiro ministrou aulas no Câmpus Lages serviram de motivação para a realização da pesquisa. Enquanto o professor trabalhava com o programa Mulheres Mil, em 2013, uma das estudantes foi assassinada pelo irmão, ao tentar defender os pais em uma briga doméstica. Posteriormente, no encontro de uma turma do programa Mulheres Sim, Tiago instigou as alunas a relatar casos de violência doméstica que conheciam e todas contaram histórias de agressões frequentes que sofriam, principalmente de seus parceiros.

Uma consulta à Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso da Polícia Civil, em Lages, mostrou que havia muitos casos de violência contra a mulher na cidade. Não por acaso, a primeira das seis perguntas da pesquisa abrangeu esse tema: “Lages é uma cidade que tem um alto índice de violência contra as mulheres. Por que você acha que isso ainda acontece?”. Antes de responderem às perguntas feitas pelas bolsistas Elisete Proêncio e Maria Giullietta Coelho, um vídeo de uma campanha do governo de Pernambuco combatendo a violência contra a mulher era exibido aos entrevistados.

Também colaborou para a realização da pesquisa o fato de Tiago Ribeiro desenvolver no Câmpus Lages um projeto de extensão chamado “IFSC Cinema”, no qual eram discutidas questões de gênero – dentre outras – com estudantes de escolas públicas da cidade.

Tanto professores quanto alunos responderam a seis perguntas, com algumas mudanças em sua redação para adaptá-las aos dois públicos-alvo. Os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente. Os resultados da pesquisa serão transformados em artigo para publicação e enviados para a Secretaria Municipal de Educação e para a Gerência de Educação do governo do estado em Lages.

CÂMPUS LAGES

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