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Alunos do IFSC visitam comunidade indígena em Imaruí

CÂMPUS CRICIÚMA Data de Publicação: 08 mai 2017 21:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:28

Nem a chuva que insistia em cair na manhã do último sábado (06) tirou o entusiasmo dos alunos do Câmpus Criciúma durante a visita à comunidade indígena Tekoa Marangatu, município de Imaruí, no Sul do Estado. Cerca de 30 alunos e professores do curso de licenciatura em Química do IFSC puderam conhecer a cultura do povo Guarani Mbya durante encontro organizado pela Comissão à Diversidade Social e Direitos Humanos do Câmpus Criciúma.

 

A equipe do IFSC foi recebida pelo cacique Veratupã, líder da comunidade, na casa de reuniões, um espaço circular onde são realizadas as assembleias da aldeia. Tudo ali é decidido democraticamente e o que prevalece é a vontade da maioria. A comunidade já se habituou a receber a visita de não-índios, principalmente de escolas, o que considera importante para desmistificar o pensamento sobre os costumes dos indígenas. “Queremos receber os não-índios para que vocês nos conheçam e saibam o que é ser indígena”, falou Veratupã durante conversa com os alunos do IFSC.

 

"Terra Harmônica" em tupi-guarani, a aldeia Tekoa Marangatu ocupa 76 hectares de mata atlântica na localidade de Riacho Ana Matias, zona rural entre os municípios de Imaruí e Paulo Lopes, na Grande Florianópolis. Banhada pela Cachoeira dos Inácios, a terra indígena tem uma população de 195 pessoas, grande parte formada por crianças e adolescentes.

 

O cotidiano dos moradores divide-se entre a lida na roça, na padaria e no galinheiro e a casa de reza, local sagrado e mais importante da comunidade. “É o nosso hospital e a nossa escola. É onde a gente aprende tudo, por isso respeitamos muito esse lugar”, explicou o indígena Veramiri, responsável por guiar o grupo durante a visita. Tentativas de catequizar os indígenas sempre houveram em Tekoa Marangatu, conta Veramiri, mas nunca tiveram sucesso na aldeia. “Aqui mantemos as nossas tradições e os nossos costumes”, afirma.

 

A escola espiritual vem em primeiro lugar, mas a comunidade também dedica-se a aprender a educação dos não-índios. É na escola estadual da aldeia que as crianças e adolescentes aprendem o currículo básico comum. A diferença de outras escolas é que na Tekoa Marangatu os professores também são indígenas, a educação física é diferenciada, na aula de Artes os alunos aprendem a arte Guarani e a língua materna (tupi-guarani) integra o currículo escolar. “Hoje temos sete pessoas da nossa comunidade na universidade, estudando Odontologia, Enfermagem e Pedagogia”, explicou cacique Veratupã.

 

 A alimentação da aldeia baseia-se na plantação de aipim, batata-doce e milho. O sustento vem da venda de artesanato e de empregos como diaristas nas lavouras da região. Algumas famílias ainda recebem ajuda de programas sociais do Governo Federal. Em sua primeira visita a uma comunidade indígena, Danila Niero, aluna do terceiro período da Licenciatura em Química, ficou admirada com a vida na aldeia. “Foi muito bacana termos a oportunidade de vivenciar a realidade deles, diferente da nossa”, afirma.

 

Esse “estranhamento” no contato com o outro é de fundamental importância para a professora Carla Zanatta Scapini, membro da Comissão à Diversidade Social e Direitos Humanos do Câmpus Criciúma, que acompanhou a visita dos alunos. “No momento em que converso com esse outro, tenho contato com ele, quebro barreiras. Nesse sentido, a visita foi muito importante para que os alunos percebam outras maneiras de ver o mundo. Enquanto a nossa visão é de acumular bens, por exemplo, a deles é de preservar a natureza, o bem mais precioso que eles têm. São diferenças que devemos aprender a respeitar”, afirma.

 

Em Tekoa Marangatu, cada dia é um dia, ensina o cacique Veratupã. Não há acúmulo de bens materiais, nem a intenção disso acontecer. “Nossa visão de mundo é essa. Vivemos um dia de cada vez”, afirma o cacique. Prova disso aconteceu durante a visita da equipe do IFSC. Logo na chegada, ao ser questionado em que local poderiam ser depositadas as doações da campanha de arrecadação de alimentos e agasalhos promovida pelo câmpus, Veratupã foi categórico: “Isso a gente faz depois. Primeiro, vamos fazer o que vocês vieram aqui fazer”.

 

Por Cristina Oliveira | Jornalista IFSC

 

 

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