CÂMPUS TUBARÃO Data de Publicação: 26 nov 2017 22:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:39
No IFSC, a demanda das agentes de saúde se apresentou como oportunidade para o Câmpus desenvolver um projeto de extensão que articulasse atividades de ensino e pesquisa já realizadas por professores e estudantes. Nascia assim o projeto “A gente com agentes: prevenção e promoção à saúde, inclusão e sustentabilidade”, que em novembro chega ao seu encerramento, após quase cinco meses de aprendizado para todos os envolvidos com o projeto.
Além de capacitar as agentes de saúde da UBS Paulo João Nascimento (Caic) em temas como empreendedorismo, inclusão digital, relações interpessoais, comunicação profissional, orientações jurídicas e contábeis, o projeto buscou articular a ação de extensão às atividades de ensino e pesquisa do câmpus, permitindo que os alunos do curso técnico em Informática, além de atuarem na capacitação das agentes, criassem um sistema informatizado que auxiliasse o trabalho das agentes.
O primeiro desafio começou aí. Após as primeiras conversas com as agentes, estudantes do curso técnico em Informática começaram a desenvolver um sistema que permitisse às agentes cadastrar os dados dos moradores, os medicamentos necessários, as rotinas de atendimento, entre outras questões. No decorrer do processo, ficou claro que isso entraria em duplicidade com sistemas já disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A ideia teve de ser abandonada.
Bolsistas apresentam projeto às agentes de saúde
“Nosso foco mudou para uma ideia que visava tirar o mapa que as agentes de saúde possuem em seu local de trabalho, que serve para mapear a microrregião em que elas trabalham. Só que esse mapa é tem um problema, as marcações são feitas com alfinete e uma pessoa de má-fé pode alterar. Então tivemos a ideia de visualizar esse mapa para que ninguém possa alterar além das agentes”, relata Péttrin Miranda, 19 anos, aluno do técnico em Informática. Ele e o colega Pedro Brás, 17, foram os responsáveis pela capacitação às agentes e pela reorientação do projeto integrador do curso.
O resultado do trabalho foi apresentado pelos alunos na última sexta (24), em reunião com as agentes de saúde que marcou o encerramento do projeto. Participaram da reunião final a coordenadora de Extensão do Câmpus Tubarão, Gabriele Mendes da Silva, e a chefe do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão (Depe), Gabriela Tiscoski.
Agentes de saúde do bairro Humaitá de Cima
A avaliação foi positiva por parte das agentes. “O projeto veio nos ajudar a ampliar o conhecimento na parte de tecnologia, para podermos melhorar nosso trabalho na unidade”, resume a agente de saúde Valdirene Machado. “Nosso trabalho era todo feito com papel e caneta. Agora, temos que fazer os cadastros dos pacientes on line. Algumas meninas estavam com bastante dificuldade. Fomos vendo onde surgiam dúvidas e trazendo para o IFSC”, relata.
Há nove anos, as agentes comunitárias de saúde do bairro Humaitá de Cima formaram o grupo Caminhando Juntos, que realiza reuniões periódicas com a comunidade para debater assuntos de interesse geral e promover a saúde preventiva. “Temos o depoimento de mulheres que estavam depressivas, não saíam de casa, e o grupo as ajudou, porque conseguem expor suas ideias, que antes não conseguiam. Estamos bem felizes com o resultado. A população está muito acostumada a querer consulta, medicação, receita, mas nós queremos trabalhar para prevenir”, diz Valdirene.
Reunião de encerramento do projeto.
Foi iniciativa do grupo Caminhando Juntos procurar o IFSC com a demanda de capacitação em informática. Eis que surgiu o maior desafio: transformar a demanda externa em um projeto que articulasse ensino, pesquisa e extensão no Câmpus Tubarão.
“Ao longo da execução do projeto percebemos o quanto podemos colaborar com a comunidade externa e, ao mesmo tempo, com o público interno, a partir do momento em que nos colocamos como instituição e sujeitos que têm como missão trabalhar e contribuir para o desenvolvimento social local”, afirma Gabriele. De acordo com a coordenadora de Extensão, o projeto impôs aos estudantes o desafio de adequar suas ideias a uma situação real representada pela demanda das agentes, o que serve de exemplos para ações futuras.
Por Jornalismo IFSC | Câmpus Tubarão