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Alunos de mestrado debatem formação humana plena na educação profissional e tecnológica

ENSINO Data de Publicação: 21 fev 2018 10:11 Data de Atualização: 21 fev 2018 13:08

Os alunos do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica - ProfEPT iniciaram o semestre letivo dia 20 de fevereiro, com palestra e debate no auditório da Reitoria. O professor doutor Miguel Gonzalez Arroyo, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), questionou os presentes: “a formação tecnológica enriquece ou limita a formação humana plena?”.

Segundo o professor, a recente reforma do Ensino Médio retira a formação humana plena do currículo escolar, pois o currículo passa a ser focado no trabalho. “Com 16 anos, o aluno já escolhe a área em que quer se formar. Por exemplo, se quer cursar engenharia, ele não estuda história, geografia, entre outras disciplinas”.

Porém, o que significa a formação humana plena? Para Arroyo, ela engloba diversas dimensões, que também servem de provocações aos mestrandos em suas pesquisas:

Autonomia intelectual: “não deixem que te ensinem a pensar”, afirma o professor. Segundo Arroyo, o conhecimento nunca foi tão controlado quanto agora, enquanto vivemos na “Sociedade do Conhecimento”. Segundo ele, muito mais que fornecer respostas prontas, “a educação tecnológica deve questionar a própria tecnologia”. Aos alunos, ele instiga: “digam aos seus professores: nos ensinem a pensar, interrogar e duvidar”.

Dimensão cultural: Arroyo faz uma crítica ao Ministério da Educação. “O MEC deixou de ser o Ministério da Educação e Cultura para se tornar o Ministério da Educação e Conteúdos”, pois teria deixado de colocar a cultura como papel central nos currículos escolares. Segundo ele, a educação se afastou da cultura, porém, acredita que a cultura e a tecnologia não devem ser analisadas separadamente. “O que é humano ou desumano é expresso pela cultura, por meio do cinema, da pintura ou da escultura”.

Ética: em meio a um bombardeio de notícias antiéticas, da política sem ética, Arroyo reafirma o papel fundamental da educação na afirmação da ética.

Formação da identidade: segundo o professor, a Base Curricular Nacional nega as diferenças regionais e inclusive proíbe se falar em gênero e raça em sala de aula. “A luta para o reconhecimento da diversidade no Brasil é muito dura. Temos uma diferença brutal entre negros e brancos em postos de trabalho mais valorizados e remuneração. Precisamos discutir como trabalhar a identidade plena na educação tecnológica”.

Formação social e política: “nossa universidade ainda é muito despolitizada”, afirma o professor Arroyo. Para ele, a formação política deve fazer parte da academia, porque “todo ser humano é político, pois tudo é transpassado pelo poder”.

Assim, o professor Arroyo deixa várias provocações aos mestrandos, e afirma que o conhecimento científico e tecnológico não deve estar separado do conhecimento humano, pois essa visão crítica cria a possibilidade de se pensar sobre a finalidade tecnológica, que pode ser humana ou desumana, desde a cura de doenças à invenção da bomba atômica. “Devemos superar a visão ingênua de que a ciência é neutra e sempre serve para o bem”, provoca.

Também questiona o ensino hierarquizado da ciência e tecnologia, onde poucos têm acesso à formação de excelência, o que implica em diferentes status profissionais e faixas salariais. “A educação profissional deveria ser também a educação para a cidadania. A escola não é um limbo onde estão anjinhos. A escola é dura, e o mundo do trabalho é muito mais”, completa.

Saiba mais

O professor Miguel Gonzalez Arroyo possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (1970), mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (1974) e doutorado (PhD em Educação) - Stanford University (1976). É professor titular emérito da Faculdade de Educação da UFMG.

Foi secretário adjunto de Educação da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, coordenando e elaborando a implantação da proposta político-pedagógica Escola Plural. Acompanha propostas educativas em várias redes estaduais e municipais do país. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Política Educacional e Administração de Sistemas Educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, cultura escolar, gestão escolar, educação básica e currículo.  

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