O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Notícia Aberta

Aplicações Aninhadas

Publicador de Conteúdos e Mídias

IFSC forma a primeira turma de Viticultura e Enologia de Santa Catarina

ENSINO Data de Publicação: 19 mar 2018 16:07 Data de Atualização: 20 mar 2018 13:55

O IFSC realizou na sexta, dia 16, a formatura da primeira turma do primeiro curso superior de Viticultura e Enologia de Santa Catarina. O evento ocorreu em Urupema, onde os estudantes do câmpus do Instituto Federal na cidade Edson Andrade Lima Júnior, Henrique Nédio Demozzi, Luiz Filipe Farias Oliveira e Maikely Paim Souza fizeram sua colação de grau. Todos já trabalham em vinícolas de São Joaquim.

A formatura ocorreu no clube 3 de Maio, em Urupema, junto com as cerimônias de certificação de cursos Proeja em Operador de Computador e em Turismo e Hotelaria, e reuniu cerca de 200 pessoas. O evento marcou o encerramento de uma trajetória que, para os quatro formandos do curso superior, começou em 2015 e foi cheia de desafios e realizações.

“Por ser a primeira turma, tivemos que ‘abrir a picada’ e limpar a área para as próximas”, brinca Henrique, 24 anos, que veio de Palmitos, no Extremo Oeste de Santa Catarina, para estudar no Câmpus Urupema. A viagem de aproximadamente 450km entre as duas cidades teve como combustível o desejo de ajudar os pais, que plantam uva em uma propriedade de cinco hectares, a melhorar sua produção.

“Era um sonho que eu tinha. Eu via que algumas coisas a gente poderia melhorar se tivesse conhecimento técnico”, conta Henrique, o primeiro da família a fazer um curso superior. Entre essas “coisas”, ele cita o controle de pragas que prejudicavam a produção. O contato com o curso superior do IFSC rendeu melhorias no plantio da propriedade familiar, um emprego como enólogo na vinícola Villaggio Conti, de São Joaquim, e mais um fruto: o irmão Cristiano também está estudando no Câmpus Urupema, no curso superior de tecnologia em Alimentos.

Se o curso superior em Viticultura e Enologia do Câmpus Urupema foi a primeira experiência de ensino formal na área para Henrique, com os colegas formandos foi diferente: os três já haviam feito um curso técnico integrado ao ensino médio em Viticultura na escola estadual Manuel Cruz, de São Joaquim. “Lá, nós vimos o básico, aprendemos a fazer coisas. Aqui a gente conseguiu entender o porquê de fazer as coisas”, resume Edson, 26 anos, que em 2014 largou o emprego de gerente de produção da vinícola joaquinense Villa Francioni para estudar no IFSC.

O objetivo de Edson, que estava na empresa desde 2009, era conseguir um cargo melhor. “Eu sabia que, sem um curso superior, não conseguiria subir”, explica. Em setembro de 2017, ele alcançou sua meta ao ser contratado como enólogo novamente pela Villa Francioni. O formando avalia que o curso forneceu uma boa base para a atuação dele, mas que somente com a experiência vai melhorar na profissão. “Tivemos uma ótima formação, mas o dia-a-dia na vinícola é diferente. Precisamos de cancha ainda, e os enólogos mais experientes nos ajudam nisso.”

Estudantes tiveram experiência de intercâmbio em Portugal

Luiz Filipe, 23 anos, e Maikely, 24, foram os primeiros estudantes do curso superior em Viticultura e Enologia do Câmpus Urupema a fazer intercâmbio no exterior. De setembro de 2017 até fevereiro deste ano, eles fizeram estágio na Universidade do Porto (UP), em Portugal. Lá tiveram 450 horas de atividades no Departamento de Geociências e Ambiente da Faculdade de Ciências da UP, onde funciona um mestrado em Viticultura e Enologia.

No estágio, eles participaram de disciplinas, de atividades práticas em vinhedo experimental, visitaram diversas regiões vitícolas no Norte e Sul de Portugal, realizaram uma pesquisa bibliográfica sobre duas importantes regiões vinícolas portuguesas (Douro e Vinhos Verdes) e elaboraram um relato da Vindima 2017 (colheita de uvas) no país europeu, apresentando os efeitos das condições climáticas do ano sobre a uva e o vinho produzidos em 2017, quando Portugal enfrentou uma das maiores secas dos últimos anos.

“Portugal é um país muito respeitado na viticultura, mas lá não é tão diferente daqui. Em algumas coisas até estamos na frente”, afirma Maikely. Para ela, o estágio foi uma oportunidade de crescimento pessoal e experiência cultural, mas não foi a primeira vez que ficou longe de casa para estudar. Depois de concluir o curso técnico integrado ao ensino médio, chegou a cursar Nutrição em uma universidade do interior de São Paulo, mas parou com o curso e decidiu estudar no IFSC porque a Serra Catarinense começou a se destacar no setor de vitivinicultura (produção de uva para fabricação de vinho).

“Eu tinha apenas 14 anos quando comecei o curso técnico, então não tinha muita certeza se queria mesmo trabalhar na área, mas hoje tenho. Fomos bolsistas, fizemos pesquisa, foi uma experiência muito boa”, diz Maikely, que hoje trabalha na vinícola Leone di Venezia.

A mesma certeza de ter escolhido a área certa para trabalhar tem Luiz Filipe, que já atuava na área comercial da Villa Francioni antes de entrar no curso superior do IFSC. O curso técnico na escola estadual deu a ele uma “experiência básica”, como define, e seu interesse era o de aprofundar os conhecimentos em vinificação, engarrafamento e comercialização do vinho. “Não tinha outra opção. Tinha que estudar.”

Na experiência em Portugal, ele notou diferença no perfil dos produtores do vinho. Enquanto no Brasil as grandes vinícolas destacam-se, no país europeu há muitos pequenos produtores. “Lá muitas famílias com menos de um hectare de terra produzem vinho”, comenta. Para Luiz Filipe, que atualmente faz estágio na vinícola Villaggio Bassetti, o incentivo ao cooperativismo seria uma iniciativa interessante para melhorar a produção vitivinícola de Santa Catarina.

Curso dá ampla formação

“Nossa grade curricular está muito adequada à realidade do mercado”, afirma Maikely. Durante o curso, ela descobriu que poderia atuar em vários segmentos da vitivinicultura, inclusive vendas, marketing e administração.

Esses temas são trabalhados ao longo do curso, junto com outros como gestão ambiental, cooperativismo e comércio internacional, além daqueles específicos das áreas de viticultura e enologia. “Não é como um curso de administração, mas o estudante acaba tendo uma visão dessa parte de gestão, pois muitos enólogos trabalham com equipes e precisam ter esse conhecimento”, explica a coordenadora do curso, Carolina Pretto Panceri. O currículo divide-se em dois eixos principais: Agronomia e Enologia.

O mercado de trabalho para os estudantes do curso superior em Viticultura e Enologia do Câmpus Urupema é formado principalmente por vinícolas da Região Sul. “Recebemos demanda por profissionais de empresas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul”, conta Carolina. Para ela, o curso pode colaborar com o desenvolvimento da atividade na região ao realizar pesquisas sobre variedades de uva que podem ser cultivadas e sobre métodos alternativos de produção.

A coordenadora é professora do IFSC desde 2016, sua primeira experiência como docente, e, assim como ela, muitos professores do Câmpus Urupema vêm do mercado - Carolina, 30 anos, trabalhou na vinícola de sua família (Panceri), em Tangará, no Oeste do estado. “A experiência com a primeira turma foi muito gratificante. Tenho certeza de que eles estão muito bem formados.”

Além da professora, os agora ex-estudantes do IFSC também estão orgulhosos com o fato de serem os formandos pioneiros em Viticultura e Enologia no estado, como deixaram claro no discurso proferido na formatura por Edson, o orador da turma: “com muito orgulho, podemos ser chamados de enólogos. E os primeiros enólogos do estado de Santa Catarina”.

ENSINO

Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência. Leia Mais.