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Parceria IFSC-UFSC registra história de comunidade indígena através de suas crianças

CÂMPUS ARARANGUÁ Data de Publicação: 05 jul 2018 08:13 Data de Atualização: 06 jul 2018 08:08
A oralidade é um traço fundamental da cultura Guarani. É através dela que as histórias, mitos e tradições da comunidade indígena vão sendo repassadas de geração em geração. Porém, este costume mantido pelos mais velhos – especialmente as lideranças religiosas – sofre uma ameaça constante: o tempo.
 
Com a morte dos anciões, muitas histórias se perdem e não ficam registradas, a não ser em trabalhos acadêmicos produzidos por pesquisadores de fora da comunidade. Foi essa a preocupação manifestada pelos membros da terra indígena Nhu Porã, localizada no município de Torres, litoral norte do Rio Grande do Sul, a servidores dos câmpus Araranguá do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
 
Foi a partir daí que nasceu o projeto “História Ilustrada: relatos da cultura e história Mbya Guarani sob a ótica indígena", resultado de uma parceria entre o Câmpus Araranguá do IFSC e o Laboratório de Experimentação Remota da UFSC (RexLab).
 
“Durante os vários encontros realizados, eles falaram do medo que se tem da história da comunidade morrer junto com os poucos anciões que ainda vivem e que conhecem a fundo a história da comunidade”, conta Jaqueline Steffens da Rocha, uma das coordenadoras do projeto, que é servidora do Câmpus Araranguá e mestranda em Tecnologias da Informação e Comunicação da UFSC Araranguá.
 
O objetivo final do projeto é a publicação de um livro de histórias em quadrinhos sobre a história e o cotidiano da comunidade indígena, escrito no idioma guarani e ilustrado pelos alunos do quarto ao sétimo ano da escola indígena existente na aldeia. O projeto vai contribuir para o resgate da história da comunidade e também para o aprendizado das crianças indígenas.
 
“Para contar a história da comunidade, serão chamadas as pessoas mais velhas, que contarão as histórias, crendices e tradições para os alunos do projeto. Eles vão resgatar essas histórias em um gibi”, explica Jaqueline. “Não há nada documentado, geralmente são pessoas de fora da aldeia que contam essas histórias, mas os indígenas não têm essa oportunidade. E o legal é que o projeto ocorrerá paralelamente às disciplinas da escola indígena, trabalhando o guarani e o português, a matemática e a história.”
 
O trabalho envolve uma equipe multidisciplinar das instituições de ensino, com profissionais das áreas Computação, Design Gráfico, Administração e Tecnologias da Informação, entre outras. Primeiramente, os alunos indígenas farão os desenhos a mão, mas também trabalharão com tablets a partir de um projeto paralelo que visa a introduzir as tecnologias na Educação Indígena.
 
O projeto pode ser acompanhado pelo site, onde também será publicada uma versão digital do gibi que será produzido pelos estudantes.
 
“Com este projeto, esperamos que a cultura indígena se torne mais valorizada, uma vez que, por conta de seu formato lúdico, o livro de histórias em quadrinhos é bem aceito pelas crianças indígenas, inclusive de outras tribos e regiões do país, e também entre crianças que não sejam de comunidades indígenas. A criação do livro será benéfica para todos: indígenas passarão a ser mais bem representados, pois terão o poder de retratar o cotidiano, cultura e história de sua tribo, e pessoas de fora da aldeia se tornarão mais informadas em relação ao cotidiano das comunidades indígenas do sul do Brasil”, conclui Jaqueline.
CÂMPUS ARARANGUÁ EXTENSÃO

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