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Abellion fornece dados meteorológicos que permitem maior rentabilidade na agricultura

ENSINO Data de Publicação: 23 jul 2018 07:56 Data de Atualização: 23 jul 2018 08:36
Carolini Pocovi e Lucas Feliciano são egressos do Câmpus Florianópolis e, juntos pela empresa Comando Soluções Mecatrônicas, foram aprovados para receber subvenção financeira pelo programa Sinapse da Inovação 2017 da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi). O programa Sinapse da Inovação acolheu nesta edição as inscrições de mais de 1,7 mil ideias, sendo contempladas apenas as 100 propostas mais inovadoras.
 
O projeto, batizado de Abellion, prevê soluções para pequenos e médios agricultores, usando dados meteorológicos para a redução de custos e aumento de produtividade no cultivo. Apesar da seleção do Sinapse ser recente – os resultados foram divulgados no começo deste ano - o Abellion nasceu de um projeto desenvolvido quando ambos ainda eram estudantes e que foi o vencedor do primeiro Desafio IFSC de Ideias Inovadoras, em 2015. “Sem dúvida, participar do Desafio IFSC foi o que nos deu a base para continuarmos com o empreendedorismo e virarmos uma startup”, relembra Carolini.
 
Carolini tem 29 anos e, antes de estudar no Câmpus, cursou Psicologia. Decidiu mudar de carreira e se formou no curso técnico em Mecânica em 2012 – e logo emendou a graduação em Engenharia Mecatrônica, sendo integrante da primeira turma a se formar, no segundo semestre de 2017. “Eu entrei na Engenharia querendo participar de uma empresa júnior. Fui uma das fundadoras. E essa vivência foi fundamental, a gente apanhou muito para saber com funciona na prática essa coisa de ser empreendedor. O curso técnico em Mecânica me ensinou toda a parte de metodologia de projetos, que é muito trabalhada durante as aulas. Aproveitamos a empresa júnior para tomar os 'tapas' que precisávamos, para encarar o mercado”, conta.
 
Para Lucas, de 27 anos, a formação no IFSC começou com o então curso superior em tecnologia em Mecatrônica e, depois, com o mestrado na mesma área, finalizado em 2015. “A empresa júnior nos ensinou a pesquisar o que era bom como empreendedor. A pensar: quem pode pagar? Como adequar os trabalhos ao mercado? E até mesmo a ver que encontrar outras empresas que fazem o mesmo trabalho que o teu, muitas vezes, é um bom sinal, não uma ameaça”.
 
Quando venceram o Desafio IFSC, o projeto, chamado Câmbio, era um sistema de rádio inteligente para transmissão de dados remotos. O objetivo era ajudar na prevenção de eventos extremos climáticos por meio da coleta de dados meteorológicos que pudessem avisar as autoridades locais da iminência de um acontecimento dessa natureza, evitando, principalmente, mortes. “Era um projeto voltado para o governo, que acabou não saindo do papel. Mas naquela época a gente fez um mapeamento de outros possíveis mercados e a agricultura aparecia como opção. Quando não saiu a verba para o projeto governamental, começamos a fazer as adaptações para vender para outros demandantes”, diz Carolini.
 
Abellion
 
Dessa adaptação veio o Abellion – o nome vem do deus romano de cuidado com a colheita. O sistema é formado por equipamentos meteorológicos instalados em pontos da plantação, que recolhem dados e transmitem para uma central. De posse dessas informações, o agricultor pode saber se já é hora de irrigar ou aplicar defensivos, entre outros. “Em alguns casos, é possível reduzir o consumo de água, por exemplo, em até 75%. Em vez de simplesmente irrigar em dias programados, o responsável analisa a informação sobre a ocorrência de chuva exatamente sobre o cultivo e vê que não precisa irrigar ainda, pois teve alguma precipitação que não havia sido percebida”, explica Lucas. Carolini dá como exemplo a cidade de Florianópolis: “Às vezes chove num bairro e não chove no outro. A gente passa a ponte e o tempo está diferente. Assim é no campo também. Algumas plantações são áreas grandes, pode chover numa parte e em outra não. Só o dado meteorológico da região não é preciso. Por isso fazemos o monitoramento bem localizado”.
 

 

A experiência em anos pode ser pouca, mas a maturidade com que a dupla encara o empreendedorismo tem levado a Comando longe. Aproveitando sempre a rede de contatos (networking) criada desde o tempo da empresa júnior, hoje a startup integra o Núcleo de Inovação Tecnológica para a Agricultura Familiar, uma parceria entre governo, órgão ligado à agricultura, centros universitários, universidades, Sebrae e o grupo Banco Mundial. Também atraíram a atenção de investidores dos Estados Unidos. E, recentemente, fizeram palestra no Instituto Federal Catarinense (IFC) para contar da trajetória de empresa júnior a startup tecnológica.
 
“O IFSC foi muito importante para a gente, especialmente o Câmpus Florianópolis. Pegamos uma época de transição no entendimento de empresas juniores, muitas foram fechadas em universidades, mas a direção manteve as já existentes. O Câmpus Florianópolis tem uma coisa diferente de outras universidades, pois ainda tem um jeito de escola, em que as pessoas se conhecem. Os professores se dedicam, preocupam-se, ajudam”, avalia Carolini.
 
Para ela, as mais importantes heranças do IFSC foram as capacitações e os contatos feitos, especialmente nas premiações que receberam como empresa júnior. “Tem muito empresário que não é empreendedor. Você tem que ter um perfil e uma habilidade comportamental , não é só querer abrir uma empresa. Muitas pessoas acham que vão abrir empresa de tecnologia e estarão milionários em um ano”. Ou ainda, segundo Lucas, há pessoas que têm uma ideia e acham que alguém tem que investir: “Não funciona assim. É o contrário. Você tem que procurar ideias que estejam de acordo com o que investidor quer/precisa, ou, melhor ainda, ter ideias que sejam autossustentáveis. Ainda tem muito a cultura de que 'alguém tem que me bancar' entre os empreendedores”.
 
E há ainda a questão da seleção da equipe. “Infelizmente, o que vejo por aí são donos de negócios que se recusam a contratar pessoas mais qualificadas do que eles próprios, por ego, por medo de perderem a empresa. E na verdade isso é uma vantagem. Numa equipe, não dá pra se ter só gênios. É preciso ter diferentes perfis e eles se complementarem”, explica a engenheira.
 

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