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Clube de Escrita festeja cinco anos e reafirma-se como espaço de desenvolvimento pessoal e estudantil

EXTENSÃO Data de Publicação: 16 abr 2019 15:20 Data de Atualização: 16 abr 2019 15:42

O Clube de Escrita do Câmpus Florianópolis comemorou seus cinco anos de existência nesta terça (14), com uma Oficina de Crônicas, com o professor e historiador Viegas Fernandes da Costa. Numa conversa informal recheada de estórias, Viegas falou sobre sua trajetória e como virou um escritor, atualmente autor de três livros. “O texto para mim é um território de liberdade.. Se não for, não se presta a nada para mim”, disse ao afirmar que a deficiência física que ele tem influenciou diretamente os seus textos.

O encontro, realizado no Labtexto, teve um gostinho especial de festa, com direito a parabéns e bolo. Atualmente sob coordenação da professora de português Rachel Leal, o projeto tomou forma em 2014, idealizado pela então aluna do curso de Química, Giovana Zanon.

A ideia surgiu quando Giovana conversou com uma amiga que estuda nos Estados Unidos, onde clubes de escrita são mais comuns. Na época, a aluna do curso técnico integrado em Química fazia algo parecido com os amigos, mas online, no Facebook. Por dois anos, os encontros foram restritos a alunos e servidores do câmpus, mas, a partir de fevereiro de 2016, as atividades foram abertas a toda comunidade.

E nem todo mundo que participa é amante inveterado da escrita. Alguns, como Érica Milanni, chegam meio “sem querer”. “Eu cheguei no clube por intermédio de uma professora, a Gizelle Corso, que me dava aula e vivia convidando pra participar. Eu nunca pensei em ir porque, apesar de sempre ter lido muito, eu não escrevia por prazer assim sabe? Era somente quando professores pediam alguma redação/conto/crônica. Na época eu não curtia muito poesia porque tive pouco contato ao longo da vida e tinha uma visão de um texto que eu não entendia nada e que rimava”, lembra a egressa do curso técnico integrado em Eletrotécnica.

“Português era a matéria que eu menos gostava no Ensino Fundamental”, conta a hoje caloura no curso de Letras na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). De disciplina rejeitada, o Português passou a ser sonho de profissão. "Estou amando o curso, mais do que imaginava", disse. Érica participou do Clube de Escrita por cerca de dois anos. Segundo ela, o projeto pesou também para a mudança de opinião sobre escrever, mas as aulas de Português no IFSC foram fundamentais para essa mudança. “As aulas de português do IFSC são mais voltadas para a literatura e leitura de textos que para gramática e aquela coisa de análise sintática e tal. Os professores do IFSC mudaram minha visão e claro que clube colaborou com isso”.

Nesses cinco anos, houve até lançamento de livro. Com apenas 16 anos, Kaori de Novaes Kawano, aluna do curso técnico integrado de Química, lançou o seu “Palavras de uma criança, de uma menina, de uma adolescente” em março de 2017. São mais de 80 textos, entre poemas, contos e crônicas. As narrativas versam sobre amores, encontros e desencontros, que serviram de inspiração para a elaboração dos textos escritos no período em que a autora tinha entre 12 e 15 anos.

Kaori começou como participante do Clube assim que entrou no IFSC e, no segundo mês de aulas, já fazia parte da equipe organizadora, tornando-se bolsista mais tarde. Apesar da grande paixão pelas letras, a profissão seguida continuou sendo a Química – atualmente, a estudante já começou a graduação na UFSC. 

Amadurecimento

Para a professora Elisa Tonon, que acompanhou o projeto desde o começo e o coordenou até o ano passado, o Clube de Escrita amadureceu bastante nesses cinco anos. “De lá até aqui, percebo que temos maior clareza sobre os objetivos do projeto e a importância dele para a instituição, para a cidade e, especialmente, para os sujeitos que dele participam. E esses objetivos basicamente são: compartilhar o prazer e a angústia da escrita literária; exercitar e desenvolver a sensibilidade, a imaginação e o senso crítico por meio da escrita; promover espaço de encontro, troca e socialização das criações entre os participantes. O vínculo afetivo que estudantes egressos ainda possuem com o projeto nos sinaliza que esses objetivos têm sido alcançados”.

De acordo com Elisa, a coordenação do projeto tem se esforçado para realizar encontros com escritoras e escritores, pois, com o tempo, ficou evidente a importância de proporcionar contato com pessoas que trabalham profissionalmente com a escrita e que já possuem uma trajetória de publicação de seus trabalhos. “Nessa aproximação com escritoras da cidade e da região, vemos que a literatura é algo vivo e presente, que escritores são pessoas como nós, não apenas a lista dos nomes consagrados de um passado distante, como às vezes se imagina. O projeto contribui para entender e vivenciar a literatura como uma expressão artística atual, viva, em diálogo com o presente e que realiza uma importante tarefa de resistência em um momento difícil como esse que estamos vivendo no nosso país”.

A professora também vê os encontros do Clube de Escrita com um ambiente de estímulo e apoio. “Creio que um dos aspectos mais relevantes é a possibilidade da escuta que se abre, pois os textos são compartilhados. Frequentemente os textos trazem questões íntimas, pessoais, de modo ficcional ou poético, falam de coisas delicadas, de violências, de desejos, de angústias, de memórias. A liberdade para expressar essas questões num espaço seguro é fundamental para o desenvolvimento dos sujeitos de modo geral, independente da área de formação”, explica. E complementa: “o projeto mostra também que a prática da escrita literária, assim como outras artes, é extremamente valiosa para desenvolver a sensibilidade, a imaginação e o senso crítico, dimensões fundamentais da vida humana”.

A ex-integrante Érica concorda. “O clube, para quem está numa instituição técnica, com um enfoque grande nas ciências exatas, acaba funcionando como um respiro. É fundamental para a permanência dos estudantes na instituição. Esses que não se encaixam tanto ao perfil de exatas encontram nas artes do IFSC um motivo pra ficar. Outras escolas não possuem essa opção”.

Indo além

Érica também afirma que o Clube vai muito além de aprender a escrever. “Eu acho que ele ajuda muito na desinibição dos estudantes. É um ambiente acolhedor, então pessoas tímidas acabam se permitindo abrir espaço para compartilhar o que escrevem. Esse exercício de leitura e escuta do outro acho bastante importante. Também o trabalho em grupo: a construção de textos em grupo desenvolve essa noção de: não tenho o controle do que eu criei e está tudo bem. Muitas vezes acaba saindo melhor do que a ideia inicial e isso é muito legal, ver que o trabalho em grupo pode ser extremamente construtivo”.

Quer participar do Clube de Escrita? Não é preciso inscrição prévia. Basta aparecer no Labtexto (sala D102) às terças, 12h. Confira o convite que o Dkg-dekillograma Mc fez para o projeto!

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