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Câncer de mama e outras doenças: como manter a prevenção e tratamento durante a pandemia?

IFSC VERIFICA Data de Publicação: 20 out 2020 13:42 Data de Atualização: 17 fev 2021 15:38

A pandemia de Covid-19  mobiliza o mundo inteiro para o combate a esta doença. Porém, profissionais da saúde alertam para a necessidade de se manter os cuidados com outros problemas de saúde que podem se agravar caso não recebam a atenção adequada. Como exemplo, vamos falar no post da semana sobre o câncer de mama, em destaque devido à campanha Outubro Rosa, de prevenção e detecção precoce desse tipo de neoplasia. 

A preocupação com a baixa procura por diagnóstico e tratamento já se reflete nas estatísticas: uma pesquisa do Ibope Inteligência, a pedido da farmacêutica Pfizer, entrevistou 1,4 mil mulheres com 20 anos ou mais, de 11 a 20 de setembro, e concluiu que 62% deixou de ir ao ginecologista ou mastologista durante a pandemia (desde março de 2020). Entre as mulheres com mais de 60 anos, 73% deixaram de fazer exames de rotina. Já nos primeiros sete meses de 2020, houve uma redução de 45% no número de mamografias pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na divulgação da Sociedade Brasileira de Mastologia.

A diminuição de consultas é preocupação do médico oncologista Leopoldo Back, que atua no Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), em Florianópolis. “O fato de existir uma pandemia de Covid-19 não abole, não faz desaparecer as outras doenças. A percepção que a gente tem é que essas outras doenças podem ficar piores por falta de acompanhamento e tratamento”, alerta o médico.

O câncer de mama, especificamente, é o câncer mais prevalente em todas as regiões do Brasil, sem considerar o câncer de pele não melanoma. O Ministério da Saúde estima que 66.280 casos novos de câncer de mama para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. Em Santa Catarina, a estimativa é maior que a média nacional, 75,24 casos para cada 100 mil habitantes por ano.

Para falar sobre prevenção e tratamento durante a pandemia, vamos abordar neste post:

- Por que é importante manter os exames de rotina
- Mamografia ou autoexame, qual a melhor opção?
- Exames de rastreamento para outros tipos mais comuns de câncer
- Estou com Covid-19. Devo interromper o tratamento contra o câncer?

Por que é importante manter os exames de rotina

O médico oncologista Leopoldo Back observa que o número de pessoas que comparecem a consultas médicas de oncologia tem caído sensivelmente durante a pandemia, por diversos motivos: um deles é o medo de comparecer a clínicas ou no ambiente hospitalar e contrair a Covid-19. 

Também observa que, no serviço público, onde atua, houve uma restrição ao número de consultas, para evitar a contaminação, o que fez alguns pacientes perderem consultas e precisarem remarcar. Além disso, o encaminhamento de pacientes oncológicos é feito pelo Sistema de Regulação da Secretaria de Estado da Saúde, que tem reduzido consideravelmente o encaminhamento de pacientes novos. 

Segundo o médico, deixar de ir às consultas e exames por medo de contrair o vírus Sars-Cov-2 não é a melhor conduta, tanto para quem já está em tratamento quanto por quem precisa fazer o rastreamento. “Isso é muito preocupante. O paciente está sem atendimento e o câncer não para, ele vai continuar crescendo. Com certeza esses pacientes vão chegar em um estado pior para a gente”, afirma. 

"O fato de existir uma pandemia de Covid-19 não abole, não faz desaparecer as outras doenças. A percepção que a gente tem é que essas outras doenças podem ficar piores por falta de acompanhamento e tratamento". Leopoldo Back, médico oncologista

Mamografia é mais eficaz que o autoexame

Sobre o câncer de mama, especificamente, Back lembra que, quando descoberto no início, a chance de cura é bastante alta (95%, segundo a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama – Femama), assim como evita a necessidade de realizar tratamentos mais agressivos. Sobre o autoexame das mamas, que pode ser realizado em casa, o médico faz um alerta: “o autoexame ajuda, mas o nódulo só é apalpado quando ele tem mais de um centímetro. Essa detecção é ainda mais prejudicada em mulheres com mama muito volumosa ou mulheres jovens, com a mama mais densa”. 

Por isso, é importante que as mulheres mantenham seus exames em dia, realizando mamografias anuais a partir dos 40 anos ou conforme indicação do seu médico, se houver histórico da doença na família ou outros fatores de risco.

Veja na campanha da Femama para o Outubro Rosa mais detalhes sobre como realizar os exames, direitos dos pacientes, fatores de risco, prevenção e tratamento.

Outros exames importantes

Alguns dos exames de detecção precoce de câncer mais indicados são: mama (mamografia), colo de útero (papanicolau), colorretal (colonoscopia) e pulmão (raio X do tórax para pacientes fumantes), que detectam alguns dos tipos de câncer mais prevalentes na população brasileira (veja quadro abaixo):

Tabela com estimativa de casos de câncer para o Brasil em 2020
Distribuição proporcional dos 10 tipos de câncer mais incidentes estimados para 2020 por sexo, exceto pele não melanoma. Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca)

O médico oncologista Leopoldo Back lembra também que em Florianópolis é alta a incidência de mulheres com câncer de tireoide, por isso é recomendado o exame de ultrassom para quem tem histórico familiar da doença ou alteração prévia na tireoide. 

Sobre a alta incidência de câncer de pulmão na população catarinense, alerta que “essa é uma doença que é prevenível, basta não fumar. Quem é fumante deve se cuidar, realizar periodicamente uma radiografia de tórax e procurar o médico em caso de sintomas. O ideal mesmo é parar de fumar”.

Tabela com estimativa de casos de câncer para Santa Catarina em Florianópolis em 2020
Distribuição proporcional dos 10 tipos de câncer mais incidentes estimados para 2020 por sexo, exceto pele não melanoma. Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca)

Back lembra que realizar esses exames não representa riscos de contrair o coronavírus, pois as clínicas e hospitais estão seguindo protocolos de segurança para realização de consultas e demais procedimentos. “O câncer tem que ser encarado com muita seriedade pelas pessoas, pois é a segunda doença com mais mortalidade no país, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares”, alerta.

Além dos exames de detecção de câncer, é importante manter uma rotina de cuidados com a saúde, principalmente para quem tem fatores de risco para adquirir a forma grave da Covid-19 (idade acima de 65 anos, problemas cardiovasculares, diabetes, entre outros). Para saber se você tem um ou mais fatores de risco e quais cuidados tomar, acesse o post do IFSC Verifica sobre o assunto.

"O câncer tem que ser encarado com muita seriedade pelas pessoas, pois é a segunda doença com mais mortalidade no país, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares". Leopoldo Back, médico oncologista

O que pacientes com câncer devem fazer se contraírem a Covid-19

Segundo o médico oncologista Leopoldo Back, uma pessoa que esteja enfrentando um tratamento de câncer, se for contaminada pelo Sars-Cov-2, precisa interromper o tratamento do câncer e curar a Covid-19 primeiro. Ele explica que a Covid-19 é uma doença aguda, de alto risco, por isso deve ser tratada como prioridade.

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