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Simpósio de Humanidades debate desafios da educação na formação de sujeitos críticos

CÂMPUS CANOINHAS Data de Publicação: 31 ago 2017 21:00 Data de Atualização: 07 fev 2018 08:56


A semana foi de intensas discussões, conversas prolongadas e muita construção coletiva no Câmpus Canoinhas do IFSC. De 28 a 30, o II Simpósio de Humanidades reuniu estudantes, profissionais da educação, pesquisadores, integrantes de movimentos sociais e lideranças comunitárias para debater a educação no Brasil e os desafios para a formação de sujeitos críticos. O tema geral e suas diversas ramificações foram tratados em três mesas-redondas e em vinte palestras, oficinas e minicursos.

Segundo a comissão organizadora, além de abordar as mediações entre o mundo do trabalho, a sociedade civil organizada e as políticas públicas para a educação, o evento se propôs a discutir o desenvolvimento regional socialmente referenciado, inclusivo e de respeito à diversidade cultural, geracional, étnica, de gênero e orientação e de relações sustentáveis com o meio ambiente.

Para o coordenador do Simpósio, Joel José de Souza, a comissão organizadora foi muito feliz na escolha dos temas, que foram definidos de forma coletiva e tiveram boa aceitação por parte dos participantes. “A serem questionados sobre que temas gostariam de tratar numa próxima edição, os alunos relataram que é difícil pensar temas melhores dos que os deste ano, o que prova que a comissão teve sensibilidade ao escolher os temas, analisando, no dia a dia da escola, a importância de proporcionar um espaço para debater tais temáticas”, destaca.

Pensar na educação

O tema central do simpósio, “Educação no Brasil: desafios para a formação de sujeitos críticos”, foi discutido já na abertura, na segunda-feira, pelas professoras Olinda Evangelista, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Mônica Ribeiro da Silva, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

“Para qualquer cidadão, interessa saber os rumos que o Brasil vai trilhar”, citou professora Mônica. Ela comentou sobre a Reforma do Ensino Médio, explicando o significado desta lei e seus prejuízos para o Brasil e para os jovens que estão nas escolas, especialmente para os institutos federais.

A professora Olinda discutiu o tema geral da política educacional, como ela vem sendo conduzida pelo atual governo e os efeitos dessa política sobre a formação da juventude e dos professores. “Os jovens são os nossos filhos sociais e, por eles, nós precisamos lutar sempre”, enfatizou.

Para os professores Davis Moreira Alvim, do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), e Ana Maria Said, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ler o mundo e suas relações é ponto de partida para entender o quadro político, econômico e social do Brasil e conhecer a realidade em que a Educação está inserida. Os dois abordaram o tema “Escola para quê(m)” na mesa-redonda de terça-feira.

“A escola é uma das questões mais importantes a serem pensadas”, ressaltou Ana Maria, lembrando que a discussão tem que partir da sociedade civil organizada e de suas várias perspectivas de mundo. “Temos que entender a realidade que é posta para nós para saber para aonde estamos indo”, enfatizou.

Foi neste sentido que a professora de Filosofia debateu conceitos de educação, cultura, capitalismo, socialismo, ditadura e democracia. “A escola tem que instrumentalizar os alunos para que tenham capacidade de escolher um lado.”

Um exemplo de construção coletiva foi abordado pelo professor Davis ao falar sobre a experiência de ocupações das escolas do Espírito Santo, no ano passado. “Foi um modelo participativo, em que os estudantes construíram suas regras, com atividades auto-organizadas e redes de informação”, explicou.

Para Davis, o movimento mostrou que é possível pensar a escola não só em para quem, mas com quem, em que a participação dos alunos seja valorizada em todo processo de construção educacional. “A forma de lutar para, com e na escola cria sentimento de pertencimento”, reforçou.

Diversidade

Compreendendo que, mais do que respeitar as diferenças, a escola deve articular ações de combate à discriminação por etnia, cor, gênero, idioma, nacionalidade, religião, opinião ou outros motivos, a organização do Simpósio de Humanidades programou o tema “Educação e diversidade” para a mesa de encerramento, na quarta-feira, com os professores Emerson Martins, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), e Izabel Rizzi Mação, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e com o militante dos Direitos Humanos, Jorge (Azul) Senna, que, entre outros movimentos, atua na Rede de Promotores Populares em Saúde, em Porto Alegre (RS).

“A diversidade é uma construção histórica, social, cultural e política”, explicou Azul, ressaltando que a educação é um direito e deve ser garantida de forma igualitária, equânime e justa para todos, mas considerando a identidade e multiplicidade cultural. “A diversidade nos provoca a educar para os direitos humanos”, completou.

Para professora Izabel, falar de gênero na escola é revolucionário. “O que a gente decide aprender e conhecer é o que faz com que a gente se modifique o tempo todo”, ressaltou. “Se fisicamente somos diferentes, por que não quanto à sexualidade e desejos?”, questionou.

Neste sentido, professor Martins destacou a necessidade de se compreender as questões de corpo, gênero, sexualidade e diversidade sexual no contexto da educação, em uma “trama” que envolva mais que as relações de ensino e aprendizagem. “A gente pensa a escola como espaço de relações de afeto”, defendeu.

Por Liane Dani | Jornalista IFSC

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