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Zênite Solar é atingida em colisão, mas faz participação histórica no Desafio Solar Brasil

CÂMPUS FLORIANÓPOLIS Data de Publicação: 27 mar 2022 20:53 Data de Atualização: 28 mar 2022 09:03

Não há como ser imparcial após os acontecimentos com a equipe Zênite Solar, do Câmpus Florianópolis: embora não haja uma categoria especial de superação, quem acompanhou as provas sabe que o time, formado por estudantes sob a orientação do professor Flábio Batista, foi o campeão moral da edição 2022 do Desafio Solar Brasil (DSB), a maior competição de barcos solares do país, realizada este ano em Niterói, no Rio de Janeiro.

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No terceiro dia, o Guarapuvu 2 (barco da Zênite) foi atingido no revezamento e virou, molhando todos os equipamentos eletrônicos da embarcação.

Ao começar o desafio, a confiança da equipe, bicampeã na categoria livre e pentacampeã no Prêmio de Inovação do DSB, era grande, mas havia alguma preocupação pois a Zênite não havia conseguido manter o ritmo durante a pandemia, e o primeiro encontro presencial aconteceu só em dezembro de 2021, pouco mais de três meses antes da competição. “Neste curto prazo, tínhamos que projetar e confeccionar uma nova placa, que ficou pronta apenas duas semanas antes das provas”, conta Alejo Perdomo, aluno de Engenharia Eletrônica e um dos responsáveis pela Eletrônica do time.

“Quando chegamos, o barco tinha apenas alguns maus contatos e a equipe até brincou que havia algo de estranho, pois era a primeira vez em que não virávamos as primeiras noites nos ajustes iniciais. Não sabíamos o que estava por vir”, conta Alejo. As provas do primeiro e do segundo dia vieram com vitórias e ótimos tempos e tudo parecia apontar para, no mínimo, o pódio. O acidente ocorreu justamente no auge da empolgação. “Foi um choque para mim, eu não sabia o que fazer naquele momento, porque a informação que veio foi de que teríamos que fazer as malas e deixar o DSB. Por outro lado, tinha uma equipe que tinha muita vontade de fazer acontecer, de dar a volta por cima”, conta Patrícia Mayer, egressa da Engenharia Mecatrônica do IFSC (atualmente doutoranda em Engenharia e Automação e Sistemas na UFSC) e atual capitã da Zênite.

“Eu sou uma pessoa muito sensível e fiquei abalada, mas guiada pelo sentimento de garra, de determinação das pessoas que estavam lá, que não queriam desistir e queriam colocar esse barco na água – apesar dos danos materiais, do desgaste físico, do desgaste mental, tinha uma equipe com muita esperança de que aquele barco voltasse para a água. E foi nessa esperança que eu tentei ficar em pé e ajudar na equipe com o que eu podia”, lembra a capitã.

A recuperação do barco levou dois dias (e noites). Pode parecer algo simples, mas o sistema eletrônico da embarcação é composto por 16 placas, que são 16 projetos separados e que precisam estar em sincronia para interagir entre si. “São 16 projetos diferentes, com vários desenvolvimentos. Não é um barco que a gente comprou as coisas e colocou um produto comercial. É um barco onde tem muito trabalho, tem muito desenvolvimento e muito conhecimento adquirido pela equipe ao longo de todos esses anos” explica Patrícia.

Foram noites sem dormir, com a dedicação total da equipe – além da solidariedade de outros participantes, em especial da equipe Arariboia, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que cedeu seu laboratório na UFF para que a Zênite pudesse fazer seus testes. “A Arariboia foi incrível. Só com o espaço disponibilizado na competição seria muito difícil fazer o que fizemos. É importante frisar o quanto essa parceria representa o espírito do Desafio Solar Brasil”, ressalta a capitã.

O resultado é que após esse tempo, a Zênite tinha um barco que passou novamente pela inspeção elétrica, voltou ao mar e mostrou todo o seu potencial. Patrícia lembra com orgulho da última prova. “Mostramos não só o potencial da embarcação, mas como espírito de equipe porque o barco foi o mais rápido de todos, andando em uma velocidade que ninguém acreditava”.

No final, por ter perdido três provas (a do dia do acidente e as dos dois seguintes), a Zênite ficou com o sétimo lugar geral. Mas, para o grupo, a vitória na última etapa era motivo de celebração e exaltação do espírito de equipe. “Fizemos uma confraternização com outras equipes, com troca de pilotos e passeios com pessoas que não tinham habilitação”, conta o professor Flábio Batista. “Pilotaram o nosso barco, entre outros, o piloto da Arariboia (como não podia deixar de ser, já que foram os grandes parceiros), da Vento Sul (UFSC), da  campeã Solaris (IFF) e o piloto principal da Sete Capitães, a equipe que colidiu contra o Zênite”.

“A classificação não reflete o nosso potencial. Fomos os mais rápidos, ganhamos a prova de sprint, fizemos os melhores tempos no match race e ganhamos a prova mais longa, demostrando autonomia e capacidade de gerenciamento de energia”, reforça Batista.

“Encerrar o DSB desse jeito foi uma forma de mostrar que o verdadeiro sentido da competição é esse: onde a gente consegue aprender, diversificar conhecimentos, consegue ter esperança e superação, muito mais do que o resultado em números. O que eu levo é o sentimento de amizade e de cooperação que a gente teve com as outras equipes e até o quanto as influenciamos. São questões humanas e de potencial, de embarcação, de conhecimento adquirido no IFSC, da qualidade de ensino que nos foi dado para que a gente pudesse produzir a parte técnica e também da responsabilidade das pessoas que assumiram esse compromisso de não desistir”, finaliza a capitã.

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