INOVAÇÃO Data de Publicação: 28 abr 2022 11:34 Data de Atualização: 29 abr 2022 16:54
Os desafios e as oportunidades da mobilidade sustentável é o tema de discussão que ocorre até sexta-feira (29), no Congresso Internacional de Mobilidade (4º Mobisul). E nessa discussão, a presença de grupos de pesquisa e trabalho do Câmpus Florianópolis não poderiam faltar. Então, na tarde desta quarta-feira (27), o workshop VE (Veículos Elétricos) reuniu o Projeto ConVerTE e a Embrapii, além da Celesc (parceira em projetos), da Associação Brasileira de Veículos Elétricos, da Fat Bike Floripa, da Mobway e da FuelTech.
O professor e coordenador do projeto IFSC ConVerTE, Adriano Bresolin, relatou os trabalhos desenvolvidos nos primeiros 18 meses do ConverTE. Os pesquisadores trabalharam em uma Fiat Fiorino e em um Fiat Strada, doados pela Receita Federal, adaptando-a para um motor com bateria NMC (níquel, manganês, cobalto) de 3,7 volts e 113 amperes, considerada grande, com uma autonomia entre 280 e 300 km por carga.
O projeto já está em sua segunda etapa com o recebimento de um veículo Kwid, cedido em regime de comodato pela montadora Renault, em março passado. Bresolin conta que a ideia é “transformá-lo” em um carro elétrico utilizando uma bateria menor do que a usada na primeira fase. Segundo ele, o objetivo final é chegar a um produto que consiga se adequar ao uso brasileiro, tanto em relação à autonomia quanto ao custo. “As pesquisas indicam que, no Brasil, a média diária de rodagem em centros urbanos é de 60 quilômetros. Queremos usar uma bateria menor, com autonomia de 120 km/carga e assim tornar a conversão mais acessível para a população”, destaca.
Adriano citou a cessão de um Renault Zoe para a Assembleia Legislativa, parceira do projeto; e o programa chamado de ‘Inserção de Veículos Elétricos em Frotas Públicas, através da Conversão de Veículos a Combustão Para Tração Elétrica’, em parceria com a Celesc https://celesc.com.br/, distribuidora de energia elétrica em Santa Catarina. Conforme Bresolin, essa parceria com órgãos públicos é forma de conscientização, ao possibilitar a migração da frota do Poder público para o uso de carros elétricos. A parceria prevê ainda obter um levantamento do perfil do usuário da frota pública. “O carro elétrico tem 90% de eficiência, enquanto o carro convencional tem 20%”, revelou. Segundo ele, a expectativa é que o apoio da Alesc oportunize investimentos dos governos estadual e federal para que empresas, startups e instituições públicas como IFSC, possam alavancar o uso da energia e trazer a tecnologia para o cidadão catarinense”, enfatizou.
O coordenador ressaltou aos participantes do evento que, de acordo com o planejamento do ConVerTE, será possível oferecer uma conversão com um valor entre cinco e 10 vezes mais barato que a compra de um carro elétrico original de fábrica, com o mesmo dimensionamento e rendimento. Ele menciona o fato de não termos os subsídios oferecidos na Europa e nos Estados Unidos, onde a cultura dos veículos movidos à energia elétrica já está mais estabelecida. “Precisamos achar uma forma de tornar isso viável para os brasileiros”, defende o professor, explicando que o ConverTE pretende nacionalizar toda a tecnologia pesquisada. Atualmente, os carros elétricos novos no Brasil custam a partir de R$ 250 mil.
A segunda fase deve durar um ano e meio, ao passo que o projeto como um todo tem execução prevista de 36 meses. Depois disso, os veículos convertidos pela equipe passarão por diversos testes de rodagem, tanto em laboratório quanto em pista.
E como a palavra-chave é inovação, os 10 alunos de graduação e os dois de Mestrado atuantes no projeto, além dos docentes, também estão envolvidos com a metodologia CTT (Continuous Transition Transmission) , que permitirá um rendimento de mais de 90% nos motores elétricos.
O projeto é financiado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Celesc e Polo Embrapii do IFSC.
Financiamento
A Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa Industrial (Embrapii) tem um dos seus polos sediados no Câmpus Florianópolis. Desenvolvimento de sistemas informatizados para gerenciamento de mercados de energia, Eficiência energética e redes elétricas inteligentes, Fontes renováveis de energia e Mobilidade urbana são as quatro linhas de pesquisa subsidiadas pela Embrapii. Segundo o diretor geral, Rubipiara Fernandes, dentre as vantagens de cooperação com a Empresa estão o custeio e riscos do projeto partilhado com o polo, contrapartida econômica do polo, experiência em projetos similares, e desenvolvimento de produtos e processos inovadores. “A Embrapii oferece 30% de recursos financeiros não reembolsáveis para financiamentos de projetos”, ressaltou Rubipiara.
Infraestrutura
Por sua vez, o engenheiro da Celesc, Thiago Jeremias, apresentou na tarde desta quarta-feira a atuação da Companhia, parceira do ConVerTE. “Temos que desenvolver infraestrutura para o carregamento dos veículos”, disse ele, que citou o corredor elétrico sul para recarga de Curitiba a Florianópolis.
Thiago afirmou que já está em desenvolvimento o Eletroposto 2, que será da BR 101 até o município de Lages. “Também estamos fazendo testes de cobrança, ou seja, rentabilizando o sistema”, finaliza Jeremias.
Realização do Mobisul
O 4º Mobisul é uma realização do Sindepark, Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de SC (Fecomércio), com apoio da Celesc Distribuição S/A, da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, WEG, Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Eletric Mobility Laboratory (Emol), Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Inova Aluguel de Carros, Mundo Car VEX São José 2022, hotéis Majestic e Slaviero. O evento conta ainda com os patrocinios das empresas Zletric, Volvo e Wecharge.