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Cursos superiores de tecnologia completam 20 anos de existência no IFSC

INSTITUCIONAL Data de Publicação: 07 out 2022 11:25 Data de Atualização: 07 out 2022 17:20

Em 2002, Adriano Santos ficou sabendo, por meio de amigos, que o então Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (Cefet-SC) iria oferecer um curso superior de tecnologia (CST) em Design de Produto. Depois de já ter feito dois cursos técnicos na instituição, decidiu dar continuidade aos estudos e prestou o vestibular. Foi assim que ele integrou a turma 001 do curso que, junto com os CST em Automação Industrial e Sistemas Digitais do Câmpus Florianópolis, foram as primeiras graduações ofertadas pelo agora IFSC. 

A oferta dos primeiros cursos de graduação se deu a partir da transformação da instituição de Escola Técnica Federal de Santa Catarina (ETF-SC) para Cefet-SC. No entanto, antes disso já seria possível oferecer cursos superiores de tecnologia, mas não havia estrutura e nem recursos. “A questão não era falta de vontade para implantar esses tipos de cursos, mas sim como financiar esses esforços”, explica o professor Juarez Pontes, que era diretor-geral do Cefet-SC em 2002, quando os CST começaram a ser oferecidos. A vontade de iniciar a oferta desse tipo de curso era para dar mais uma alternativa de estudo para a população. “Nós sabemos que, no Brasil, a expectativa de chegar ao ensino superior é bastante grande e o Cefet seria uma nova possibilidade para que essas pessoas pudessem chegar, inclusive ao mercado de trabalho”, conta Juarez.

O decreto nº 2.208, de 1997, em seu artigo 3º, já indicava que o nível tecnológico - correspondente a cursos de nível superior na área tecnológica, destinados a egressos do ensino médio e técnico - fazia parte da educação profissional. Em 1998,foi publicado o decreto  nº 2.855, que aprovou o estatuto e o quadro demonstrativo dos cargos de direção e funções gratificadas das Escolas Técnicas Federais.

A lei 8.948, que transformava automaticamente todas as Escolas Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica, foi sancionada em 1994, mas só em março de 2002 é que a ETF-SC foi transformada oficialmente em Cefet-SC.“Com a transformação em Cefet, os custos de servidores e os investimentos necessários em laboratórios, seriam mais facilmente obtidos, porque a própria lei ela já dizia isso ao colocar, em seu artigo 10, que as despesas com a execução desta lei correriam à conta de dotações orçamentárias do Ministério da Educação e do Desporto”, informa Juarez. 

O professor ressalta que a demora em iniciar a oferta dos cursos superiores foi porque a instituição esperou ter respaldo financeiro para poder montar o quadro de pessoal e os laboratórios que permitissem iniciar as aulas com qualidade. “Não queríamos oferecer um curso que não tivesse a qualidade que os demais cursos do Cefet-SC vinham mantendo”, explica. 

Veja aqui o histórico do IFSC e as transformações pelas quais a instituição passou

Os primeiros cursos superiores de tecnologia do IFSC

Os três primeiros cursos superiores de tecnologia a serem oferecidos pelo então Cefet-SC foram o de Design de Produto, Automação Industrial e Sistemas Digitais - todos no Câmpus Florianópolis. “Eles foram os primeiros porque essas áreas já vinham se preparando há mais tempo”, aponta Juarez. 

A portaria que autorizou o funcionamento desses três cursos foi publicada em 29 de maio de 2002, mas muito antes disso a movimentação na instituição para iniciar a oferta de cursos de graduação já havia começado. A professora Conceição Martins, que participou da implantação do curso de Design de Produto, conta que, nos anos 90, diante da expectativa de poder ofertar cursos de graduação com a transformação da Escola Técnica em Cefet-SC, já se falava sobre a possibilidade da criação do curso de Desenho Industrial no câmpus, que era o nome dos cursos de design nessa época por ser a denominação aceita pelo Ministério da Educação. “Nosso interesse nesta área estava baseado na inexistência de cursos de Design em Santa Catarina até então, na disponibilidade dos laboratórios para a infraestrutura do curso e, especialmente, porque entendíamos que os cursos que fossem oferecidos pela instituição deveriam se diferenciar da UFSC para não serem considerados cursos de ‘segunda linha’”, revela.

Em 1997, foi formada uma comissão para estruturar o projeto do curso. “Foram vários meses de estudo sobre os currículos das escolas do Brasil e do mundo e sobre as demandas do estado de Santa Catarina, tanto de formação quanto de profissionais para atuarem no mundo do trabalho”, destaca a professora Conceição, que coordenou essa comissão. A proposta inicial era ofertar um curso de bacharelado em Desenho Industrial. “Posteriormente, fomos solicitados a transformar o bacharelado em curso de tecnologia, pois a direção do então Cefet-SC entendia como mais fácil de aprovar o curso no MEC com essa concepção”, informa a professora. 

Apesar de a proposta do curso ter sido feita em 1997, só em 2002, quando a instituição se transformou em Cefet-SC é que a equipe voltou a ser chamada para implantar o projeto, que passou por modificações para atender ao modelo do currículo por competências e às novas diretrizes curriculares. Em 7 de outubro de 2002, o curso de Design de Produto teve a sua aula inaugural no Câmpus Florianópolis. 

Um novo olhar para a instituição

Abrir as primeiras turmas em cursos de graduação representou muito mais do que uma ampliação no número de vagas para a instituição. “Foi importante porque abriu portas para mais recursos, principalmente de fomento, começamos a trabalhar mais com a pesquisa e intensificar a extensão”, destaca o atual reitor do IFSC, Mauricio Gariba Júnior. O dirigente máximo da instituição ressalta ainda que foi a partir da oferta de CST que a instituição pode participar da Universidade Aberta do Brasil (UAB), ofertando cursos também a distância.

Com o início da oferta de cursos superiores, a instituição, que até então era reconhecida por oferecer cursos técnicos, passa a ser uma opção também para quem desejava fazer um curso de graduação. Se externamente isso era um ganho e tanto para a população, internamente tiveram alguns desafios para uma instituição que até então atuava no ensino de nível médio. “As dificuldades vinham de várias direções: professores que não queriam atuar em cursos superiores, pois tinham a preocupação de que houvesse mudança no tempo de aposentadoria; outros que achavam que tinham direito de dar aulas só pelo título que possuíam, independentemente de estarem afinados com os propósitos do curso; dificuldades de recursos para a implantação; dificuldade de contratar profissionais de áreas que a instituição não dispunha’, lembra a professora Conceição Martins, que coordenou a comissão responsável por implantar o curso superior de tecnologia em Design de Produto.

As dificuldades não impediram a ousadia dos professores na época. “Queríamos sala de aula com configuração diferente, com cores diferentes, e nós, professores responsáveis pela implantação do curso, limpamos, carregamos móveis, pintamos e não medimos esforços para que chegássemos, o mais próximo possível, daquilo que idealizamos”, orgulha-se Conceição.

A transformação em instituto federal em 2008, pela lei nº11.892, contribuiu ainda mais para que a comunidade passasse a enxergar a instituição como ofertante de ensino superior. Atualmente, além dos cursos superiores de tecnologia, o IFSC também oferece cursos de licenciatura e bacharelado. Conforme a lei nº11.892, no mínimo 50% das vagas dos institutos federais precisam ser destinadas à educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos. Além disso, a legislação coloca que, no mínimo 20% das vagas, devem ser ofertadas em cursos de licenciatura.

Importância dos CST

Os cursos superiores de tecnologia foram concebidos nos anos 60 diante da necessidade de qualificação de trabalhadores para atender as necessidades do mercado. Atualmente, os cursos superiores de tecnologia compõem, junto com o bacharelado e a licenciatura, umas das três modalidades de formação em nível superior no Brasil. 

Infográfico mostrando a diferença dos cursos de graduação do IFSC

Entenda a diferença entre bacharelado, licenciatura e curso superior de tecnologia neste post do Blog do IFSC

A coordenadora dos cursos de graduação do IFSC, Juliana Almeida Coelho de Melo, destaca que o diferencial dos cursos superiores de tecnologia, se comparados aos bacharelados e licenciaturas, é que estão relacionados à aplicação e ao desenvolvimento e pesquisa relacionados à inovação tecnológica. “Os CST possuem uma formação mais específica, ao invés de uma formação mais generalista, tudo isso com forte aderência às necessidades do mundo do trabalho”, ressalta.

“A proposta desses cursos foi no sentido de contribuir de modo significativo para que os indivíduos tenham uma formação em nível superior numa área específica e profissional, voltado a uma profissionalização”, complementa o reitor do IFSC. “Havia uma importância nessa formação e tentamos sempre superar o dilema entre servir o mercado e atender o desenvolvimento profissional desse estudante, tendo como um pano de fundo a busca da compreensão e da crítica sobre a formação integral desse indivíduo”, afirma Gariba.

Os cursos superiores de tecnologia chegaram trazendo inovação e preconceito. “A principal causa do preconceito vinha do menor tempo de duração desses cursos, um característica que as universidades/faculdades particulares usavam na divulgação dos seus CSTs e isso tornava difícil que a sociedade entendesse que os cursos do Cefet-SC eram diferentes, pois não foram pensados como cursos de curta duração”, aponta a professora Conceição. 

Para o reitor do IFSC, até hoje esses cursos não são valorizados muitas vezes como cursos de graduação. “Esses cursos têm o seu valor porque são cursos focados e que atendem a uma necessidade de conhecimento específico para o indivíduo que busca uma formação acadêmica em nível superior”, ressalta Gariba. 

Para a coordenadora dos cursos de graduação do IFSC, hoje o preconceito em relação aos cursos superiores de tecnologia já diminuiu bastante em algumas áreas, como a Radiologia, por exemplo, que possui uma formação bem estabelecida. “No entanto, ainda recebemos algumas dúvidas relacionadas ao período de duração e a confusão de diploma com o curso técnico”, pondera Juliana.

Os egressos dos cursos superiores de tecnologia são denominados de tecnólogos. A professora Conceição destaca que egressos do curso nunca tiveram problemas para ingressar em programas de mestrado e doutorado no Brasil e no exterior e que os ex-alunos do curso estão espalhados em todo o mundo. 

No caso dos egressos do CST em Design de Produto, tem desde quem trabalha na famosa marca Lego, na Dinamarca, até muitos que abriram suas próprias empresas. É o caso do Adriano Santos, formado na primeira turma do curso, e atualmente sócio da empresa Nuovo Design. Sobre a sua experiência em cursar um dos primeiros CST do IFSC, ele resume: “Gostei muito”. 

Conheça os cursos superiores de tecnologia do IFSC

Atualmente, o IFSC conta com 31 cursos superiores de tecnologia, sendo que 26 estão ativos e cinco em processo de extinção. Juliana explica que as transformações nos cursos superiores de tecnologia são, de certa forma, esperadas, uma vez que não se trata da formação de profissões tradicionais - como o caso de Medicina, Engenharia e Direito. “Estamos falando, muitas vezes, de profissões que estão se estabelecendo, que antes ocupavam status de ocupação. Além disso, considerando a característica dos CSTs estarem relacionados à inovação tecnológica, é esperado que mudanças possam acontecer”, destaca a coordenadora. Outro motivo que leva os cursos a trocarem de nomes é a adequação ao catálogo nacional de cursos de tecnologia, que não existia em 2002 e é atualizado de tempos em tempos pelo MEC.

O CST em Design de Produto, por exemplo, foi transformado em bacharelado em Design. O CST em Sistemas Digitais passou a se chamar CST em Eletrônica Industrial.

Acesse aqui o Guia de Cursos e veja os cursos superiores de tecnologia oferecidos atualmente pelo IFSC

Estude no IFSC

O ingresso em cursos de graduação do IFSC - seja CST, licenciatura ou bacharelado - pode ser feito de duas formas: por meio do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), que considera a nota do Enem, e/ou pelo vestibular. Para 2023, o vestibular do IFSC será integrado com a UFSC e as inscrições estão abertas até 13 de outubro.

Veja aqui os cursos de graduação do IFSC com vagas abertas para 2023 por meio do vestibular e inscreva-se

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