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Causas da evasão e bons exemplos marcam encerramento de eventos sobre evasão escolar

EVENTOS Data de Publicação: 11 nov 2022 16:01 Data de Atualização: 20 dez 2022 18:14

As causas que levam um estudante a abandonar a escola ou universidade, educação para grupos mais vulneráveis e bons exemplos de como mitigar a evasão escolar foram os tópicos das conferências de encerramento do VII Colóquio Internacional sobre Educação Profissional e Evasão Escolar e do V Workshop de Educação Profissional e Evasão Escolar, na tarde desta quinta-feira (10), eventos realizados pelo IFSC em parceria com a Associação Brasileira de Prevenção da Evasão na Educação Básica, Profissional e Superior (Abapeve) no Centro Multiuso, em São José.

Questões econômicas, raciais e culturais e seus impactos na evasão escolar foram apresentadas pelo professor Marcelo Henrique Romano Tragtenberg, da UFSC. Ele apresentou estudos e estatísticas que mostram como recortes de raça e classe econômica influenciam na continuidade dos estudos. “Entre os mais pobres, os negros são os mais pobres, e entre os mais ricos, os negros também são os mais pobres. Mesmo os negros com mais escolaridade ganham menos que os brancos”, destaca o professor.

Entre as estatísticas apresentadas, Tragtenberg destaca a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011 do IBGE, que mostra que a probabilidade de um negro concluir o ensino médio é metade que a probabilidade de um branco, “o que demonstra o processo de embranquecimento do ensino médio”. Também destacou que, no ensino superior, atingiu-se, em 2018, o percentual de 50,3% de estudantes pretos, pardos ou indígenas nas universidades públicas graças ao sistema de cotas e ações voltadas à permanência, que vão desde aulas de reforço para ingressantes até políticas de alimentação estudantil, transporte, material escolar, entre outros.

Já o professor Elionaldo Fernandes Julião, da Universidade Federal Fluminense (UFF), falou sobre a educação prisional no Brasil, terceiro país em população carcerária, com 726.712 pessoas em privação de liberdade. O professor destacou que desde 2003 são criadas leis que tornam a educação prisional bastante progressista, porém, “são apenas documentos de papel, não são colocados em prática. Não precisamos formular mais leis, mas cobrar a implementação das que já existem. Desde 2003, avançamos apenas 1% na educação prisional”. Para Julião, é preciso implementar, o sistema prisional, uma Educação de Jovens e Adultos (EJA) de forma adequada, e não apenas uma “adaptação” da educação regular.

Uma análise dos planos de permanência e êxito dos Institutos Federais foi apresentada pelo professor João Oliveira Ramos Neto, do Instituto Federal de Goiás (IFG). O plano foi implantado a partir de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apresentado à Setec em 2015, sobre os altos índices de evasão nos institutos. Porém, ele destaca a importância de se criarem políticas públicas de combate à evasão, não responsabilizando somente as instituições de ensino. Para isso, Ramos Neto fala sobre a necessidade de diálogo com a sociedade, cobrar mais ações do Estado e, acima de tudo, evitar que planos de permanência e êxito sejam usados para tirar o financiamento do sistema educacional.

-> Veja a gravação da conferência

A pró-reitora de Assuntos Estudantis da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) Jorgelina Ivana Tallei participou do evento para falar sobre a importância do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) para a permanência e êxito dos estudantes e o impacto dos cortes e contingenciamentos de recursos durante a pandemia. “O tempo histórico exige coragem e mobilização pela garantia da universidade pública e demais serviços públicos”, afirma a professora. Segundo ela, o PNAES deveria ser transformado em política pública e receber mais recursos para garantir a permanência e êxito dos estudantes.

Iniciativa estadual já devolveu mais de 300 mil estudantes à escola

Um exemplo importante de combate à evasão escolar também foi apresentado: o Programa de Combate à Evasão Escolar (Apoia), criado pelo Ministério Público de Santa Catarina em 1988, já ajudou entre 300 e 400 mil estudantes a voltarem aos bancos escolares. O promotor de Justiça João Luiz de Carvalho Botega apresentou o projeto.

O Apoia é uma iniciativa do Ministério Público de Santa Catarina e que conta com ampla parceria das escolas, Secretaria de Educação, Conselhos Tutelares e outros órgãos que compõem a rede de proteção social, como saúde e assistência social. Com a informatização do programa em 2013, gerido pela Secretaria de Educação, as escolas municipais passaram a participar. Em 2018, todos os 295 municípios do Estado já estavam credenciados no Apoia. “A ideia é tentar não judicializar a evasão escolar, mas utilizar a busca ativa, conversar com as famílias e encontrar uma solução”, destaca Botega.

-> Veja a gravação da conferência

Exemplo que vem do México

O último conferencista do evento foi o professor Bernardo Naranjo Piñera, do México. Ele apresentou um estudo realizado com 40 mil famílias de estudantes mexicanos evadidos do ensino médio com idades entre 19 a 25 anos. O que se constatou foi que, como no Brasil, os estudantes mais pobres são os que abandonam a escola mais facilmente: 45,2% entre os 10% mais pobres não concluem o ensino médio. Entre os 10% mais ricos, o índice de abandono escolar no ensino médio é de 13,9%.

No entanto, segundo o professor Naranjo, descobriu-se que “nem sempre o abandono escolar passa por questões econômicas, mas pela confiança nos professores, incentivos dos pais, se houve ou não busca ativa por parte da escola, entre outros fatores”. O estudo em grande escala auxiliou o governo mexicano a formular estratégias de combate à evasão. Para o professor, além dos importantes estudos teóricos sobre evasão, é preciso pensar na prática: “as escolas resolvem problemas sem ler os pesquisadores, não há conexão”. O trabalho conjunto da escola, família e sociedade em geral tem demonstrado bons resultados no combate à evasão escolar no México.

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