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Exibição de documentário promove reflexão sobre cultura guarani e apropriação de tecnologias

CÂMPUS JOINVILLE Data de Publicação: 25 abr 2019 09:05 Data de Atualização: 25 abr 2019 09:12

"As lideranças jovens estão se mobilizando e se apropriando da tecnologia para contarem a própria história." A fala do cacique da Aldeia Piraí, Ronaldo Costa, define a importância do documentário Yvymbyte: A Sabedoria dos Mbya Kuery, exibido nesta segunda-feira (22) no Câmpus Joinville, dentro da programação organizada pelo Comitê Local de Educação em Direitos Humanos, em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril. Foram duas sessões, uma de manhã e outra à tarde, em que estudantes e servidores puderam conhecer um pouco da cultura guarani a partir do olhar dos seus protagonistas, tanto pelo documentário quanto pelas rodas de conversa, apresentações culturais e feira de artesanato.

"O importante é não esquecer nossos costumes e a casa de reza", respondeu cacique Ronaldo quando questionado sobre identidade indígena e as mudanças ocasionadas pelo uso de "novas tecnologias" no dia a dia da comunidade, como celular, rádio, televisão e, agora, câmeras filmadoras e fotográficas e equipamentos de edição.

Produzido ao longo de 2018, o filme é uma coprodução que envolveu diretamente o Núcleo Audiovisual da Aldeia Piraí, formado pelos jovens Ara Poty, Jera Poty, Wera Poty e Ara Poty Ju, e as não-indígenas Bárbara Elice da Silva, Naiara Larsen e Tais Urquizar Rojas. As profissionais das áreas de jornalismo, fotografia e cinema foram responsáveis pelas oficinas de técnica de cinema, fotografia, cuidados com equipamentos e condução de entrevista, que deram suporte para a equipe da aldeia realizar a produção, do roteiro à edição.

No filme, de 27 minutos, são as próprias jovens lideranças indígenas que conduzem as entrevistas com os "mais velhos" e tocam em temas como educação, meio ambiente, conflitos sociais, demarcação de terras indígenas e espiritualidade.

Os mesmos assuntos nortearam as rodas de discussão após as sessões de exibição do documentário, onde estudantes e servidores puderam tirar dúvidas e sanar curiosidades. "Foi uma oportunidade de todos nós aprendermos mais e de entendermos melhor a diversidade que nos cerca e a situação em que se encontra esses povos", comenta a professora de história, Maria Gisele Peres, que fez a mediação dos debates.

Sobre os costumes, o cacique explicou que são a língua, a dança, o canto, a reza, as construções e a forma de trabalhar que identificam cada etnia indígena. É por isto que termos como índio e tribo, por exemplo, não devem ser usados para denominar os povos indígenas, que são muitos e com características próprias. Conforme o censo demográfico de 2010, existem 305 etnias diferentes no Brasil e 274 línguas indígenas.

Somente na região de Joinville são dez aldeias indígena, somando cerca de 700 habitantes. A Piraí, localizada a pouco mais de vinte quilômetros do centro de Joinville, às margens da BR 280, no limite entre os municípios de Araquari e Guaramirim, é uma das mais populosas. Na área de pouco mais de três hectares, vivem 25 famílias da etnia Guarani Mbya que lutam pela homologação do território, a fim de garantirem as condições necessárias para sua sobrevivência, atividades produtivas e preservação dos recursos ambientais, que se fundem com seus usos, costumes e tradições.

A demarcação de terras indígenas é a principal reivindicação dos povos indígenas, que, nesta semana, estão unidos na 15ª edição do Acampamento Terra Livre, em Brasília. Com o tema "Sangue indígena, nenhuma gota a mais", o evento começou nesta quarta-feira (24) e segue até sexta (26), com cerca de quatro mil indígenas de todas as regiões do país, inclusive das aldeias da região de Joinville.

"Nosso criador fez a Terra para ninguém ser dono dela e a missão do guarani é cuidar para que isso não acabe. Tudo vem da terra e isso tem que ter muita importância", afirma o cacique. Esta valorização está expressa no título do próprio documentário, Yvymbyte. "É a central do mundo, o lugar de onde vem tudo, a natureza e o ser humano", conta.

O documentário está disponível para exibição pública gratuita na plataforma Videocamp. Para assistir ao trailer, clique aqui.

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