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Evento discute importância de práticas educacionais inclusivas e representação identitária

EVENTOS Data de Publicação: 27 nov 2019 09:33 Data de Atualização: 27 nov 2019 09:41

A construção de ambientes inclusivos e a representação de identidades sociais de raça, de gênero e classe social em livros didáticos foram os temas que nortearam o Seminário de Educação e Diversidade, realizado na última sexta-feira (22), no Câmpus Canoinhas. O evento foi organizado pela primeira turma do curso de especialização em Educação e Diversidade.

Voltado especialmente para professores, estudantes e agentes educacionais, o seminário teve como objetivo promover um espaço de construção de saberes, troca de conhecimentos e experiências práticas entre o IFSC e a comunidade. “Isso fomenta, dentro da própria região, a possibilidade de pensar em formação, de pensar ações para o próprio município, de pensar ações em conjunto e mudar um pouco o contexto e a própria prática”, ressalta professora Aparecida de Jesus Ferreira, responsável pela reflexão sobre os livros didáticos.

Professora do curso de Letras e do mestrado em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Aparecida tem experiência na área de Linguística Aplicada, com ênfase em formação de professores, análise e desenvolvimento de materiais de ensino, análise de livro didático, letramentos escolares e processos de construção de identidades sociais de professores de línguas e de identidades sociais, raça e gênero.

Durante a palestra, professora Aparecida destacou a importância da utilização do livro didático de forma critica e reflexiva, em que professor e alunos possam ser os protagonistas de seu próprio material. “Espero que as pessoas, a partir da experiência, possam modificar sua própria prática, como a escolha de um livro didático em que haja uma representação maior de pessoas que fazem parte da comunidade”, enfatiza.

Práticas inclusivas

O outro tema abordado no Seminário de Educação e Diversidade, relacionado à construção de ambientes inclusivos, também deu destaque à importância do protagonismo. A apresentação foi realizada pela equipe executora do projeto de extensão As faces do autismo, que tem como diferencial a participação de estudantes com e sem deficiência, que trabalham juntos como responsáveis pelas ações. Dos cinco participantes, uma aluna possui deficiência intelectual (DI), uma DI e autismo e um aluno possui autismo.

“Foi-se o tempo em que os sujeitos só tinham o direito de participar ativamente das atividades sociais se conseguissem adaptar-se aos ambientes rígidos e padronizados estabelecidos pela sociedade. Atualmente, o entendimento é de que, independente das condições biopsicossociais, todos os cidadãos possuem o direito de participar de forma ativa e plena da sociedade. Porém, para que isso aconteça, é necessário uma profunda mudança de paradigma na forma de organizar os ambientes, para serem, de fato, inclusivos”, explica o coordenador do projeto de extensão e professor de Educação Especial do Câmpus Canoinhas, Cláudio Adão da Rosa.

Após a introdução sobre a temática, professor Cláudio passou a apresentação aos estudantes que participam do projeto, André Mateus Carlon Maroso, Gabriele Hiera Hatschbach, Victória Marcela Pedroso Carniel, Rafaela Schelbauer Wendt e Luana Porfírio da Luz, dos cursos técnicos integrados em Alimentos e Edificações. Nos meses de outubro e novembro, o grupo trabalhou oficinas com os alunos de 9º anos das escolas municipais e estaduais de Canoinhas, para promover explicações sobre transtornos do espectro autista e dinâmicas práticas para que os adolescentes se coloquem nas situações que os autistas vivenciam.

Para o estudante André Maroso, que apresentou um relato sobre sua trajetória escolar durante o Seminário de Educação e Diversidade, assim como faz nas oficinas, a realização de eventos que discutam a inclusão é fundamental. “Essa importância está no simples fato de termos alunos que necessitam de inclusão aqui no Instituto. Também é importante para os professores que participaram, para fazer eles refletirem sobre o tema e ainda explicar um pouco das características de um autista”, conta André, diagnosticado com síndrome de Asperger, um estado do espectro autista, há cerca de dois anos. Para ele, estar no IFSC faz uma grande diferença. “Representa parte da minha vida, pois eu passei três anos aqui no IFSC, fiz muitas amizades e ainda me conheci ainda mais”, destaca.

A iniciativa do projeto partiu da aluna Luana Porfírio, a partir de uma experiência na própria família, que sentiu muito com a falta de informação após o irmão, de 11 anos, ser diagnosticado com autismo. Por isto, os pais de Luana e Léo, Mariana Bolsoni da Luz e Edison Porfirio da Luz, participaram do seminário para relatar como foi receber o diagnóstico e como reorganizaram suas vidas a partir disso.

“A lotação do auditório mostrou o quão importante são as discussões sobre as reestruturações que os ambientes precisam sofrer para atender à pluralidade humana, sobretudo no âmbito educacional. Assim, sem dúvidas, o Seminário de Educação e Diversidade foi um momento especial para o Planalto Norte catarinense, e já estamos aguardando o próximo”, afirma professor Cláudio.

Para realização do projeto As faces do autismo, a equipe conta com a parceria do Núcleo de Acessibilidade Educacional (Naed) do Câmpus Canoinhas, coordenado pelo professor Gabriel Moraes de Bem. No total, as oficinas devem atender cerca de duzentos alunos de 9º anos da rede pública, que poderão atuar como multiplicadores de práticas inclusivas junto às famílias e à comunidade.

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