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Parceria do IFSC com prefeitura de Içara desenvolve régua para alunos com baixa visão

CÂMPUS CRICIÚMA Data de Publicação: 16 jan 2020 11:41 Data de Atualização: 28 jan 2020 09:28

Cerca de 30 estudantes da rede municipal de Içara, no sul catarinense, possuem baixa visão, segundo levantamento da secretaria de Educação. Foi trabalhando com uma delas durante uma aula de matemática na escola de ensino fundamental Tranquillo Pissetti que o professor Josué de Araújo Diehl teve uma ideia: como usar a tecnologia para criar uma régua com a qual sua aluna pudesse visualizar os números e trabalhar de forma autônoma? Para concretizar a ideia, pensou logo em uma instituição parceria de longa data: o Câmpus Criciúma do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).

“Para os alunos com baixa visão, o núcleo de produção de materiais de Içara, juntamente com os professores de atendimento educacional especializado, reproduzem o livro didático com outros materiais para estes alunos, pelo fato de eles não conseguirem enxergar as fontes do tamanho que está no livro”, explica Josué. Foi numa atividade com a aluna Ana Júlia, de 15 anos, que cursava então o nono ano do ensino fundamental, que a ideia surgiu em 2019.

“Numa destas situações, estava ampliando um livro de matemática e o livro apresentava uma atividade que pedia que fossem feitas medidas nas formas geométricas com a régua. Em casos como esse, os alunos utilizavam régua com marcações em alto-relevo e lápis 6B, então surgiu a ideia de uma régua que tivesse um cursor e, conforme o cursor fosse movimentado, o respectivo valor fosse transmitido para um visor, com fonte acessível para estes alunos”, relata.

Foi então que a secretaria de Educação de Içara procurou o Câmpus Criciúma do IFSC para viabilizar uma parceria que colocasse a ideia em prática. Coube ao professor de Engenharia Mecatrônica, Adílson Jair Cardoso, desenvolver um projeto de pesquisa de fluxo contínuo, que contou com o aluno Paulo Teixeira como bolsista, em parceria com a prefeitura de Içara.

Durante três meses, a equipe do IFSC trabalhou no desenvolvimento de uma régua ligada a um equipamento com bluetooth, que transfere os valores para um aplicativo de celular, com os números em um tamanho fácil de ser lido pelo estudante com baixa visão. O protótipo foi apresentado em dezembro do ano passado. A primeira versão da régua tinha um visor, conectado a um fio, mas os testes levaram à conclusão de que os fios e a própria caixa do visor atrapalhavam o manuseio.

“Fiz uma busca prévia e a prefeitura também fez, se existia algo semelhante. Eles não encontraram nem eu encontrei. Fiz uma busca em patentes, INPI [Instituto Nacional da Propriedade Industrial], e a princípio também não encontrei nada semelhante. Foi uma criança que gerou esse pedido inicial que nunca tinha usado uma régua na vida. Em Içara são cerca de 30 crianças com esse problema. Se pensarmos no Brasil, são milhares de crianças com baixa visão. Só isso já é motivo suficiente para desenvolver um trabalho social”, afirma o professor do IFSC.

Repercussão nacional

Embora simples, a ideia da régua tem muito significado e potencial, na visão do professor Josué. “A régua é um objeto tão simples e de fácil manuseio para a grande parte da população, porém tão distante da realidade de outros, e proporcionar este acesso para estes alunos é algo motivador”, diz. ressaltando que o projeto se insere nas mudanças nas formas de ensinar, tão necessárias para chamar a atenção dos jovens e inserir alunos com deficiência. “Esta será mais uma ferramenta para proporcionar a equidade em sala de aula, além de tecnológica para atrair a atenção do aluno é inovadora e motivacional”, acredita. Tanto é que o projeto teve repercussão nacional.

Além de ser objeto de reportagens na imprensa estadual, o projeto também obteve reconhecimento do Ministério da Educação e foi pauta da Rede Nacional de Rádios, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

De acordo com Marlene Casagrande, coordenadora de educação especial de Içara, a secretaria de Educação discute formas de aprimorar o equipamento desenvolvido pelo IFSC e produzir mais réguas. Para a equipe do IFSC, o desafio agora é pensar em consolidar o produto, resolvendo questões como redução de custos e de consumo de bateria. Outras ideias, como um leitor de scanner e outros materiais usados no ensino de matemática, também estão na pauta.

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