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Colégio de Dirigentes começa a discutir plano de retomada de atividades

INSTITUCIONAL Data de Publicação: 15 mai 2020 14:40 Data de Atualização: 20 mai 2020 17:10

Um plano para a retomada gradual das atividades acadêmicas e administrativas presenciais no IFSC começou a ser discutido na reunião ampliada do Colégio de Dirigentes (Codir) realizada na tarde desta quinta (14) e ao longo de sexta-feira (15 de maio), por webconferência. Os diretores-gerais de câmpus e pró-reitores começaram a apreciar a minuta de resolução do Colegiado de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) que irá orientar a retomada das aulas, discussão que ainda terá desdobramentos nos próximos encontros dos dois colegiados. 

Para subsidiar a discussão, os diretores tiveram na quinta-feira uma capacitação sobre a pandemia com o imunologista Oscar Bruna-Romero, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que apresentou sugestões para retorno seguro às atividades acadêmicas no contexto de instituições de ensino (veja mais detalhes abaixo). O professor integra a iniciativa Grupo Covid-19 SC/Brasil, que reúne 13 pesquisadores atuando em uma plataforma de dados e estudos sobre a pandemia.

Após uma análise preliminar da minuta de resolução, apresentada pelo pró-reitor de Ensino, Luiz Otávio Cabral, os membros do Codir fizeram várias ponderações e ficou consensuada a necessidade de mais discussão e contribuições para o documento. A primeira proposta foi excluir da minuta de resolução os itens que tratam do Calendário Acadêmico Unificado – que será tratado pelo Conselho Superior – e restringir o texto a orientações relativas a atividades não-presenciais (ANPs).

O colegiado propôs também, nesse primeiro momento, que a resolução normatize a distribuição de carga horária docente destinada à preparação de atividades considerando as especificidades das ANPs, a possibilidade de que os câmpus façam uma “parada pedagógica” para reorganização de atividades a partir das diretrizes do documento e a disponibilização de tutoria em design educacional para suporte aos docentes.

A proposta de documento será levada para discussão nos câmpus, para contribuições, e novamente discutida no Codir em 22 de maio. No mesmo dia, serão apresentados os resultados das discussões feitas nas Câmaras Temáticas, que nesta sexta deram início à elaboração de sugestões para a retomada das atividades por área: Planejamento, Orçamento, Infraestrutura e TIC; Gestão de Pessoas; Relações Externas e Eventos; e Assuntos Acadêmicos.

Após a incorporação das contribuições vindas dos câmpus e validadas no Codir, a minuta de resolução será levada novamente ao Cepe, que deverá marcar reunião extraordinária para a semana de 25 de maio.  

Perspectivas

Ressaltando falar a partir de um ponto de vista com embasamento estritamente científico, o professor da UFSC Oscar Bruna-Romero apresentou aos membros do Codir um panorama da pandemia de Covid-19 e fez sugestões para uma possível retomada de atividades acadêmicas – porém, sem arriscar uma data recomendada para essa decisão. Segundo explicou, as decisões relacionadas à pandemia devem sempre ser tomadas levando-se em conta aspectos como a capacidade de atendimento hospitalar de cada localidade, dados sobre número de infectados – que dificilmente são precisos, já que há subnotificação – e a temporalidade da doença. “Para qualquer decisão que se tome hoje, só saberemos as consequências dentro de dois meses”, salientou.

Espanhol, Bruna-Romero afirma ter observado com atenção o desenvolvimento da pandemia em seu país de origem e afirmou que, no Brasil, a recomendação de que se procure atendimento médico apenas com sintomas mais agudos é um problema, já que a identificação dos casos acaba acontecendo apenas entre 15 e 20 dias depois do contato da pessoa com o vírus. “A pessoa não adoece hoje porque saiu ontem e esqueceu de levar casaco”, brincou.

Por conta dessa demora entre o contato com o vírus e o início dos sintomas, e a depender de como o paciente desenvolve a doença, o ciclo da Covid-19 pode variar entre 22 e 64 dias, de acordo com o professor – entre o contágio e o final do ciclo, seja ele alta médica ou óbito. “Há casos em que uma pessoa ocupa um leito hospitalar por até dois meses”, exemplificou, para ilustrar o potencial da pandemia de provocar colapso nos sistemas de saúde.

O grau de infectividade do coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19, também é um aspecto que chama a atenção e deve ser considerado em qualquer planejamento. Numa perspectiva conservadora, ou otimista, o professor Bruna-Romero estima que o novo coronavírus vá atingir cerca de 30% da população – uma vez que esse micro-organismo é um pouco mais suscetível ao contágio do que o vírus da gripe, que tem infectividade de 20%. Em Santa Catarina, isso corresponderia a 2,1 milhões de pessoas infectadas até o final da pandemia.

Como o sistema de saúde até o momento tem funcionado bem, observa, o índice de mortalidade, segundo os dados oficiais, se mantém baixo. Porém, as medidas que resultam no chamado achatamento da curva de contágio também implicam no aumento da duração da epidemia, e por isso a previsão é que ocorram novas ondas de mais contágio a cada 4 ou 6 meses ao longo dos próximos dois anos. “Isso aumenta a ansiedade e leva a decisões [como o relaxamento do distanciamento social], mas a ansiedade não é uma boa conselheira neste momento”, afirmou.

O professor Oscar Bruna-Romero recomendou que qualquer planejamento de retomada de atividades presenciais em ambientes como os câmpus do IFSC leve em consideração, primeiro, a faixa etária das pessoas que seriam mantidas em convivência presencial; depois, que sejam mantidas em afastamento aquelas pertencentes a grupos de risco. Também seria necessário definir critérios de segurança para que pessoas infectadas e curadas possam voltar às atividades – o chamado “passaporte de imunidade”. Estratégias para reduzir a quantidade de estudantes em sala de aula, com uso de atividades não presenciais e divisão das turmas em três grupos, com atividades em turnos diferentes, foi outra ideia proposta. Testagem de estudantes e servidores, adoção de protocolos rigorosos de higiene, treinamento das equipes e revisão de procedimentos em ambientes como bibliotecas e refeitórios foram outras medidas apontadas. Bruna-Romero ressaltou também a importância de que todas as decisões sejam comunicadas de forma transparente e ampla a toda a comunidade envolvida. “É preciso enfrentar a ideia de que a epidemia pode perdurar por até dois anos”, enfatizou.

A reunião do Codir foi transmitida pelo canal do IFSC no YouTube. As gravações estão disponíveis no canal - a de quinta-feira, com a capacitação do professor Oscar Bruna-Romero, e a de sexta-feira, com a discussão sobre a regulamentação da retomada de atividades presenciais.

 

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