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Professoras de Eventos do IFSC avaliam os impactos da pandemia e traçam tendências para o setor

CÂMPUS FLORIANÓPOLIS-CONTINENTE Data de Publicação: 18 set 2020 14:31 Data de Atualização: 06 out 2020 10:50
O governo de Santa Catarina publicou nesta sexta-feira, 17 de setembro, portarias que estabelecem critérios para o retorno gradual e monitorado de eventos sociais, congressos, feiras e exposições. As liberações levam em conta as avaliações de risco para Covid-19 em cada região do estado e estão condicionadas ao cumprimento de uma série de regras e protocolos. Foram seis meses de paralisação quase total destas atividades no estado. 

O setor de Eventos foi um dos mais impactados pela pandemia do novo coronavírus. Só na capital, o Floripa Convention Bureau estima que se deixou de movimentar mais de 500 milhões de reais no período. É uma parcela importante do turismo. Florianópolis é a 5ª cidade brasileira que mais recebe eventos internacionais, segundo ranking da International Congress and Convention Association (ICCA) de 2018. São congressos, feiras, shows, exposições e eventos esportivos que foram cancelados ou adiados.
 
 
Um período de prejuízos financeiros mas também de muito estudo e inovação. Recursos tecnológicos que ficavam restritos a algumas atividades se expandiram, alguns até se popularizaram. A forma de consumir mudou. E o setor de Eventos precisou se adaptar e está atento ao que esse novo consumidor passou a valorizar. Essa é uma das análises feitas por professoras do Curso Técnico em Eventos do Câmpus Florianópolis-Continente do IFSC sobre o que esperar para os próximos meses e anos.
 
Para Jane Petry da Rosa, coordenadora do curso, neste período de pandemia muitas tecnologias foram incorporadas e dificilmente serão deixadas para trás, como as compras pela internet e as palestras online. As lives se popularizaram de tal maneira que evidenciaram a facilidade de conexão, tanto para se entreter como para aprender. "Muitas pessoas perceberam as vantagens, por exemplo, de uma palestra online que se pode assistir qualquer dia, em qualquer horário e sem gastar tanto", afirma. 
 
Nesse sentido, outra tendência que migrou para o mercado de Eventos é a personalização de conteúdos. Ela cita os vídeos on demand (sob demanda), como Netflix ou Youtube. "Trazendo isso para eventos, significa que você se inscreve num congresso e não precisa estar num local às 8h para ouvir alguém falar. Algumas conferências antes da pandemia já davam essa opção da inscrição virtual, com valores diferenciados. Mas acredito que isso está se aperfeiçoando a ponto de um participante montar o congresso de acordo com as suas necessidades e possibilidades", explica.
 
Um formato que veio para ficar
 
A professora de Eventos, Ení Maria Ranzan, completa ao afirmar que dessa forma o evento atende às especificidades do participante. "Alguns têm condições de viajar para ir àquele congresso, têm tempo, têm condições para se deslocar e outros preferem não gastar tanto e acompanhar de casa."
 
Para elas, o formato híbrido - presencial e online - é uma tendência principalmente entre os eventos técnico-científicos e deve permanecer mesmo com o controle da pandemia do novo coronavírus. "O evento online deve conviver com o presencial pois mostrou que as pessoas podem participar de mais eventos, buscar mais capacitações sem se preocupar tanto com deslocamentos e custos", afirma Ení.
 
Mas ela reforça que os eventos presenciais continuarão assim que forem autorizados porque os ganhos para os participantes são muito grandes, desde o fato de se conhecer lugares até a possibilidade de mais trocas entre as pessoas. "O profissional que está organizando o evento precisa estar atento para oferecer um formato que seja adequado ao público", completa. 
 
No mesmo caminho estão as reuniões de negócios. Recursos como Google Meet e Zoom, que já existiam mas não eram tão populares, evidenciaram as facilidades de se reunir com alguém do outro lado do estado, do país ou do mundo, de forma rápida e barata. 
 
Para Jane, os profissionais de eventos terão que conversar bastante para identificar como atuarão nesses diferentes cenários: "O profissional terá outro cliente com outro tipo de necessidade e ele vai ter que se fazer importante."
 
Drive-in é alternativa momentânea para grandes públicos
 
Se os eventos híbridos vieram para ficar, não se pode falar o mesmo dos drive-in, em que o público fica dentro dos carros assistindo a um show, um filme ou uma palestra. Em Santa Catarina foram realizadas algumas experiências nesse formato que surgiu na década de 1930 nos Estados Unidos e se popularizou no Brasil só 40 anos mais tarde no entretenimento, com shows de música e cinema.
 
Agora, na pandemia, retornaram como uma alternativa segura. Em Florianópolis teve apresentações musicais, como da Camerata de Florianópolis, desfiles de moda, exibição de filmes e até conferências. 
A professora Ení acompanhou a 7ª edição de um evento nacional sobre empreendedorismo que foi realizado no estacionamento do aeroporto internacional Hercílio Luz no último dia 16 de setembro. "O primeiro destaque é a vontade de fazer acontecer, de ter a possibilidade de adaptar o evento. Isso demonstra que temos condições de continuar."
 
Além do interesse pelo tema, ela fez questão de participar do evento para poder acompanhar a logística desse novo formato para socializar com os alunos do Técnico em Eventos: "Havia toda uma organização desde a hora de chegada, com identificação das fileiras, distância de 1,5 metro entre carros, e cuidados com a segurança dos participantes durante todo o evento", conta. Ela considera um desafio a organização do evento: "Tem a necessidade de um planejamento muito cuidadoso e detalhado para, além do planejamento ‘normal’ do evento, ainda manter as normas de segurança e a vontade de as pessoas participarem num novo formato."
 
Apesar de uma alternativa para o momento, Eni acredita que esse formato não deve permanecer no pós-pandemia, principalmente pelo custo-benefício. Além dos custos com a contratação de produtos e serviços diversos, os palestrantes, por exemplo, continuam tendo que se deslocar para o local do evento, com cachê, gastos de passagens e acomodação. O custo continua alto e o número de pagantes é bem menor.
 
Eventos grandes vão demorar
 
Jane acredita que os novos formatos e as experimentações contribuem para dar um fôlego ao setor. "É interessante ver como os profissionais estão trocando mais informações. O que deu certo num lugar, o que deu errado em outro."
 
Mas ela diz não acreditar que grandes shows, com 40, 50 mil pessoas, voltem a acontecer num curto espaço de tempo. "Esses eventos em espaços fechados, como centro de convenções, que não tem janelas e depende de ar-condicionado, vão sofrer mais um pouco até vir uma vacina."
 
E para esses eventos, a experiência de outros locais também ajuda muito. "Recentemente li sobre um show na Inglaterra em que pessoas ficavam numa área, como se fosse um quadradinho, com amigos, parentes mais próximos. Dali outra distância outro grupo. Se isso vai funcionar, só o tempo dirá."
 
O mesmo deve ocorrer com eventos esportivos. O Iron Man, por exemplo, que aconteceria em maio em Florianópolis foi cancelado, mas  a edição programada para 2021 já aparece no site do evento. Os protocolos para essas competições esportivas com participação de um grande número de pessoas, como as corridas de rua e o triatlo,  ainda não foram estabelecidos. 
 
Segundo Jane, estima-se que cada atleta do Iron Man trazia mais cinco pessoas para a cidade. "É toda uma cadeia que se beneficia, desde a rede hoteleira, restaurantes, lojas. A cidade sentiu bastante."
 

E os eventos sociais? Vem aí uma nova geração de casamentos? 

Para Jane, as mudanças já vinham sendo percebidas e talvez agora tenham se intensificado. Ela lembra que os casamentos, por exemplo, mudaram muito ao longo das últimas décadas. "Há 20 anos as pessoas organizavam suas próprias festas, seus casamentos, de uma forma mais simples, recepcionava numa churrascaria e pronto. Ali no meio da década passada, casamentos na nossa região eram para 400, 500 convidados, depois foram diminuindo até chegarem a termos novos, como miniwedding, e as pessoas foram se adaptando. Talvez não queiram mais gastar tanto com festa, essa geração prefere viajar, investir em experiências. São mudanças percebidas ao longo das gerações e uma pandemia como a que estamos vivendo impacta no que as pessoas querem e valorizam", afirma.

 
Os impactos já são sentidos entre os fornecedores, por exemplo. Ela conta que antes da Covid-19 proprietárias de lojas de locação e decoração, por exemplo, iam a feiras. Hoje estão comprando por catálogos. "Muitas empresas também estão investindo em show-room: monta, marca com o cliente dia e horário e vai só ele com todos os cuidados escolher os produtos de uma forma muito mais personalizada."
 
A personalização parece mesmo ser uma das tendências que ganhou espaço e deve ficar, seja na hora de comprar um produto ou fazer inscrição numa conferência. E os profissionais de Eventos precisam ficar atentos ao que os seus clientes querem. 
 
Foi nesse sentido que Bruno Ribas e Jade Sagae, formados pelo IFSC no curso técnico em Eventos do Câmpus Florianópolis-Continente,  resolveram atuar. Eles criaram uma startup em que não ficam restritos a organizar os eventos, mas monitoram os sentimentos dos participantes e conseguem propor correções de rota quase em tempo real. Eles explicam mais no vídeo:
 
 
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