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Flexibilização de atividades proporciona inclusão em aulas remotas

ENSINO Data de Publicação: 23 nov 2020 15:57 Data de Atualização: 20 abr 2021 20:34

Adaptar os hábitos, a rotina, a convivência, a casa; flexibilizar o trabalho, os estudos, as relações e nossa própria capacidade de mudar. Junto com a pandemia de Covid-19, o ano de 2020 trouxe muitos desafios. Entre tantas adequações realizadas pelo IFSC para garantir a continuidade das atividades pedagógicas, mesmo de forma não presencial, nada supera a flexibilização das aulas e do modo de ensinar e aprender neste “novo normal”.

No Câmpus Canoinhas, a distribuição de material impresso aos alunos que não têm acesso ou optaram por não acessarem os ambientes virtuais de aprendizagem e a flexibilização das atividades para atender as necessidades dos alunos, incluindo os que têm deficiência, estão garantindo que todos possam continuar estudando, mesmo que de forma remota.

Marina Kluppel Lima, do 1º ano do curso técnico integrado em Alimentos, está amando receber o material impresso para estudar. “Eu tinha dificuldade de acompanhar as aulas e as atividades on-line. No impresso é muito melhor”, afirma Marina, que tem Síndrome de Prader-Willi, uma doença genética rara que, entre outros sintomas, apresenta atraso no desenvolvimento neuromotor, da aprendizagem e da linguagem.

“Estou muito feliz com o meu curso e com a escola, porque me receberam com muito carinho”, conta a adolescente de 16 anos.  “Estudo todos os dias nas apostilas. Mando foto das atividades que tenho dificuldade e os professores me ajudam. No começo, sem as apostilas, era mais difícil.”

Em casa, Marina conta com a ajuda da mãe Gisele, do irmão Grabriel e da cunhada Eduarda para realizar as atividades, além do acompanhamento dos seus professores, do professor de Educação Especial do Câmpus Canoinhas, Claudio Adão da Rosa, e de uma aluna monitora do técnico em Alimentos, Brenda Vitória Kuchler.

Material acessível

Acompanhar as aulas pelos ambientes virtuais de aprendizagem não é problema para Júlia Victória Pereira, que é cega. Colega de Marina no técnico integrado em Alimentos e também com 16 anos, ela acompanha as atividades pelo computador, que aprendeu a usar neste ano com o auxílio do professor de educação especial. Até o ano passado, no ensino fundamental, ela fazia todas as suas atividades na máquina de escrever em braille. “Sem a ajuda dele com o computador, seria muito mais difícil eu fazer as atividades”, conta a estudante.

Autônoma no uso do computador, o que Júlia precisa basicamente é da adaptação no formato dos arquivos e da descrição das imagens para que o leitor de tela dê conta de pronunciar o que está escrito (embora muitas páginas de internet ainda não estejam adaptadas para a acessibilidade). Mas, alguns professores vão além e fazem a adaptação de imagens na prática, para que Júlia tenha também a experiência tátil. Foi o caso da professora de Química, Juliana Aparecida da Silva, que confeccionou uma tabela periódica em braille.

“Agradeço aos meus professores, pois comecei ter contato com eles esse ano. Compreendo que é uma coisa nova para mim, mas para eles também”, diz Júlia, que acredita que todos estão dando seu melhor neste processo de adaptação, que já seria difícil de forma presencial. “Acho incrível a forma que todos se dedicam em tratar todos iguais, acreditam que todos merecem ter a chance de aprender, sempre estão pensando em formas mais acessíveis de passar os conteúdos para os alunos”, enfatiza.

Desafios persistem

Apesar das boas práticas adotadas por muitas instituições de ensino, é importante lembrar que os desafios para se manter os estudantes em atividades remotas são muito grandes em todo mundo, especialmente as pessoas com deficiência. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a pandemia do novo coronavírus afeta ainda mais o acesso à educação de estudantes pobres, jovens e alunos portadores de deficiência.

“Além dos sentimentos de incerteza e desânimo que a situação de distanciamento social pode impor sobre qualquer aluno, possivelmente as maiores dificuldades para que ocorra um processo inclusivo mais qualificado dos alunos com deficiência reside nas barreiras que precisam enfrentar diariamente”, explica professor Claudio Adão da Rosa, que também é coordenador de Ações Inclusivas do IFSC.

Conforme professor Claudio, as barreiras atitudinais, tecnológicas e na comunicação e informação são muito mais desafiadoras que as barreiras visíveis, como as conhecidas barreiras arquitetônicas e urbanísticas. “Com o expressivo aumento do uso de ambientes virtuais para o ensino e a aprendizagem, se não houver a eliminação dessas barreiras, uma parcela considerável de alunos com deficiência continuará à margem do sistema”, enfatiza.

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