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Livro registra a pesca artesanal da tainha no Campeche, patrimônio cultural de Santa Catarina

CÂMPUS FLORIANÓPOLIS-CONTINENTE Data de Publicação: 18 dez 2020 13:41 Data de Atualização: 20 abr 2021 20:06

Desde primeiro de maio de 2019, a pesca artesanal da tainha no Campeche é considerada Patrimônio Cultural de Santa Catarina. A obtenção do título foi resultado de um trabalho conjunto de professores e estudantes do Câmpus Florianópolis – Continente e Câmpus Florianópolis, comunidade local e poder público.

Todo o registro do processo está relatado no livro “Registro da Pesca Artesanal da Tainha no Campeche como Patrimônio Cultural de Santa Catarina”, lançado em 10 de outubro de 2020. A obra foi produzida com recursos obtidos por meio do Edital Elisabete Anderle, da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Foram feitas 540 cópias impressas, entregues para bibliotecas de escolas públicas do Estado e para os câmpus do IFSC. Também está disponível em PDF no drive da Biblioteca do Câmpus Florianópolis – Continente.

A iniciativa de obter o título de Patrimônio Cultural foi das alunas Roberta de Paula Braz e Gisele Silvia Ramos, do curso técnico em Guia de Turismo. Na disciplina de Patrimônio Cultural, com a professora Claudia Hickenbick, Roberta, nativa do Campeche, e Gisele, da Barra da Lagoa, começaram a entender a importância da pesca artesanal e da produção de farinha nas suas comunidades. Por serem neta e filha de pescadores, têm uma conexão especial com o projeto. “A gente já trabalhava com turismo, mas na parte da gastronomia. A gente sentia um vazio muito grande nos turistas em relação à nossa história, cultura, nosso modo de vida. Eles vinham mais pelas belezas naturais e não tinham muita informação sobre o modo de vida dos nativos da ilha”, explica Roberta.

O contato inicial foi com a professora Claudia, que convidou a professora Daniela Carrelas, a técnica administrativa Elisa Freitas Schemes, outros servidores do IFSC e moradores da comunidade.Também integraram a equipe de pesquisa: Hugo Adriano Daniel (professor de História e de família de pescadores do Campeche);  André Eitti Ogawa (técnico administrativo câmpus Florianópolis-Continente), e Fátima Regina Teixeira (aposentada câmpus Florianópolis). A Associação de Pescadores Artesanais do Campeche deu todo suporte para o andamento da pesquisa junto aos pescadores artesanais, organizando reuniões, concedendo entrevistas e disponibilizando materiais.

Surgiu assim o projeto Tekoá Pirá (terra de peixe, em Guarani), que faz parte do projeto Comunidade Tekoá, do Câmpus Florianópolis - Continente, um conjunto de projetos de extensão e pesquisa voltados para a preservação do patrimônio cultural e desenvolvimento do turismo de base comunitária e que envolve também o projeto Tekoá Taguá (terra de argila), desenvolvido na comunidade José Mendes.

Registrando práticas e modos de vida

Segundo Roberta, em um primeiro momento, houve certa resistência dos pescadores em participar do projeto, por não compreenderem o objetivo e benefícios de ter o título de patrimônio cultural. Com o tempo, passaram a colaborar ativamente com o processo.

Roberta explica que inicialmente foi realizada uma pesquisa sobre a pesca artesanal em Santa Catarina, até o recorte da praia do Campeche, onde ainda se encontram vários ranchos artesanais. Há quatro ranchos de pesca atualmente, sendo que três estão reunidos em uma associação e um em outra associação independente.

O benefício do reconhecimento como patrimônio cultural imaterial é a possibilidade de manter a existência dessa prática, ameaçada pela especulação imobiliária, turismo de massa e a prática do surf durante o período da pesca. Além disso, serve de base para projetos de exploração do turismo de base comunitária, no qual o turista é convidado a conhecer a história, modos de vida e tradições. As próprias alunas, Roberta e Gisele, criaram uma agência de turismo e pretendem se especializar nesse tipo de atividade, para trazer mais oportunidades à comunidade local.

Preservação do patrimônio cultural

Segundo a técnica administrativa Elisa Schemes, uma das organizadoras do livro, o título de patrimônio cultural também prevê a realização de ações de salvaguardas de práticas que estejam ameaçadas, sendo que a publicação do livro é uma delas. Outras salvaguardas são o curso de remeiros, em que os atuais pescadores capacitam jovens para a pesca artesanal. Roberta explica que já houve uma capacitação para 20 novos remeiros e a expectativa é tornar essa capacitação anual.

Outras ações estão sendo realizadas junto ao poder público e ao Ministério Público Federal com a intenção de regulamentar a exploração imobiliária nos locais de pesca, preservando “picadas” (caminhos até a praia) tradicionais dos pescadores e regulamentação para a prática do surf e exploração do turismo com botes durante os meses de pesca, de maio a julho.

Em 2020, o projeto Tekoá Pirá foi aprovado em mais um Edital Elisabete Anderle. Dessa vez, os recursos serão utilizados na elaboração da cartografia social, ou seja, uma ferramenta de mobilização social em torno de territórios. A professora Claudia explica que foi contratada uma especialista da Bahia para ministrar a formação sobre a ferramenta, que contará com participantes de outras cidades litorâneas, como Bombinhas e Garopaba. A previsão é que a formação aconteça no início de 2021.

Prêmio Nacional

O projeto Tekoá Pirá está concorrendo à etapa nacional prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em reconhecimento às ações de preservação do patrimônio cultural brasileiro que, em razão da sua originalidade, vulto ou caráter exemplar, mereçam registro, divulgação e reconhecimento público.

->Saiba mais sobre a obtenção do título de Patrimônio Cultural da Pesca da Tainha no Campeche

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