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Internas da Penitenciária Feminina lançam livros com apoio de professora do Câmpus Criciúma

EXTENSÃO Data de Publicação: 18 mar 2021 20:30 Data de Atualização: 20 abr 2021 19:45

O Câmpus Criciúma do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) realizou nesta quinta-feira (18) a entrega simbólica do livro “Apesar de Tudo” a sua autora. Viviane Lima começou a escrevê-lo em 2017, enquanto cumpria pena na Penitenciária Feminina de Criciúma, e conseguiu publicá-lo com ajuda do IFSC, que mantém uma parceria com o Departamento de Administração Prisional (Deap) em uma série de projetos de educação.

“Eu estou muito feliz. Esperei muito por isso. O resultado ficou maravilhoso e é um sonho eu poder passar tudo que aprendi lá dentro”, disse Viviane, durante a entrega realizada no hall do Câmpus Criciúma, em rápido momento com poucas pessoas que cumpriu os protocolos de segurança sanitária. Em 2017, enquanto estava presa, ela começou a escrever um diário, encontrado durante uma revista na cela, o que acabou gerando um convite para que publicasse os textos em forma de livro.

Além do livro de Viviane, que está em liberdade condicional desde dezembro, também foi publicado o livro “Tudo por Hoje”, de Monique Amaral, que ainda cumpre pena. Ao longo de 2019, os textos foram orientados pela professora de Língua Portuguesa do Câmpus Criciúma, Carla Scapini, e pela professora Patrícia França, do Centro de Educação de Jovens e Adultos de Criciúma, que atua na Penitenciária. O lançamento das publicações, previsto para o ano passado, não foi realizado em razão da pandemia.

“Os livros, pertencendo a um filão de obras carcerárias brasileiras, não fogem da temática já consagrada: contar os motivos pelos quais foram parar atrás das grades e relatar sua experiência na prisão. Viviane destaca a saudade que experimenta todos os dias longe da família, enquanto o olhar de Monique está voltado muito mais para os tempos anteriores à prisão, relatando sua experiência com as drogas e a prostituição”, conta a professora Carla.

Cada livro teve uma tiragem de 120 exemplares, publicados pela editora Vento Norte Cartonero, de Santa Maria (RS) especializada em livros artesanais, com capas feitas a mão. As autoras receberam 20 livros cada e o restante será comercializado pela editora. 

“Acho que o principal valor dos livros está para além de conhecer a vida na prisão ou a vida de quem infringe a lei e suas motivações. Para além dos fatos, a principal contribuição dessas duas autobiografias está em nos permitir mergulhar na subjetividade das narradoras, conhecendo o modo como elas sentem e pensam sobre as coisas”, comenta Carla.

Educação no sistema prisional

É o terceiro livro de um egresso do sistema prisional cuja publicação foi orientada pela professora, doutora em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com uma tese sobre testemunho carcerário no Brasil. Entre 2018 e 2019, Carla orientou a publicação do livro “Uma nova chance”, escrito por Maicon Martins, à época cumprindo pena na Penitenciária Sul, de Criciúma. 

Diretor do Câmpus Criciúma, o professor Daniel Comin destacou a importância da parceria entre o Deap e o Câmpus Criciúma, que desde 2017 realiza cursos de Formação Inicial e Continuada, certificação de saberes e competências (Certific) e projetos de extensão nas penitenciárias feminina e masculina. “É uma parceria que nos gratifica e queremos que cresça, na medida em que projetos como esse, da professora Carla, ajudam o IFSC a cumprir sua missão de fazer a diferença na vida das pessoas e promover a inclusão através da educação”, afirmou o diretor do Câmpus, que convidou a autora a lançar o livro na próxima edição do encontro de educação prisional promovido por IFSC e Deap, previsto para o mês de maio.

Diretora da Penitenciária Feminina, Bárbara Souza ressaltou o papel dos projetos de educação para os reeducandos do sistema prisional.

“A educação abre portas. Mesmo durante a pandemia, mantivemos o estudo lá dentro, de uma forma diferenciada. Mas continuamos a levar a educação, para que as pessoas não esqueçam que vão retornar para o convívio da sociedade. Pode ser que a pessoa faça algo diferente de sua vida, mesmo passando pelo sistema prisional. A grande maioria das mulheres lá dentro quer mudar. E é importante mostrar isso para a sociedade”, disse a diretora, que esteve no IFSC acompanhada da agente Cíntia Silva, que atua no setor de educação.

Um exemplo é Viviane, que agora pensa em publicar outros dois livros já encaminhados e se aperfeiçoar como escritora: “Quero ver se consigo fazer algum curso a distância, em função da pandemia, e quero fazer mais. Porque gosto muito”.

EXTENSÃO CÂMPUS CRICIÚMA

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