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Pesquisa sobre síndrome de Haff é publicada em uma das mais conceituadas revistas médicas do mundo

PESQUISA Data de Publicação: 17 nov 2021 17:20 Data de Atualização: 18 nov 2021 19:05

O estudo realizado por pesquisadores de seis instituições brasileiras, entre elas o IFSC, sobre as possíveis causas da síndrome de Haff, foi publicado na The Lancet - uma das mais importantes revistas médicas do mundo. Conhecida popularmente como "doença da urina preta", ela está relacionada à ingestão de pescados e este ano provocou a morte de três pessoas no país.

Em um esforço colaborativo, os 17 pesquisadores reuniram dados clínicos de pacientes e investigaram a presença de toxinas em sobras dos alimentos à base de pescado que foram consumidos pelas pessoas que adoeceram na cidade de Salvador entre os anos de 2016 e 2021. 

De acordo com Mathias Alberto Schramm, do Câmpus Itajaí do IFSC, é provável que um dos fatores causadores da síndrome sejam toxinas do grupo das Palytoxinas - produzidas naturalmente por microalgas e corais presentes no litoral brasileiro e, possivelmente, por algumas cianobactérias. Ele esclarece que esse não é um resultado conclusivo. "A principal hipótese é que um coquetel de toxinas está atuando nesses casos. Estamos só no começo desta pesquisa, ainda há muito o que analisar, por isso a importância de formar esta rede de pesquisas em torno do tema."

O professor do IFSC explica que até o momento não é possível afirmar quais espécies de pescado podem estar contaminadas e qual a origem das toxinas. “É preciso pesquisar quais são as fontes dessas toxinas tanto no litoral brasileiro quanto na bacia do rio Amazonas, onde também ocorreram casos. Até o momento, temos registros de várias espécies de peixes de topo de cadeia, ou seja, que se alimentam de peixes e outros organismos menores. ”

A investigação das possíveis toxinas presentes nos pescados estão sendo feitas no Laboratório de Algas Nocivas e Ficotoxinas (Laqua) do Câmpus Itajaí do IFSC em cooperação com o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) do Ministério da Agricultura, em São José (SC), em um trabalho que deve durar pelo menos até final de 2022. O Laboratório de Microalgas do Centro de Estudo do Mar (CEM/UFPR) também está envolvido na investigação.

Conforme relata o artigo, dos 65 casos investigados durante o surto de 2016-2017, 43 (66%) tinham níveis elevados de creatina fosfoquinase (CPK), que provocam a rabdomiólise - uma doença caracterizada pela destruição das fibras musculares. A ingestão de peixes marinhos 24 horas antes do início da doença foi relatada por 74% dos casos com CPK. O consumo de pescados é um dos fatores que identificam a síndrome de Haff.

As amostras de pescados analisadas para o artigo são de casos que ocorreram entre 2020 e 2021 e os resultados obtidos até o momento reforçam a hipótese de que compostos relacionados ao grupo das Palytoxinas se acumularam em peixes e podem ser alguns dos agentes tóxicos que causam a doença. “Nosso primeiro objetivo é determinar quais são as toxinas envolvidas na doença de Haff e depois determinar as possíveis fontes da toxina.”

O que é a síndrome de Haff

A doença de Haff ainda não tem causa definida e se caracteriza por ser uma síndrome em que ocorre uma rabdomiólise (ruptura de fibras musculares), com início súbito, apresentando rigidez, dores musculares e alterações de enzimas. Os primeiros sinais e sintomas podem se manifestar nas primeiras 24 horas após o consumo de frutos do mar contaminados. 

O professor do IFSC explica que os casos de síndrome de Haff no mundo e no Brasil são muito raros. “Os registros mostram isso. Se pegarmos a quantidade de pescado que é consumida diariamente no Brasil e pensarmos em algumas dezenas de casos ou uma centena, com uma média anual de óbitos menor que um, podemos considerar evento raro.”

Este mês, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica com recomendações às vigilâncias epidemiológicas dos estados sobre como atuar em casos suspeitos e como notificar os órgãos de saúde. Uma das orientações é buscar por amostras do pescado consumido pelo paciente.

Para ler o artigo publicado no The Lancet, clique aqui

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