CÂMPUS LAGES Data de Publicação: 15 dez 2021 14:14 Data de Atualização: 15 dez 2021 14:17
O artigo "CanControl: plataforma para diagnóstico do Cancro Europeu da Macieira" foi premiado com o primeiro lugar no XIII Congresso Brasileiro de Agroinformática, realizado de 10 a 12 de novembro de 2021. A publicação vem do grupo de pesquisa em Tecnologias Computacionais para Agricultura do Câmpus Lages do IFSC, que conta com membros da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
O primeiro lugar no evento rendeu, além da certificação, uma quantia em dinheiro, dividida entre os alunos, e a oportunidade de publicar uma versão expandida do artigo na Revista Brasileira de Computação Aplicada. "A trajetória dos Institutos Federais nas áreas de pesquisa e extensão é recente, se comparada a das universidades. Por isso, ainda somos pouco reconhecidos nestas áreas. Premiações como esta ajudam a mostrar que os IFs, e especificamente o IFSC, são capazes de produzir conhecimento relevante para a sociedade assim como as universidades e outros centros de pesquisa", comenta Wilson Castello Branco Neto, coordenador do grupo de pesquisa e autor principal do artigo.
Além do professor Wilson, o artigo conta como autores os pesquisadores da Epagri Leonardo Araújo e Felipe Ferreira Pinto, os alunos do curso de Ciência da Computação do Câmpus Lages Rodrigo Machado, Yan Ribeiro e Kevin Mondadori Mattos. Completa a lista de autores o egresso do curso de Ciência da Computação Wilson Córdova Júnior. "A participação dos alunos no projeto contribuiu para que eles desenvolvessem habilidades importantes como trabalho em grupo, autonomia, auto-organização, além dos conhecimentos técnicos necessários para a construção dos sistemas, e a premiação mostrou para eles que todo o empenho valeu a pena e os motivou a estudar e trabalhar ainda com mais dedicação para concluir as etapas que ainda restam", completa Wilson.
Para Kevin Mondadori Mattos, aluno do curso de Ciência da Computação, a participação no projeto e no artigo foram excelentes e vão contribuir para o seu currículo. "Eu tinha ideia sim de entrar na área acadêmica, principalmente para trabalhar como professor. No momento, ainda tenho algumas dúvidas, mas sinto que participar no projeto é um passo em direção a chegar neste objetivo", conta.
Kevin aponta a experiência como fundamental para sua formação e como forma de permanência e êxito. Ainda, dá um recado aos colegas: "Ver algo na prática, funcionando e sendo utilizado é muito prazeroso. Eu diria para os colegas participarem de um projeto se tiverem a oportunidade, pois agrega muito", completa.
Parceria com a Epagri
O trabalho teve início em 2017 com a aprovação de um projeto junto à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), em uma parceria entre os pesquisadores do IFSC Lages e da Epagri - Estação Experimental de São Joaquim. Na sequência foram aprovados mais três projetos internos do IFSC (Edital Universal e Edital PROPPI/DAE), entre os anos de 2018 e 2020, que resultaram no desenvolvimento das ferramentas mencionadas, que foram registradas junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 2019.
"Com o domínio do professor Wilson em programação ele viu que havia muita possibilidade de uso na agricultura, em especial nessa questão do Cancro Europeu. Fizemos algumas reuniões e definimos que um aplicativo e um site ajudariam o pessoal do campo a fazer um diagnóstico e avaliação da doença. Oficializamos a parceria, vimos toda a burocracia e fizemos o contrato.", conta Leonardo Araújo, pesquisador da Epagri.
Para chegar até o estágio atual, nestes quatro projetos atuaram 15 alunos, sendo nove bolsistas e seis voluntários. Recentemente, uma nova parceria entre o IFSC e a Epagri foi firmada para dar continuidade ao projeto, mas agora incluindo também a Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), que ficou responsável por auxiliar na divulgação do aplicativo e do site, assim como custear as despesas de hospedagem e manutenção. Leonardo destaca também o papel do projeto na formação dos alunos e no fomento a novos pesquisadores.
"Nós não temos alunos e orientandos na Epagri, então essa iniciação científica é muito importante na formação de recursos humanos. É uma responsabilidade nossa, não só de professores, mas de pesquisadores como a gente. Nós que passamos pelo doutorado temos essa função também, de passar o conhecimento e o método científico para novas pessoas. É sempre importante que se tenha cada vez mais pessoas qualificadas.", completa.
Sobre o artigo
O Cancro Europeu da Macieira (CEM) é uma importante doença que atinge pomares em várias regiões do mundo. No Brasil, a presença da doença foi constatada pela primeira vez em 2002 em um viveiro no Rio Grande de Sul e, aproximadamente dez anos depois, iniciaram os registros da doença em diversos pomares comerciais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A gravidade da doença está relacionada ao fato de que ela não tem cura, devendo a planta infectada ser arrancada e incinerada para evitar a sua propagação.
Com o intuito de divulgar informações sobre o Cancro Europeu da Macieira e facilitar o diagnóstico e monitoramento das plantas infectadas, foi criada uma plataforma composta por uma API, um sistema web e um aplicativo móvel. Os produtores cadastram plantas suspeitas (com fotos) usando o seu smartphone e os Fitopatologistas da Epagri analisam as imagens e realizam o diagnóstico de forma remota usando o sistema web. O resultado do diagnóstico é recebido como uma notificação no smartphone do produtor que fez o registro para que ele tome as providências adequadas.
A versão Android do aplicativo está disponível na Play Store e já conta com 110 downloads e 25 produtores realizaram seu cadastro para registrar plantas suspeitas. A versão IOS está em desenvolvimento e deve ser publicada no início de 2022. O site pode ser acessado no endereço www.cancroeuropeu.com.br.