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Ações inclusivas contribuem com o êxito de estudantes

CÂMPUS CRICIÚMA Data de Publicação: 07 jun 2018 10:47 Data de Atualização: 07 jun 2018 11:39
A baixa visão parecia não ser um problema para Tamila Alexandre Ferreira desempenhar as atividades do curso técnico em Edificações do IFSC Câmpus Criciúma. Até o dia em que pela primeira vez ela fez uma prova com impressão ampliada.
 
“Comecei a perceber que o tempo que eu levava para resolver uma questão diminuía muito. Quando as letras eram pequenas, eu tinha mais dificuldade, ou terminava a prova com muita dor. Mas eu não aceitava no começo, achava que era frescura, que era o que as pessoas falavam”, diz a aluna, que se formou no final de 2016. A trajetória de Tamila pelo IFSC representa de certa forma a própria evolução do Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) do Câmpus e, também, os desafios impostos às escolas na inclusão de estudantes com deficiência.
 
Há muito caminho a se percorrer. O Censo Escolar da Educação Básica de 2017 apontou que o índice de pessoas com deficiência matriculadas em classes regulares passou de 85,5% em 2013 para 90,9% em 2017. Apesar disso, apenas 40,1% dos estudantes têm acesso a atendimento educacional especializado. No Ensino Médio, as matrículas passaram de 48.589 para 94.274 no mesmo período, mas o grupo corresponde a apenas 1,2% do total de matrículas.
 
No Câmpus Criciúma, o Napne atua no sentido de estimular a cultura da inclusão na comunidade acadêmica, por meios de projetos, assessorias e ações educacionais. O núcleo contribui na implementação de políticas de acesso, permanência e êxito dos estudantes com deficiência, não só atendendo a eles, mas também orientando e fornecendo apoio aos professores. “As ações que o Napne desenvolve podem ser de fundamental importância, porém é preciso que toda a instituição esteja aberta e disposta a atuar nas atividades e ações voltadas para esse fim com equipe multidisciplinar no atendimento nas questões que envolvem o público da educação especial. Estamos trabalhando no atendimento com os responsáveis dos alunos dos cursos técnicos integrados e diretamente com os alunos dos cursos subsequentes e de graduação que se declaram na inscrição e entraram pela vaga Pessoa com Deficiência (PcD) com objetivo de oferecer uma ‘acolhida’ e identificar a melhor maneira de auxiliá-los. Consideramos que essa ação é de fundamental importância para que os alunos possam percorrer sua trajetória no IFSC com sucesso na conclusão do seu curso”, afirma o professor Gilberto Tonetto, coordenador do Napne.
 
O caso de Tamila é ilustrativo porque, antes dos professores e do próprio Câmpus, ela mesma teve de se convencer que precisava de um material adaptado à sua baixa visão. O reconhecimento da própria necessidade a fez entender que tinha esse direito e que era preciso um trabalho de conscientização dentro do Câmpus, tanto é que se tornou bolsista do Núcleo. “As pessoas precisam saber que elas têm direito. Alguns achavam que o professor estava fazendo um favor. Mas não é um favor. O Napne está ali porque é um direito delas para ter uma aprendizagem normal, igual aos outros, mas em circunstâncias diferentes. É de extrema importância. Se eu não tivesse caído na real de que precisava daquelas provas ampliadas, eu não teria ido atrás de um tratamento e estaria agravando minha doença ainda mais”, conta a ex-aluna.
 
A mesma experiência foi vivenciada por Izabela Salmeron, também egressa do curso técnico em Edificações, que possui uma doença ocular descoberta quando estudante do IFSC. Ela descobriu o Núcleo e passou a ajudar no núcleo junto com outras colegas. O principal desafio, recorda, era a conscientização. “Eu precisava de ajuda dos professores e descobri o núcleo. Começamos a nos envolver no projeto e explicar para os professores a nossa dificuldade. A maior parte do tempo era isso, as pessoas realmente entenderem que era uma dificuldade, que não era uma ‘frescura’. Todos os professores entenderam. Quando esqueciam, a gente entendia. Era uma fase de adaptação. Foram muitas conversas”, conta Izabela, para quem o apoio do Napne foi fundamental para a conclusão do curso. “Foi uma motivação para continuar no Câmpus, porque a gente via que o Câmpus estava se adequando às nossas dificuldades. Essa é a parte mais importante de uma escola. Não é só ensinar. A gente conversava sobre as dificuldades de todo mundo e a escola tentava se adaptar. Para nós foi muito importante porque foi uma motivação a mais para continuar estudando”, afirma.
 
Mais Núcleos
 
A educação é um direito de todos e o atendimento às especificidades das pessoas que fazem parte do público-alvo da Educação Especial é uma garantia prevista na legislação brasileira. Para garantir esse direito e assegurar a permanência e êxito desses estudantes, cada câmpus do IFSC conta com um Núcleo, formado por professores e técnicos que buscam promover processos educativos em condições de igualdade para esses estudantes. A lei federal 13.1409, de 28 de dezembro de 2016, instituiu que as instituições federais de ensino devem dispor uma reserva de vagas, nos cursos técnicos de nível médio e superior, para pessoas com deficiência.
 
Entre o público da Política Nacional de Educação Especial, estão pessoas com deficiência, pessoas com transtorno do espectro autista e pessoas com altas habilidades/ superdotação. Elas têm direito a cotas para ingresso, Atendimento Educacional Especializado (AEE), materiais pedagógicos acessíveis e flexibilização no currículo.
 
Coordenador do núcleo no Câmpus Criciúma, o professor Gilberto destaca que ainda há o que avançar. “Aqui no Câmpus temos uma comissão com pessoas interessadas e dispostas na construção de uma instituição melhor preparada, porém ainda necessitamos de profissionais especializados nessa área”, destaca.
 
O caminho se faz caminhando. Apesar dos avanços que se fazem necessários, o Núcleo vem contribuindo com o êxito de estudantes com deficiência para além dos portões do IFSC. Como foi o caso de Tamila, que levou para fora da instituição a consciência sobre os próprios direitos. “Sem dúvida, se eu não tivesse aprendido no IFSC que não tinha que aceitar minhas dificuldades com as provas, quando eu fosse fazer um Enem, eu ia demorar muito mais tempo. Mas quando fiz o Enem eu usei uma hora a mais, que temos direito, e fiz com a prova ampliada. Tirei uma boa nota e consegui pelo ProUni uma bolsa de estudos. Se eu não tivesse tido o Napne, eu ia me inscrever no Enem com a prova normal, teria dificuldade para terminar a tempo, não teria tirado a nota que consegui e não teria conseguido minha bolsa de estudos. Na minha vida, fez total diferença”, diz.
 
Para saber mais: acesse a página do Napne do Câmpus Criciúma.
 
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