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Acesso à mobilidade elétrica depende de ecossistema produtivo, não apenas da fabricação de carros

EVENTOS Data de Publicação: 29 abr 2022 16:35 Data de Atualização: 23 mai 2022 15:04

O IV Mobisul - Congresso Internacional de Mobilidade, apresentou o futuro da mobilidade elétrica no Brasil e no mundo. Os painelistas das plenárias nacional e internacional, realizadas dias 27 e 28 de abril, debateram o uso de carros elétricos e todo o ecossistema que envolve esse tipo de transporte, do desenvolvimento econômico à sustentabilidade, segurança, inclusão social e melhoria na qualidade de vida. O evento foi realizado no auditório do Câmpus Florianópolis – Continente, com transmissão pelo canal do IFSC no Youtube (acesse a gravação dos workshops e plenárias).

-> Veja como foi a abertura do evento

-> Conheça os projetos do Câmpus Florianópolis

Durante a plenária nacional, o engenheiro da Renault do Brasil e membro da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (ABEA), Murilo Ortolan, falou sobre como a utilização de veículos elétricos pode contribuir com a meta mundial, ratificada pelo Acordo de Paris, de alcançar a neutralidade da emissão carbono até 2050. “No Brasil, cerca de 10% das emissões de carbono são decorrentes da mobilidade. Veículos leves correspondem de 2% a 3% desse escore. A capacidade de absorção da produção de CO2 é de 30%. Então, precisamos reduzir em 70% as emissões”, projeta.

Para o engenheiro, a restrição econômica, falta de infraestrutura e o custo da tecnologia são os principais entraves à expansão da mobilidade elétrica no Brasil. Ele avalia que para promover a evolução tecnológica, no sentido de produzir veículos menos poluidores, seja utilizando elétricos de fontes de energia renovável ou híbridos movidos a biocombustível, é necessário que os países promovam a regulamentação do setor, criando regras e incentivos ao uso de combustíveis limpos. “Sem políticas públicas não temos como evoluir”, destaca.

Nesse sentido, durante a plenária internacional, os professores Carlos Ramos, do Instituto Politécnico do Porto (IPT), e José Querido Maia, do (Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), ambas instituições portuguesas que têm parceria com o IFSC, apresentaram o cenário da mobilidade elétrica na Europa e especificamente em Portugal.

Segundo o professor Carlos Ramos, até 2030, não haverá mais produção de automóveis movidos a combustão na Europa. Para promover essa mudança, os países estão adotando investimentos em infraestrutura, como estações de carregamento em locais públicos e residenciais, produção de veículos com mais tecnologia e autonomia e incentivando a conversão de veículos a combustão em elétricos. “Estamos passando por três revoluções: automação, eletrificação e a partilha – não é viável termos um carro só por pessoa”, completa.

Todas essas ações são fomentadas por incentivos governamentais, como implantação de normas, redução de impostos, incentivo à aquisição de veículos elétricos e estacionamento gratuito. Nesse sentido, atualmente, o preço de um automóvel elétrico é quase equiparável a um em combustão em Portugal e um terço da frota registrada em 2021 já é de carros elétricos, uma realidade bem diferente da brasileira.

Para o gerente geral de Engenharia da Renault na América Latina André Kuhnen, o Brasil já conta com alguns incentivos governamentais, como isenção de impostos de importação para veículos elétricos, isenção de IPVA em alguns estados e incentivos municipais, como a cidade de São Paulo, onde os automóveis elétricos podem trafegar pela faixa destinada aos ônibus e não participam do rodízio. Porém, para ele, a principal vantagem do Brasil está em sua matriz energética, mais renovável em comparação com a maioria dos países. Ele se diz otimista sobre a evolução no setor, prevendo que até 2030, 12% dos veículos no mundo já serão elétricos. “É um caminho que não tem volta. Não é uma questão de ‘se’ a mobilidade elétrica será uma realidade, mas ‘quando’”.

Tecnologias e apoio, como Inteligência Artificial e redes 5G e 6G de comunicação também foram apresentadas durante o evento. O professor da Universidade de Santiago, Chile, Ismael Soto, destacou que veículos autônomos precisarão de uma infraestrutura de controle maior, necessitando de redes de internet mais eficientes. “O 5G e o 6G não foram criados para falar, mas para proporcionar essas tecnologias de conectividade e controle”, explica. A aplicação da Inteligência Artificial na mobilidade elétrica também foi tema abordado pelo professor Carlos Ramos, do IPT.

Mercado de trabalho e mobilidade elétrica

Tornar a mobilidade elétrica uma realidade também envolve a formação de profissionais especializados. Durante a plenária nacional, foi apresentado o projeto “Profissionais para Energias para o Futuro”, iniciativa da agência GIZ, do governo da Alemanha, em parceria com o Ministério da Educação (MEC).

A representante do GIZ, Roberta Hessmann Knopki, afirma que a parceria tem o objetivo de “melhorar as perspectivas de emprego de brasileiros e brasileiras em setores estratégicos para o desenvolvimento econômico verde no país”. O projeto visa formar professores que serão responsáveis por formar profissionais, de forma inclusiva. Já foram capacitados 75 docentes de 18 instituições de ensino no Brasil, e realizada pesquisa de empregabilidade e desenvolvimento de disciplinas de mobilidade elétrica em cursos de universidades brasileiras. No IFSC, a disciplina implantada foi de “Introdução à Mobilidade Sustentável”. Para Knopki, o objetivo agora é desenvolver novos cursos para atender a demandas futuras.

Os professores Carlos Ramos, do IPT, e José Querido Maia, do IPS, destacaram como esses institutos estão atuando na formação e atualização de profissionais e na pesquisa. O IPS tem cursos voltados à produção e manutenção de veículos elétricos em nível de pós-graduação, cursos superiores e disciplinas sobre mobilidade elétrica em diversos outros cursos superiores. Também promovem a transferência de tecnologia para empresas e pesquisas no setor. “Como resultado, temos muitas empresas se desenvolvendo, inclusive líderes mundiais no setor”, destaca o professor Maia.

Mobilidade elétrica pelo ar

A mobilidade elétrica por veículos aéreos também foi tema do evento. O engenheiro Edgar Rodrigues, da EVE, empresa subsidiária da Embraer criada para desenvolvimento de veículos aéreos elétricos de pequeno porte, apresentou o projeto de um veículo que deve estar em operação até 2026, com o objetivo de promover “a democratização do voo” em grandes cidades, sendo uma alternativa para a mobilidade urbana.

Produção de tecnologia e parcerias

A WEG foi representada no evento pelo engenheiro Válter Luiz Knihs, que apresentou os produtos e alternativas produzidos pela empresa em sustentabilidade: eficiência energética e industrial; energias renováveis; mobilidade elétrica e soluções digitais para a indústria 4.0.

Na área de mobilidade elétrica, a WEG atua em projetos de caminhões, ônibus, trólebus, barcos, locomotivas e infraestrutura de eletropostos. Como estratégia de mercado, atua na produção de veículos novos e no retrofit – adaptação de veículos a combustão. “Estamos sempre apoiando novos projetos, em parceria com grandes empresas como GM, Marcopolo e BMW, startups e institutos”, explica. O IFSC é uma das instituições parceiras da empresa.

Carta de Florianópolis

Os organizadores e participantes do evento estão reunindo uma série de propostas para a “Carta de Florianópolis”, que será entregue a parlamentares. Segundo o organizador do evento pelo IFSC, professor Erwin Werner Teichmann, objetivo é apresentar sugestões de elaboração de leis e normas para fomentar desenvolvimento da mobilidade elétrica no Brasil.

O IV Mobisul

O 4º Mobisul é uma realização do Sindepark, Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de SC (Fecomércio), com apoio da Celesc Distribuição S/A, da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, WEG, Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Eletric Mobility Laboratory (Emol), Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Inova Aluguel de Carros, Mundo Car VEX São José 2022, hotéis Majestic e Slaviero. O evento conta ainda com os patrocinios das empresas Zletric, Volvo e Wecharge.

O evento integrou a I Semana da Mobilidade da Grande Florianópolis, junto com o Mundo Car Vex, evento sobre mobilidade elétrica e cidades inteligentes, que vai até sábado (30), encerrando com a Parada da Mobilidade.

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