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Novas culturas sem sair de casa

BLOG DOS INTERCAMBISTAS Data de Publicação: 15 mai 2020 11:23 Data de Atualização: 15 mai 2020 11:30

O relato de hoje é da aluna Isabela das Chagas Luis do curso técnico integrado em Mecânica do Câmpus Joinville. Ela está em Porto onde participa do projeto de pesquisa SMARTENESS pelo Propicie no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) em Portugal. 

Morando em uma casa compartilhada, Isabela nos conta o que tem aprendido nos últimos meses em relação a novas culturas.

Acompanhe seu relato:

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Uma das preocupações que tive quando estava organizando minha vinda para Porto foi onde moraria pelos três meses. Logo contatei minhas atuais colegas de quarto, Isabelli Sasdelli, do Câmpus Itajaí, e Ana Henning, do mesmo câmpus que eu, Câmpus Joinville. Decidimos que ficaríamos num quarto em uma casa compartilhada na região de São Mamede de Infesta, perto de Porto. No começo eu estava preocupada como seria dividir quarto e a casa, mesmo que eu já fosse acostumada a dividir com meu irmão mais novo, Carlos, mas hoje penso que a escolha de uma moradia compartilhada foi uma ótima decisão, não apenas financeiramente mas porque nos ofereceu uma integração com novas culturas. 

Atualmente na nossa casa estamos em sete pessoas: um casal de Moçambique; um português; e quatro brasileiros - nós três que dividimos quarto e outro natural do Rio Grande do Sul. Já tivemos contato com muitas coisas novas, como comidas,vocabulários, costumes e culturas novas. 

Quanto à comida, aprendemos sobre diversas comidas comuns em Moçambique, como a fruta do guaraná em que eles faziam uma papinha com ela e a feijoada moçambicana, que vai alguns ingredientes diferentes da feijoada brasileira como a cenoura e frango. Com o português também conhecemos bebidas feitas a base de vinho, como a Sangria, que vai além do vinho, suco e pedaços de fruta e açúcar. Mas, além de aprender, também ensinamos muitas coisas a eles. Mostramos o famoso Pavê, o nhoque (que deu muito trabalho para ser feito), macarrão ao alho e óleo e lasanha de frango e já estamos pensando em fazer um dia salpicão e coxinha de frango. 

Os vocabulários que ouvimos também nos chamaram atenção. O Português citou "Parvo" e "Totó", que é similar a pateta; "Rissóis" que nós brasileiros conhecemos como Risoles; "Sumo de fruta", que seria igual a suco de fruta; e "Encarnado", que seria “vermelho”. Além disso, eu pude perceber como os portugueses usam muitos vocabulários em inglês no dia a dia, como t-shirt, take away, pasta, chips e blueberry. 

Outro dia, nós decidimos ver o filme Madagascar em Português de Portugal.  As diferenças começaram pelo nome do filme, que é Madagáscar. e continuaram com diversos momentos em que havia palavras que nós não conhecíamos e momentos em que os personagens falavam rápido e não conseguimos entender praticamente nada. Foi uma experiência divertida. 

Nas culturas, percebi que o casal de Moçambique conhecia muito dos costumes brasileiros. Eless ouviam diversos artistas, conheciam comidas típicas, programas de televisão e até sabiam da situação do cenário político brasileiro. Entretanto, eu em comparação a eles não conhecia nada sobre Moçambique. Foi aí que conversamos e eu soube de cantores que faziam sucesso lá, de comidas comuns e sobre a política do país deles. E assim toda vez tentamos mostrar coisas nossas e eles contam sobre coisas comuns deles. Outro dia mostramos sobre as festas de Santa Catarina, como a Oktoberfest, Festa do Pinhão, Festa do Marreco, Festa Marejada entre outras festas, resultados da nossa colonização… Foi interessante, pois eles não tinham conhecimento de como nós ainda mantemos culturas de outros colonizadores além dos portugueses.

Tem sido muito gratificante poder trocar experiências e conhecimentos das coisas que para nós seriam tão comum, mas para outras pessoas é algo distante. São novas coisas que aprendemos em uma casa compartilhada com outras pessoas de lugares diferentes. Imagine o quanto aprenderíamos a mais se pudéssemos sair e visitar outros lugares em Porto e ainda mais se pudéssemos ir em outro país. Só sei que voltarei pro Brasil feliz por saber além daqueles que nos colonizaram, mas daqueles que sabiam muito de nossa cultura e eu pouco sabia da deles.

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