Publicador de Conteúdos e Mídias

Qual a diferença entre doentes assintomáticos, pré-sintomáticos e sintomáticos?

IFSC VERIFICA Data de Publicação: 21 jul 2020 09:09 Data de Atualização: 18 fev 2021 17:58

Neste exato momento, você pode ter o coronavírus e não saber. E se você acha que não tem problema fazer uma visitinha a algum familiar ou sair com poucos amigos, aí pode piorar ainda mais a situação já que, se você for um pré-sintomático ou um assintomático, pode transmitir o vírus sem nem se dar conta. Ficou preocupado(a)? Sim, a situação é preocupante mesmo e, neste post, vamos explicar:

  • - a diferença entre os pacientes assintomáticos, pré-sintomáticos e sintomáticos
  • - por que mesmo quem já teve Covid-19 precisa se cuidar
  • - o risco de visitar familiares e amigos
  • - a partir de quantas pessoas pode ser considerada uma aglomeração

A curva segue crescendo

Infelizmente, a situação do coronavírus no Brasil continua preocupante. Até o momento desta publicação, 80 mil pessoas já tinham morrido de Covid-19 segundo dados do Ministério da Saúde. Isso representa mais do que toda a população da cidade de Caçador e muito mais do que a maioria dos municípios catarinenses têm em número de habitantes. Quando você ler este texto, com certeza, esses números já serão maiores.

-> Se quiser entender melhor a curva de crescimento, assista a esta live do IFSC sobre “O que os números revelam sobre a pandemia no Brasil?”

Os casos notificados de pessoas infectadas também seguem crescendo e, o mais perigoso, de forma silenciosa. Sim, porque cerca de 45% das transmissões ocorrem quando a pessoa é pré-sintomática, ou seja, ainda não apresentou os sintomas, conforme um estudo publicado pela revista científica Science em maio deste ano.

Gráfico mostrando como funciona a transmissão do coronavírus

Para entender este cenário, é preciso saber a diferença entre as pessoas contaminadas pelo vírus, que podem ser pré-sintomáticas, sintomáticas e assintomáticas. A enfermeira e professora do curso técnico de Enfermagem do Câmpus Florianópolis do IFSC, Ângela Kirchner, nos explicou o que cada termo significa:

Todas as pessoas contaminadas podem transmitir o vírus para outras?

Sim, as pessoas pré-sintomáticas, sintomáticas e assintomáticas transmitem o vírus - o que vai mudar é quando essa transmissão pode ocorrer.  “Essa lacuna é o que realmente torna complicado o controle da pandemia porque a gente não tem como saber se aquela pessoa já está transmitindo”, alerta a professora Ângela, destacando a importância do cuidado com todas as pessoas e a questão do distanciamento social.

No início de junho, houve uma polêmica declaração da epidemiologista Maria van Kerkhove, da Organização Mundial da Saúde (OMS), de que pacientes assintomáticos contaminados pela Covid-19 não poderiam transmitir o vírus a outras pessoas. No entanto, a própria OMS esclareceu posteriormente a fala e reforçou que pessoas assintomáticas podem sim transmitir o novo coronavírus.

-> Assista a este vídeo da OMS sobre a transmissão da doença

Quando há mais risco de contágio?

No momento em que uma pessoa tem contato com o vírus, ele começa a se replicar dentro do organismo. A partir disso, quanto maior a carga viral da pessoa, mais ela vai transmitir. “Considera-se que o período de maior de transmissão é entre o terceiro dia após o contágio até o décimo quarto dia, que é quando a pessoa tem uma grande quantidade de carga viral e o organismo dela ainda não deu conta de mitigar esse vírus”, explica a professora do IFSC.

Mas como saber em qual estágio a pessoa está?

A única forma de saber isso é por meio de teste de anticorpo.

-> Leia o post que fizemos sobre como funcionam os testes que identificam o coronavírus no organismo

Mas, de maneira geral, sem testes em massa, não tem como saber se alguém é assintomático ou pré-sintomático (nesse caso, até aparecerem os sintomas). E metade das transmissões ocorrem por pessoas que se encontram nestes estágios, ou seja, estão transmitindo o vírus muitas vezes sem saber que estão contaminadas.

É por isso que o cuidado deve ser contínuo. “Você pode estar tanto no estágio pré-sintomático e depois desenvolver sintomas, bem como você pode não desenvolver sintomas da doença e ser um transmissor. Daí a importância de todos manterem as precauções de uso de máscara, lavagem contínua das mãos, distanciamento social. Isso é muito importante neste momento”, ressalta Ângela.

Já tive Covid-19. Posso parar de me preocupar?

Tem muita gente achando que o exame positivo de Covid-19 é passaporte para sair por aí e retornar à vida “normal” após se curar da doença. Não é bem assim. Ainda não há clareza sobre por quanto tempo uma pessoa que já teve o vírus fica imune a ele. Além disso, quem já teve Covid-19 pode ser um transmissor do SARS-CoV-2, como destaca a professora do IFSC:

A recomendação, segundo Ângela, é que quem testar positivo para Covid-19, a partir do momento que apresentou os sintomas, permaneça pelo menos 14 dias em isolamento, para evitar a transmissão para outras pessoas - mesmo depois que os sintomas passarem. Quem não apresentou sintomas, mas testou positivo, também deve fazer o isolamento de 14 dias.

Aja como se estivesse contaminado

Justamente por não sabermos quem pode estar com o vírus, é preciso seguir o protocolo de biossegurança e os cuidados para se proteger e proteger os outros.

Frase da professora do IFSC, Ângela: "A partir do momento que eu me considero sempre com potencial de contaminação, eu me cuido mais".

Entre as medidas de cuidado, a professora do IFSC reforça, inclusive, a higiene domiciliar como limpar as maçanetas da porta, reservar um lugar para colocar as roupas usadas na rua e a limpeza das compras. “Isso tudo são cuidados que a gente precisa estabelecer porque a gente ainda não desvencilhou cientificamente todos os meandros dessa pandemia”, diz Ângela.

-> Assista a este vídeo da IFSCTV sobre os cuidados ao chegar em casa
-> Faça sua parte -> Epidemiologista do IFSC destaca o que cada pessoa pode fazer para chegarmos mais rápido ao fim da pandemia

Tem problema visitar familiares ou sair com poucos amigos?

De acordo com a professora do IFSC, esse tipo de comportamento ainda deve ser evitado já que, no Brasil, a doença está em uma curva ascendente, ou seja, a pandemia ainda não está estabilizada. “Enquanto isso não acontecer ou pelo menos até que a gente tenha uma vacina, nós precisamos manter a questão do distanciamento pra gente proteger as pessoas”, afirma.

A partir de quantas pessoas pode ser considerado que há uma aglomeração?

Até pelo tempo que já dura a pandemia - e, por enquanto, não há uma previsão para seu fim -, algumas pessoas estão relaxando os cuidados em relação às medidas de distanciamento social. Encontros entre poucos amigos e contato com familiares acabam sendo feitos por se entender que não são aglomerações. No entanto, a professora Ângela alerta que, neste momento, encontrar com qualquer pessoa que não esteja no seu convívio social cotidiano pode ser considerada uma aglomeração.

Ângela explica que, se todas as medidas fossem seguidas - como se encontrar em um local aberto com todos usando máscaras e mantendo uma distância de dois metros das outras pessoas e sem contato físico -, até não haveria tanto risco, mas alerta que o perigo de afrouxar os protocolos de biossegurança é que nem todos têm o bom senso de fazer isso de maneira adequada. “Entre o veneno e o remédio, o problema está na dose. Como dosar esse convívio sem que a gente extrapole e nos coloquemos em risco e coloquemos outras pessoas no risco de adquirir o vírus?”, enfatiza.

A professora reconhece que o distanciamento social acarreta um sofrimento, mas que por enquanto ainda é necessário. “Ninguém gostaria de ser responsável de transmitir o risco para outras pessoas e seria muito triste se a gente vai conviver com familiar e depois a gente descobre que fomos nós o foco de transmissão”, comenta.

Quero iniciar o distanciamento social com outras pessoas. É só me juntar?

Não. Para que você possa começar um isolamento junto com a alguém da sua família ou amigos que ainda não estão na mesma casa que você, é preciso fazer um isolamento total (lockdown) de 14 dias - tanto você quanto as outras pessoas. “É o período que, se eu tivesse contato hoje com o vírus, durante 14 dias não teria mais possibilidade de transmissão viral a partir dessa data”, explica a professora do IFSC. Mas atenção: é um isolamento total dentro de casa que não deve incluir nem idas a mercado, por exemplo. Ângela recomenda que haja uma logística para que as compras sejam feitas antes como uma forma de permitir esse isolamento total.

O que fazer por enquanto?

A resposta continua sendo a mesma que já demos em outros posts por aqui: aguardar por uma vacina. Em todo mundo, 130 vacinas já estão sendo desenvolvidas segundo Ângela, mas é um processo demorado.

-> Veja neste post por que é tão demorado produzir uma nova vacina

Individualmente, o que cada um deve fazer é seguir mantendo as precauções como uso de máscara, lavagem contínua das mãos, uso de álcool em gel e o distanciamento social. “A partir do momento que todo mundo se cuidar, o vírus não se transmite mais e ele se mitiga e nós podemos ter um afrouxamento e voltar à nossa rotina”, diz Ângela. 

Frase da professora do IFSC. Ângela: "A responsabilidade para que o vírus pare de circular é de todo mundo".

Mande sua dúvida

Tem alguma dúvida sobre a Covid-19? Quer comentar algo sobre este post? Escreva pra gente pelo e-mail verifica@ifsc.edu.br.

Assine o IFSC Verifica

Se você quiser receber nossos posts por e-mail sempre que publicarmos, deixe seu e-mail no nosso cadastro.

IFSC VERIFICA