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Você tem um ou mais fatores de risco para a Covid-19?

IFSC VERIFICA Data de Publicação: 15 set 2020 14:10 Data de Atualização: 18 fev 2021 18:32

Para algumas pessoas, o vírus Sars-Cov-2 causa apenas sintomas leves e semelhantes aos da gripe. Porém, para outras, pode ocasionar a forma grave da Covid-19. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 40% dos casos parecem ter doença leve; 40%, doença moderada; 15% parecem progredir para doença grave; e 5% ficam em estado crítico. Pessoas idosas e com condições de saúde preexistentes (como pressão alta, doenças cardíacas, doenças pulmonares, câncer ou diabetes) parecem desenvolver doenças graves com mais frequência do que as outras. 

O IFSC Verifica foi pesquisar o que são fatores de risco para o desenvolvimento da forma grave da Covid-19. Veja no post de hoje:

- O que são fatores de risco

- Estatísticas sobre os fatores de risco em relação aos óbitos

- Hábitos que minimizam os fatores de risco

- Cuidados que todos devemos tomar

- Por que é tão difícil controlar os fatores de risco no Brasil

O que são fatores de risco?

Segundo a professora de Enfermagem Juliana Fernandes da Nóbrega, do Câmpus Florianópolis, a expressão “fatores de risco” é mais correta que “grupos de risco”. Ela explica que fatores de risco são uma série de condições e comorbidades, ou seja, doenças prévias que fazem com que a pessoa tenha maior probabilidade de desenvolver a forma grave da doença, de necessitar de hospitalização ou ter mais chances de morrer em comparação a quem não tem nenhum fator. 

Porém, a professora alerta que isso não quer dizer que a pessoa que não tenha fatores de risco não possa desenvolver a forma grave da doença, pois há muitos casos de pessoas jovens e saudáveis com sintomas graves ou mesmo indo a óbito.

Além disso, ter um fator de risco não significa que a pessoa tem mais chances de se contaminar pelo Sars-Cov-2, apenas que, se contaminada, tem maior possibilidade de desenvolver a forma grave de Covid-19, que em termos técnicos também pode ser chamada de Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG).

Quais os principais fatores de risco?

O Boletim Epidemiológico 30, do Ministério da Saúde, aponta que de 16 de fevereiro a 5 de setembro de 2020, o Brasil registrou 122.772 mortes por SRAG ocasionada pela Covid-19. Destes, 78.037 (63,6%) apresentavam pelo menos uma comorbidade ou fator de risco para a doença.  

Segundo a professora de Enfermagem, os principais fatores de risco são a idade avançada (acima de 65 anos) e doenças crônicas não transmissíveis, como cardiopatias (entre elas a hipertensão arterial sistêmica, a “pressão alta”), diabetes tipo 2 e obesidade/sobrepeso. Quanto mais fatores de risco a pessoa tiver, mais risco ela corre de desenvolver sintomas graves.

São doenças muito relacionadas à idade, pois quanto mais velha for a pessoa, mais chance ela tem de desenvolver doenças crônicas. Porém, este não é o único fator: “por exemplo, no Brasil e nas Américas, há uma grande incidência de crianças obesas, que é um fator de risco”, alerta a professora Juliana, lembrando ainda que muitas crianças com comorbidades também desenvolveram os sintomas graves da Covid-19.

Veja a explicação mais detalhada no vídeo:

 

Quais outros fatores de risco para desenvolver a forma grave da Covid-19?

Além dos já citados, há vários outros fatores de risco e comorbidades que podem agravar quadros de Covid-19. O gráfico abaixo, do Ministério da Saúde, demonstra quais os mais prevalentes entre as pessoas que morreram da doença no Brasil no período de 16 de fevereiro a 7 de setembro de 2020:

Gráfico mostra comorbidades e fatores de risco dos óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19

Para pessoas com 60 anos ou mais, cardiopatias, diabetes, doenças neurológicas e renais foram os principais fatores apresentados. Já entre as pessoas com menos idade, a obesidade está em terceiro lugar em número de óbitos. 

Outros fatores também podem ser destacados, como doenças relacionadas ao pulmão (pneumopatias como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, asma, entre outras), visto que a Covid-19 compromete significativamente as vias respiratórias. É importante lembrar que o hábito de fumar é fator de risco para doenças respiratórias, o que torna o fumante ainda mais vulnerável às complicações da Covid-19. Veja no site Saúde Brasil, do Ministério da Saúde, quais os bons motivos para deixar de fumar durante a pandemia e dicas de como fazê-lo.

Pessoas imunodeprimidas também estão entre as que apresentam fatores de risco, como portadores de HIV, doenças autoimunes (artrite reumatoide, lúpus, entre outras), ou qualquer situação que necessite do uso de imunossupressores, como transplante de órgãos. Porém, segundo a professora, nem todos os medicamentos imunossupressores tornam a pessoa mais vulnerável para desenvolver a forma grave da Covid-19. Nesse caso, o importante é o paciente conversar com seu médico.

O gráfico acima destaca ainda outras doenças, como neurológicas, hepáticas, renais e hematológicas como fatores de risco. Em todos os casos, segundo a professora Juliana, o alerta maior é para os pacientes que não estão realizando o tratamento adequado, pois o desequilíbrio das doenças preexistentes torna esses pacientes mais vulneráveis à forma grave da Covid-19.

Sobre pacientes com câncer, um estudo do Instituto Nacional do Câncer (Inca) detectou que esses indivíduos têm mais chances de desenvolver a forma grave da Covid-19. Entre os principais fatores do agravamento estão a idade, o câncer em estado avançado, a metástase, o paciente em cuidado paliativo e a Proteína C Reativa (que é detectada no sangue). Veja mais detalhes sobre o estudo na página do movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), que também traz dicas para esses pacientes.

- Veja mais sobre os riscos durante a gravidez e puerpério.

- Saiba mais sobre a relação entre obesidade e Covid-19.

- Veja no estudo do CDC (em inglês) informações mais detalhadas sobre riscos e tratamentos para doenças crônicas específicas.

Manter o fator de risco sob controle

Para quem tem um fator de risco, é importante manter a doença de base estabilizada. De acordo com a professora Juliana, se a pessoa já sabe que tem uma doença de base, o que ela deve fazer nesse momento é manter o tratamento e adotar hábitos de vida saudáveis. “O CDC, que é o Centro de Prevenção e Controle de Doenças, trouxe um documento sobre a pandemia ressaltando a importância do controle adequado dessas doenças crônicas. Uma pessoa que tenha uma doença crônica que esteja muito controlada, ela zera o fator de risco, fica no mesmo patamar que aquela que não tem”, destaca Juliana. 

Por exemplo, caso um diabético que está com a glicemia controlada e praticando exercício físico contraia a Covid-19, o organismo dele vai responder melhor à doença do que um diabético sem esses cuidados. O mesmo vale para pessoas com imunossupressão, doenças autoimunes, pacientes renais, entre outras.

Como aumentar os fatores de proteção contra a forma mais grave da Covid-19

- Manter o uso de medicamentos prescritos pelo médico e a agenda de consultas de rotina;

- Manter uma alimentação saudável (veja dicas sobre como se alimentar com qualidade durante a pandemia);

- Evitar o sedentarismo (veja dicas para realizar exercícios físicos com segurança durante a pandemia);

- Manter uma rede de contatos, com familiares e amigos, evitando o isolamento e cuidando da saúde mental (veja dicas sobre como cuidar da saúde mental durante o distanciamento social);

- Filtrar o tipo de informação recebida, evitando orientações erradas sobre tomar ou não medicações. Em caso de dúvida, consultar o médico de confiança.

No vídeo, a professora Juliana explica como a saúde em equilíbrio é fator de proteção contra a Covid-19 e outras doenças:


Evitar a contaminação é para todos

Pessoas com ou sem fatores de risco têm a mesma chance de se contaminar com o novo coronavírus. Por isso, as recomendações de prevenção valem para todos.  “Os cuidados, a prevenção, precisam ser para todos nós, mesmo para quem não tem fatores de risco. Até porque ao me cuidar, eu cuido do outro. Então a gente reforça essa fala, que é uma ação comunitária, muito para além do individual”, destaca a professora Juliana.

Para as pessoas com fatores de risco, o importante é minimizar a exposição ao vírus segundo Juliana, adotando medidas como distanciamento social, uso de máscaras, lavagem das mãos, entre outros. Como estamos há seis meses de distanciamento social, é difícil se manter em casa. Assim, quando for necessário sair, tomar todos os cuidados possíveis, como manter distanciamento, usar máscara e preferir locais abertos.

Por que é tão difícil controlar os fatores de risco no Brasil

As doenças crônicas não transmissíveis (cardiopatias, diabetes e obesidade) são as responsáveis pelas principais causas de morte no mundo e no Brasil. “Podemos citar o infarto agudo do miocárdio e as doenças cérebro-vasculares, o acidente vascular cerebral, o famoso derrame, que são resultado dessas doenças crônicas, quando não bem acompanhadas e tratadas”, aponta a professora Juliana. 

Segundo ela, o quadro dessas doenças é mais preocupante no Brasil devido a uma particularidade: muitas pessoas descobrem que têm doenças crônicas apenas quando têm um problema grave, como um infarto ou derrame. Além disso, a pandemia do novo coronavírus agravou esse cenário: muitas pessoas descobrem que têm uma doença crônica apenas quando estão sendo internadas nas UTIs com Covid-19. “Quando a gente pensa nas mazelas socioeconômicas, que o serviço de saúde não chega a todos, ou chega de forma insuficiente, sabemos que essas pessoas estão muito mais vulneráveis a desenvolver a forma grave da doença”, alerta Juliana. 

Para a professora, “a pandemia escancara o retrato de saúde do Brasil. É também característica de países que não investem com força em ações de promoção da saúde, eles têm alta prevalência e incidência de doenças crônicas não transmissíveis, e por consequência uma alta incidência de crianças, jovens, adultos e idosos que estão desamparados e mais expostos aos agravos desta pandemia”. Dessa forma, “mudar o foco” da atenção da saúde para a prevenção é a melhor maneira de evitar complicações pela Covid-19 e outras doenças.

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