Defesa da pedagogia histórico-crítica marca o lançamento da revisão do projeto pedagógico institucional

INSTITUCIONAL Data de Publicação: 23 mai 2023 10:15 Data de Atualização: 29 mai 2023 18:39

Qual a formação que o IFSC quer oferecer em seus cursos e como a instituição pode contribuir para a formação de professores no País? Essas foram algumas das provocações que o professor emérito da Unicamp e idealizador da pedagogia histórico-crítica, Dermeval Saviani, deixou para reflexão após sua palestra desta segunda-feira (22), que marcou o lançamento do processo de revisão do Projeto Pedagógico Institucional (PPI). O PPI é um dos capítulos centrais do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), cuja próxima edição - de 2025 a 2029 - está oficialmente em elaboração desde o início deste mês. A partir de agora, uma comissão irá organizar a revisão do atual PPI, que deverá ser finalizada até outubro de 2024.

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Cabe a cada instituto federal definir em seu PPI a orientação curricular a ser seguida por todos os câmpus. “O momento atual [de revisão do PPI] é uma oportunidade de ouro para fazer essa definição”, destacou Saviani. Em sua palestra feita de forma virtual, o professor fez um resgate histórico sobre o surgimento dos institutos federais e criticou a pedagogia das competências, orientação curricular que, segundo ele, vem predominando na atualidade e se expressa nas diretrizes curriculares nacionais. “O instituto federal não pode se limitar à pedagogia das competências, mas sim assumir uma proposta transformadora”, afirmou.

Para o professor, o objetivo da educação é conduzir cada indivíduo até a condição de governar e de controlar quem governa. “Fica claro que tal objetivo não poderá ser alcançado com currículos que pretendem conferir competências para a realização das tarefas - de certo modo mecânicas e corriqueiras - demandadas pela estrutura educacional, concentrando-se de forma limitada na qualificação profissional, e secundarizando o pleno desenvolvimento da pessoa e o preparo para o exercício da cidadania”, ressaltou.

É por isso que Saviani sugere ao IFSC reforçar a pedagogia histórico-crítica, que já é a que orienta o atual PPI. Conforme observou o pró-reitor de Ensino do IFSC, Adriano Larentes da Silva, na cerimônia que marcou o lançamento da revisão do PPI - e que antecedeu a palestra do professor Saviani-, a opção do IFSC pela pedagogia histórico-crítica foi feita após intensos debates realizados principalmente em 2014, para a construção do PPI de 2015-2019. Porém, sem mencionar essa pedagogia, a instituição já apontava nessa direção no PPI 2009-2013. “Apesar da concepção proclamada em nossos documentos norteadores, existe um enorme desafio para que a pedagogia histórico-crítica se materialize nos currículos e no cotidiano institucional”, ponderou. 

A palestra de Saviani teve justamente como objetivo trazer uma maior compreensão dos fundamentos da pedagogia histórico-crítica e da sua defesa enquanto perspectiva institucional. O evento foi transmitido ao vivo no canal do YouTube do IFSC e a gravação pode ser assistida abaixo:

Importância do PPI

O PPI define o ideal educativo da instituição em termos de políticas de ensino, pesquisa, extensão e gestão. Conforme consta no atual PDI, “trata-se de um instrumento político, filosófico e teórico-metodológico, norteador dos seus processos e práticas, fundamental à construção da identidade institucional e que expressa as suas intencionalidades transformadoras para os próximos anos”.

Na cerimônia que marcou o lançamento da revisão do PPI, o reitor do IFSC, Mauricio Gariba Júnior, ressaltou que a razão de ser dos institutos federais se fundamenta no compromisso com a formação integral e com o fortalecimento de um estado democrático e soberano voltado à garantia dos direitos fundamentais e de uma vida digna a todos. “Nesse contexto, a revisão do PPI do IFSC deverá ser um processo contínuo de construção coletiva, baseado nas práticas de ensino e aprendizagem, nas relações interpessoais e no desenvolvimento humano e deve reconhecer que tudo o que ocorre na instituição é educativo e que aprendizagem é um processo permanente de construção social”, disse.

Segundo o gestor máximo da instituição, os princípios que norteiam a revisão do PPI do IFSC devem incluir o respeito à diferença, a igualdade de oportunidades e acesso, a garantia da educação pública e de qualidade, a defesa da interculturalidade, a gestão democrática, a valorização dos profissionais da educação,a qualidade do ensino, a organização do ensino, a integração com a comunidade escolar e a autonomia. “O PPI do IFSC deve levar em consideração a posição político-pedagógica atual da instituição, envolvendo a comunidade acadêmica no debate para aumentar a consciência institucional, identificar fragilidades, conquistas e desafios para o futuro”, destacou. 

Próximos passos

Uma comissão temática presidida pela diretora de Ensino do IFSC, Juliana Almeida Coelho de Melo, é responsável pela revisão e atualização do PPI. Conforme o planejamento para o trabalho de elaboração do PDI - detalhado na Resolução 11/2023 do Conselho Superior (Consup) - o documento passará por uma avaliação crítica das áreas técnicas de ensino, pesquisa, extensão e assuntos estudantis e a minuta ainda ficará disponível para consulta pública. Após esse período, o novo PPI será encaminhado para a aprovação do Colegiado de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e depois para a aprovação do Consup junto com a minuta consolidada do PDI 2025-2029.

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