Estudando novos idiomas em Bragança

BLOG DOS INTERCAMBISTAS Data de Publicação: 14 dez 2023 10:30 Data de Atualização: 14 dez 2023 10:30

No post de hoje, vamos acompanhar como está sendo a experiência de intercâmbio do estudante Pedro Cassana dos Santos, do curso de Gestão de Turismo do Câmpus Florianópolis-Continente. Desde agosto ele está em Mirandela, no distrito de Bragança, cursando disciplinas de espanhol e francês no Instituto Politécnico de Bragança (IPB). Ele nos contou um pouco das suas impressões sobre diferenças culturais e deu dicas para quem também pensa em estudar em outro país.


Saiba mais sobre a rotina e novos aprendizados do Pedro no relato a seguir:


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Bom, dia 13 de setembro faz um mês que estou em Mirandela, Portugal. Estou em mobilidade a fim de estudar línguas e turismo. Ir para outro país sozinho e sem conhecer ninguém é uma experiência incrível, cheio de altos e baixos, assim como a vida, mas uma grande oportunidade de se descobrir dentro de outras perspectivas. Mirandela é uma cidade com cerca de 13 mil habitantes, dos quais um grande percentual se encontra nas aldeias, um pouco mais retirados do centro. Existem poucos lugares turísticos a se conhecer, em contrapartida, o turismo rural está em alta aqui por ser uma cidade com produção de azeitona e castanhas.

O instituto Politécnico de Bragança é relativamente grande, com equipamentos (acho eu) de última geração, com boa estrutura e até mesmo um café no piso inferior, para os alunos degustarem de uma boa alimentação durante o período das aulas. Os professores são bem qualificados, com metodologias inclusivas, apenas deixam a faltar quando o assunto é “alunos inquietos ou desinteressados”, pois já houve casos de eu não conseguir prestar atenção e não conseguir entender, lembrando que estou aprendendo uma segunda língua com professores que falam uma terceira língua. Talvez o ponto não seja os professores, pode ser que a cultura das universidades em Portugal seja diferente do que a do Brasil.

Logo que cheguei a faculdade fui à diretoria pegar o meu cartão de estudante o qual, para ganhar presença nas aulas, preciso aproximar de uma máquina, assim como, para que eu possa imprimir ou até mesmo comer na cantina, preciso aproximar o cartão. Outro detalhe interessante é que você pode carregar o cartão para se alimentar. Estou trabalhando na Biblioteca do IPB 7h e 30 minutos por semana, e ganho um auxílio em euros no cartão de estudante. O que eu não gostei foi que, se eu quiser retirar esse “dinheiro” que ganhei trabalhando na biblioteca, eu não posso.

Algo muito bom é a variedade dos cardápios da cantina, todo dia você pode optar entre carne, peixe ou vegetariano. O detalhe é que você precisa reservar um dia antes pelo site do IPB. Outro detalhe muito legal é a plataforma utilizada para os alunos, seja o IPBonline no qual reservo o almoço/janta ou o IPBvirtual, onde tenho acesso aos materiais deixados pelos professores, como lembretes e informações.

Falando um pouco sobre o dia a dia na universidade, passei por um caso no qual me senti julgado por ser de onde sou ou até mesmo por ser como sou. Pode ser que seja apenas uma má interpretação do contexto, levando em conta todo o fluxo de informações novas que estou experienciando, mas foi algo que me fez refletir. Aproveitando essa deixa, descobri que o IPB nos dá a possibilidade de nos encontrarmos com a psicóloga que atua no Instituto, sem custo algum.

Língua: Esta foi a primeira vez que tive contato com o português de Portugal, então no começo foi um pequeno choque, por ser um pouco mais difícil de entender. Na aula de Espanhol a professora é da Espanha, então está sendo super interessante aprender uma nova língua com uma pessoa nativa. Já no francês complicou um pouco, por ser uma língua que exige mais atenção e dedicação para aprender. Agora, no inglês não obtive a mesma sorte, as matérias ofertadas exigiam um nível mais avançado, com isso acabei tendo que escolher outra matéria.

Amizade: Minhas primeiras amizades na faculdade foram brasileiras, alunas do IFG. Hoje em dia tenho mais conhecidos, do Brasil e da África. Com os portugueses não senti tanta liberdade para começar novas relações.

Curiosidades: O que me chama atenção nesse momento é o choque cultural, os brasileiros são muito calorosos em suas relações, e a primeira impressão que tenho é que os portugueses são diferentes nesse aspecto. Outro detalhe é a comida da cantina, com uma variedade de peixes, carnes e vegetarianos com salada à vontade. No âmbito das aulas, em algumas tenho a impressão de ser uma extensão do ensino médio, nas quais ainda se tem aquele olhar de ensino médio com os alunos, como pedir para ir ao banheiro ou ter muitas conversas aleatórias em horário de aula. Os professores de todas as aulas deixam o material de ensino na plataforma para podermos baixar ou até mesmo imprimir caso necessário. Metodologia/Ensino: As didáticas dos professores são bem interessantes, sendo que tem uma delas que puxa mais para o trabalho de campo, até mesmo o trabalho final será sobre a elaboração de um projeto. Outro caso são as professoras que buscam uma metodologia que se aplique a todos os alunos presentes em classe, visto que temos diferentes pessoas com diferentes níveis de línguas, com isso me senti acolhido para aprender. O que me frustrou foi o fato de querer muito fazer a matéria de inglês e não poder, por ser o único aluno em aula que não sabia o básico, mas em relação às outras matérias está sendo super legal. Confesso ter bastante dificuldade em francês ainda, mas espero que até o final deste semestre as coisas estejam mais simples. Aprendizado: Talvez ainda seja muito cedo para estar falando sobre o aprendizado, mas o que posso adiantar é que estar em contato com outras culturas, podendo conhecer mais de perto outras realidades de vida e outros olhares para o simples fato de existir, vai ser um grande aprendizado para a vida.

Rotina (se intercâmbio presencial): Atualmente moro a 10 minutos a pé da faculdade, com um casal de brasileiros e uma mulher dos Estados Unidos. Consegui essa casa para morar via um grupo no WhatsApp quando ainda estava no Brasil. Ainda estou no processo de adaptação em relação à rotina, pois como tive que optar por escolher outra matéria que não o inglês, estou esperando para ver em qual dia terei aulas.

Comidas: Eu gosto muito de cozinhar, onde moro é individual a alimentação, então cada um cozinha o seu, mas vire e mexe nós fazemos comidas todos juntos. Porém, como estou trabalhando na biblioteca da faculdade, eu ganho dinheiro em um cartão que você só pode gastar nas cantina e impressões, com isso, consigo almoçar e jantar de segunda a sábado na universidade. O que me chama atenção aqui é a variedade de peixes no menu da cantina e os preços dos chips, chocolates, sorvetes e bolachas. Gostei muito do filé de salmão.

Saudades: Obtive muito apoio dos meus familiares e amigos quando comentei sobre o intercâmbio, mesmo não sendo minha primeira vez na Europa, me deixaram com o coração quentinho em relação a estarmos juntos, mesmo que longe. Como estou tendo um fluxo de informações gigantesco todos os dias, talvez ainda não tenha dado tempo de sentir saudades, mas não ter as pessoas que você ama do seu lado para te abraçar, faz total diferença. Eu falo ao menos uma vez por semana com meus pais.

Dicas: o que você diria aos estudantes que pretendem realizar intercâmbio? Primeira coisa é que busquem as coordenações de seu curso para estarem cientes do que é preciso para a realização do intercâmbio. Deixe um dinheiro reservado para isso, assim como todos os documentos necessários. Agora, quando já estiverem em mobilidade, eu aconselho a se permitirem viver o que o mundo estará te ofertando, não tenha medo de viver novas experiências, aproveite esse novo contexto para se aproximar de você mesmo e para descobrir novas perspectivas sobre o mundo. Abra sua mente e coração e viva intensamente um dia de cada vez.

 

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