Rotina e amizades na cidade de Porto

BLOG DOS INTERCAMBISTAS Data de Publicação: 28 dez 2023 10:30 Data de Atualização: 28 dez 2023 10:30

Para inspirar sonhos para o seu próximo ano, trouxemos mais um relato de intercâmbio de uma das nossas alunas que foi este ano para Portugal através do Propicie. A Renata Digsasz de Araujo, aluna do Técnico em Química do Câmpus Jaraguá do Sul, realizou um projeto no Instituto Politécnico do Porto (ISEP) durante o último semestre de 2023 e contou sobre essa experiência para nós enquanto ainda estava em intercâmbio.

Conheça as diferenças culturais e curiosidades que ela percebeu durante seu período em Portugal, assim como um pouco da rotina e novas amizades que ela fez por lá.
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Minha família ficou feliz por mim quando descobriram que eu havia sido aprovada no PROPICIE e se colocaram à disposição para me ajudar com o que fosse necessário e possível. Eu inicialmente fiquei surpresa, mas conforme se aproximava do dia da viagem, passei a ficar ansiosa e com medo de vir, principalmente por ter medo de viajar de avião.

Apesar de não ter sido a primeira vez que eu viajei de avião, foi a primeira vez que realizei uma viagem internacional/intercontinental e é também a primeira vez que moro sozinha. Mesmo há mais de 8000 km de distância de casa, não senti muita diferença aqui, talvez porque minha cidade é tão segura quanto a cidade do Porto, por questão da língua ser muito similar, pela a arquitetura ser parecida com a de alguns lugares em que já vivi ou pelo meu círculo social ser composto praticamente por brasileiros. Ainda assim há muitas diferenças consideráveis, como a existência do metrô, o transporte público no geral, os pontos turísticos e a quantidade de pessoas de diferentes nacionalidades que se encontram aqui, etc.

Sobre as coisas que são diferentes aqui, eu poderia começar falando da língua, que de igual tem só o nome, pois o sotaque e o significado das palavras são muito diferentes, fazendo com que seja difícil a comunicação inicialmente, mas que após um período de adaptação se torne mais fácil. Outras coisas que são diferentes aqui são o valor dos alimentos, que desconsiderando a cotação, são bem mais baratos no Brasil, o que significa que aqui o poder de compra é um pouco maior. Algo que eu gostei de ver por aqui é a organização política das pessoas, que é bem diferente da minha cidade. Os alimentos tradicionais daqui são maravilhosos, a francesinha e o Pastel de Nata foram alimentos que me surpreenderam positivamente.

Anteriormente citei que estou morando sozinha pela primeira vez. Apesar de ser razoavelmente independente e conseguir satisfazer minhas necessidades quando necessário, me encontrei um pouco perdida nessa cidade, considerando que os produtos disponíveis são diferentes daqueles existentes no Brasil e que eu não sei cozinhar e tenho preguiça de cozinhar. Ao perceber algumas dessas dificuldades, principalmente aquelas relacionadas à alimentação, tomei a decisão de ir me consultar com a nutricionista do ISEP, que me auxiliou com minhas questões e me ajudou a planejar as minhas refeições. Apesar disso, geralmente almoço no ISEP, por conta da praticidade.

Antes de comentar minhas rotinas, gostaria de fazer uma observação sobre os amigos que fiz aqui, pois me aproximei majoritariamente de brasileiros, alguns que vieram para realizar a Dupla Titulação e outros que vieram para fazer o Propicie, como eu. Aos finais de semana geralmente nos reunimos e realizamos algum tipo de programa de lazer, como ir à praia ou visitar lugares turísticos por Portugal. Nos dias de semana, além de planejar o que será feito nos finais de semana, minha rotina se baseia em vir à instituição, ir à academia e voltar ao Hostel em que estou hospedada.

Uma das coisas que eu percebi de cara quando vim para a universidade pela primeira vez foi a roupa que alguns alunos usam. Aqui existe uma cultura da praxe (conhecida como trote por nós), na qual os alunos se vestem de forma parecida com os personagens de Harry Potter (na verdade, seria o contrário) e utilizam colheres gigantes, que é o símbolo da praxe, e realizam algumas atividades com os calouros.

Minha atuação no projeto tem a parte prática e a parte teórica. Na parte prática eu auxilio a preparar algumas soluções ou amostras, a preparar os reagentes do HPLC e afins. Na parte teórica eu leio alguns artigos sobre o projeto e também faço o desenvolvimento de um artigo sobre o projeto. O objetivo é qualificar e quantificar os poluentes orgânicos que são absorvidos pelos bombeiros durante o trabalho e o treinamento. Inicialmente foi um pouco difícil de entender o projeto ou qual seria minha função dentro dele, pois alguns dos métodos utilizados eu ainda não havia visto, mas conforme fui trabalhando e lendo sobre o projeto, mais fácil ficou de assimilar e entender os métodos utilizados.

Creio que essa experiência vem sendo muito enriquecedora de forma pessoal e profissional, apesar da distância da família e do choque cultural. Ter a chance de realizar o intercâmbio nesse momento me fez conhecer a mim mesma de uma forma muito mais profunda, visto que estou distante de toda a vida construída para mim no Brasil. Assim sendo, sou muito mais capaz de entender e descobrir meus pontos fortes e fracos. Se eu pudesse dar uma dica para alguém que pensa em vir para cá, meu conselho seria apenas para que a pessoa tentasse mesmo, e que viesse com a cabeça aberta, disposta a conhecer a cultura do lugar, as comidas, entre outros. Mas o ideal é vir com muito planejamento financeiro também, pois como as coisas são "baratas" você acaba gastando às vezes mais do que deveria, sem perceber.

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