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Um intercâmbio musical na Itália

BLOG DOS INTERCAMBISTAS Data de Publicação: 15 fev 2024 10:30 Data de Atualização: 05 mar 2024 14:50

Nossa estudante de Prática de Orquestra do Câmpus Florianópolis, Carolina Momm de Melo, participou em 2022 do Programa de Cooperação Internacional para Intercâmbio de Estudantes de Prática de Orquestra do Câmpus Florianópolis. Em novembro e dezembro daquele ano, ela viveu a experiência de estudar música na Itália, entre aulas de canto e regência, e participar de diversos espetáculos, além de conhecer lugares históricos e criar vínculos com músicos de lá.

Seu relato, assim como muitos outros de alunos e servidores dos Institutos Federais, foi publicado no fim do ano passado no ebook Vozes da Internacionalização: narrativas de estudantes e servidores(as) da educação profissional, científica e tecnológica, publicado pela Editora do Instituto Federal Catarinense (IFC).

Leia o relato completo da Carolina e veja como foi essa experiência:
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Sou Carolina, tenho 26 anos e sou aluna do Curso de Prática Orquestra do IFSC campus Florianópolis, onde estudo a prática do violino no ambiente orquestral. A seguir, farei um relato da minha experiência de intercâmbio realizada em novembro e dezembro de 2022 na Itália. 

O programa de cooperação internacional para intercâmbio de estudantes do Instituto Federal de Santa Catarina, a partir do edital N° 01/ 2022/ RI/ Câmpus Florianópolis, proporcionou a experiência de mobilidade para cinco estudantes do curso FIC prática de orquestra. Desembarcamos no dia 24/11/22 em Milão e partimos para Venegono Inferiore, próximo a Varese. 

O curso organizado pelo Maestro Giovanni Tenti foi dividido em três partes: técnica de canto, regência de motetos italianos e análise da quinta sinfonia de Beethoven. Além disso, participamos do coro da Associação Ars Cantus em preparação para um concerto realizado no dia 7 de dezembro. As primeiras lições iniciaram no dia 25/11, onde aprendi técnicas de respiração e emissão de voz do bel canto. Minha voz foi classificada como soprano 1, o que representou um desafio durante minha preparação do repertório do coro, visto que precisei cantar a parte mais aguda do repertório. 

Após o contato inicial com o canto, tivemos as primeiras aulas de regência coral. O repertório consistia em duas “Ave Maria”, dos compositores de Victoria (1548 – 1611) e Dietsch (1808 – 1865). Inicialmente aprendemos a fazer uma análise da organização dos compassos e como fazer sinalizações nas partituras. Em seguida, o exercício foi cantar todas as vozes e ensiná-las aos outros colegas que simulavam a formação de um coro a quatro vozes. Finalmente, era feita a regência juntando todas as vozes e exercitando os gestos aprendidos.

Essas aulas com motetos italianos a quatro vozes se repetiram ao longo dos dias, variando o repertório e os trechos a serem estudados. Na maioria das vezes, o maestro sugeria 30 a 40 minutos de estudo individual para que em seguida aplicássemos o método de ensinar os colegas, juntar as quatro vozes e fazer a regência. Pude perceber diversas habilidades a serem desenvolvidas para conseguir fazer uma boa regência coral, como uma emissão de voz clara e afinada, a importância de uma boa leitura à primeira vista, a precisão rítmica e um bom ouvido relativo para poder passar as vozes apenas com a referência de um diapasão, sem a dependência de um piano.

No domingo, 27 de novembro, fomos a Varese. Conhecemos um parque com uma área verde imensa com vista para o lago, em seguida fomos ao Campo dei Fiori e, por fim, conhecemos o Palazzo Estense, local onde a Ars Cantus realizou diversos concertos.
No dia seguinte fizemos nossa primeira apresentação do quinteto “Solisti di Floripa”, onde tivemos a oportunidade de apresentar um repertório diverso de músicas brasileiras: Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Guerra-Peixe, Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, entre outros. O concerto foi realizado na sala de um edifício no centro da cidade, com a presença de coralistas da Ars Cantus, membros da comunidade e autoridades locais. No link a seguir é possível assistir na íntegra:

 

 

 

Ao longo das duas semanas fizemos quatro ensaios com o coro, uma experiência valiosa onde tivemos a oportunidade de conhecer as técnicas de ensaio do maestro Tenti, assim como integrar um grupo de excelência. Aprendi bastante sobre trabalho com coro durante esse período. No repertório havia peças sacras como “Ave Maria” de Victoria e Dietsch, assim como músicas de filme de Ennio Morricone e Elton John. Algumas das peças eram executadas com solistas, enquanto outras com coro à capela. Na maioria delas o maestro tocava piano para fazer os acompanhamentos. 

Dia 30 de novembro fizemos nossa visita a Milão acompanhados pelo maestro Tenti, pudemos visitar o Duomo, o Castello Sfozesco e um de seus museus e passamos em frente ao teatro Scala.

Outro passeio inesquecível foi em Firenze. Por ser um pouco distante da região onde estávamos hospedados, tomamos um trem de alta velocidade partindo de Milão. Ao chegar na cidade, fomos diretamente à Galleria della Academia, um dos locais turísticos mais importantes de Firenze, onde conhecemos diversas obras renascentistas, um pequeno museu de instrumentos musicais e, principalmente, a escultura original do David de Michelangelo. Mais tarde pudemos conhecer o centro da cidade e provar pratos típicos italianos. No segundo dia visitamos a Galleria Uffizi, um palácio com um dos museus mais importantes da história da arte europeia. Foi uma experiência extraordinária conhecer ao vivo essas obras primas, além de compreender um pouco mais da história dos Medici e sua influência na produção artística que está concentrada na cidade.

Retornando a Venegono Inferiore e nos dias 5 e 6 de dezembro fizemos nossas últimas aulas de regência, dessa vez focando na prática orquestral com a quinta sinfonia de Beethoven. Foi feita uma análise dos quatro movimentos em relação à interpretação gestual em 2, 3 ou 4, à técnica de orquestração do compositor para essa sinfonia, as possíveis demandas dos instrumentistas para a regência, quais eram os pontos de maior dificuldade, etc. Dessa forma pudemos fazer um mapeamento detalhado da obra, o primeiro passo para o regente de orquestra criar sua interpretação. Ainda no dia 5 à noite fomos convidados para um jantar no seminário, um grande complexo que abriga diversas igrejas. Após a janta, nosso grupo de intercambistas apresentou o repertório brasileiro para os seminaristas, que receberam com bastante entusiasmo nossa música.

Nossa última apresentação foi no dia 7 de dezembro na Catedral de Vigevano, dessa vez em conjunto com o coro Ars Cantus, executando o repertório ensaiado ao longo das duas semanas. O concerto foi um sucesso, a igreja estava lotada e o público foi bastante receptivo.

Em nosso último dia em Venegono Inferiore almoçamos com a família Tenti e alguns coralistas da Ars Cantus. Mais tarde, fizemos uma visita diurna ao Seminário e conhecemos algumas das igrejas e prédios principais, ouvimos o maestro tocar Bach no órgão da igreja e nos apresentar o mecanismo do instrumento. No fim, participamos da missa como coralistas nas celebrações do feriado da Immacolata. Destaco aqui a generosa recepção da família Tenti e de todos os membros do coral, que nos acolheram de forma calorosa e possibilitaram um vínculo para além da música. 

Nossa presença no curso de regência foi registrada em dois momentos pela imprensa local, no jornal físico e na televisão: 

 

 

 

Concluo este relatório agradecendo a toda a equipe de mobilidade acadêmica do IFSC e a coordenadoria de Atividades Artísticas pela oportunidade de realizar este intercâmbio, foi um período intenso de aprendizado de música, arte e cultura italiana importantíssimo para a minha carreira e que certamente renderá frutos ao longo da minha trajetória como educadora e musicista.
 

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