Primeiros alunos do programa de Dupla Titulação apresentam seus trabalhos finais em Portugal

INSTITUCIONAL Data de Publicação: 13 fev 2019 11:38 Data de Atualização: 13 fev 2019 12:07

Neste mês, quatro alunos do curso de Engenharia Elétrica do Câmpus Florianópolis escreveram um capítulo inédito na história do IFSC: apresentaram seus projetos de conclusão de curso no Instituto Politécnico do Porto (IPP) para obter não só a titulação de engenheiro eletricista de nível superior no Brasil, como também a de mestre em Portugal. Isso foi possível pelo termo de cooperação firmado entre o IFSC e o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) em 2015, que permitiu a elaboração do programa de Dupla Titulação. Roger, Rodrigo, Allon e Samuel embarcaram para Portugal em fevereiro de 2018 e retornam agora para o Brasil para concluírem o programa, recebendo o diploma de graduação pelo IFSC e o de mestrado pelo IPP.

O curso de Engenharia Elétrica do IFSC tem uma grade curricular muito parecida com a do curso de mestrado em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia do IPP, o que possibilitou a aproximação entre os cursos para a realização do acordo do Programa de Dupla Titulação. A possibilidade de poder fazer mestrado na Europa foi o que fez os olhos do aluno Samuel Sandmann Cembranel, de 23 anos, brilharem. “Acho que foi uma oportunidade única e decidi agarrá-la”, conta o estudante que, até então, nunca tinha morado fora do País.

Um dos motivos que influenciou Samuel a se inscrever no primeiro edital lançado pelo IFSC do programa, em 2017, foi querer saber como era a engenharia em um país europeu. O jovem se questionava se a educação na Europa era tão diferente da oferecida no Brasil. “Hoje posso afirmar que a educação que recebi no Brasil foi de boa qualidade e coloco ela no mesmo patamar do que a educação europeia”, destaca o estudante.

O aluno Rodrigo Luiz Joench, de 24 anos, também achou a experiência muito interessante. “A metodologia de ensino e avaliação são um pouco diferentes com o que temos no Brasil, mas ambos os cursos são muito bons”, avalia o jovem que estuda no IFSC desde 2009, onde fez também o curso técnico integrado antes de ingressar no curso de engenharia.

Para Allon Soares da Silva, 24 anos, participar do programa foi uma segunda oportunidade internacional que o IFSC lhe deu. O estudante, da primeira turma do curso de Engenharia Elétrica do Câmpus Florianópolis, já tinha feito um estágio na Finlândia, em 2016, pelo programa de intercâmbio do IFSC, o Propicie.

A possibilidade de incrementar ainda mais o currículo fez com que ele decidisse participar também do programa de Dupla Titulação. “Ter um mestrado reconhecido em nível europeu é uma oportunidade que, sem dúvida, é valorizada por acrescentar muito ao desenvolvimento acadêmico e profissional de qualquer estudante”, ressalta.

Apesar de já ter tido uma experiência fora do país antes, Allon pontua que fazer um intercâmbio é sempre um desafio. “Foi necessário me privar de muitas questões no âmbito pessoal para que eu pudesse obter sucesso nesta experiência, mas hoje tenho orgulho e estou feliz de ter conseguido!”, afirma.

Formação mais rica

Fazer o trabalho de conclusão de curso (TCC) em Portugal contribuiu muito para a formação dos alunos. “Tive que ler muitos artigos científicos em inglês o que ajudou a melhorar meu inglês técnico”, ressalta Samuel.

Para Allon, do ponto de vista acadêmico, foi extremamente engrandecedor justamente por tirá-lo de sua zona de conforto. “Minha dissertação de mestrado abrangeu assuntos em um âmbito global e que serão um diferencial no mercado de trabalho quando eu retornar para o Brasil, mais especificamente na área de mercados de energia elétrica”, conta.

O estudante Roger Rabelo Schemes, de 22 anos, também avaliou positivamente sua participação no programa. “Achei uma ótima experiencia para conhecer pessoas do mundo todo e aperfeiçoamento profissional”, disse.

“Nossos alunos conseguiram complementar a formação que teriam com nossa grade curricular – Engenharia Elétrica - e ter uma visão do estado arte da arte internacional, principalmente da comunidade européia, em termos de pesquisa e inovação, adquirindo conhecimentos de vanguarda na área de Sistemas Inteligentes de Energia”, destaca o professor do Câmpus Florianópolis, Rubipiara Cavalcante Fernandes, atualmente diretor do Polo de Inovação do IFSC e um dos responsáveis pelo programa no instituto.

Trabalho reconhecido

Os alunos do IFSC cumpriram com louvor os seus trabalhos. Para a subdiretora do curso de mestrado em Engenharia Eletrotécica – Sistemas Elétricos de Energia (MEESEE) do IPP, Teresa Nogueira, os estudantes brasileiros demonstraram um desempenho acadêmico excepcional. “Cumpriram, na íntegra, os objetivos acadêmicos com excelentes resultados na avaliação das várias unidades curriculares e demonstraram uma boa capacidade de trabalho, acrescida de capacidade crítica e criativa”, enalteceu a gestora portuguesa.

O professor Rubipiara conta que esta primeira turma de alunos do IFSC teve um comportamento exemplar, além da qualidade dos alunos. “Os professores do curso de mestrado do ISEP destacaram a base e a qualidade de formação de nosso alunos e evidenciaram que eles conseguiram um desempenho excelente comparadod com os demais alunos da turma, elevando o nível da turma”, destaca. “Existe uma expressão portuguesa (lusitana) para isso: ‘São alunos de primeira água – excelentes’”, relata, orgulhoso, o docente do IFSC.

Experiência bem sucedida

Para a assessora de Assuntos Estratégicos e Internacionais do IFSC, Raquel Matys Cardenuto, o programa de Dupla Titulação finalizou com sucesso a primeira etapa. “Para os alunos, os benefícios são muitos: além da experiência de viver e estudar um ano em outro país, adquirindo novos conhecimentos e culturas, crescendo profissionalmente e pessoalmente, eles têm hoje a oportunidade de poder continuar seus estudos já fazendo o doutorado, assim como a oportunidade de já trabalhar na Europa”, destaca.

O programa é positivo não só para quem participa, mas também para as instituições. “Existe a troca de conhecimentos e know how entre as instituição, assim como existe a aproximação entre pesquisadores e gestores e, consequentemente, o fortalecimento da parceria e a oportunidade de novos projetos”, explica Raquel.

“Além de proporcionar a mobilidade de estudantes entre ambas as instituições de ensino superior, a parceria abre perspectivas de colaboração no desenvolvimento de atividades acadêmicas de índole internacional e em parcerias para futuros projetos de investigação”, destaca Teresa, subdiretora do IPP.

O professor Rubipiara reforça que a experiência tem sido a melhor possível. “Tudo foi executado como planejado, as duas instituições fizeram suas partes no acordo e houve uma total sintonia entre as mesmas”. afirma.

Missão em Portugal

No final de janeiro, o professor Rupiara e a assessora Raquel viajaram para Porto junto com a reitora do IFSC, Maria Clara Kaschny Schneider, e o chefe do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica do Câmpus Florianópolis, James Silveira, para acompanhar as bancas dos alunos do IFSC. A dirigente máxima do IFSC ficou satisfeita com o resultado dos trabalhos. “A gente se esforça para conseguir esta parcerias de maneira institucional, ampliando as oportunidades dos nossos estudantes – ainda mais em um momento tão globalizado em que vivemos -, mas tudo só é possível pela dedicação dos nossos discentes e professores”, ressaltou.

O programa de Dupla Titulação para os alunos do curso de Engenharia Elétrica do IFSC segue em andamento. Três alunos estão em Porto desde setembro de 2018 e mais quatro embarcaram no início deste mês.

A assessora de Assuntos Estratégicos e Internacionais do IFSC explica que a instituição almeja ampliar o programa para outros cursos, mas que isso vai além de uma assinatura de termo de cooperação com uma instituição de fora. “Para que o programa aconteça, precisamos que haja uma motivação e um envolvimentos muito intenso dos professores e gestores dos nossos cursos e também do curso parceiro da instituição estrangeira e isso pode levar tempo e demandar muito trabalho”, afirma Raquel.

Próximos planos

Samuel volta para o Brasil e já se forma em março, pois já havia concluído todas as disciplinas antes de viajar. Rodrigo, Roger e Allon devem concluir o curso até o final deste ano, pois precisam cursar algumas matérias ainda.

Os jovens não decidiram o que fazer no futuro e afirmam depender das oportunidades que surgirão no Brasil ou no exterior. Dois deles já foram convidados a voltar para o IPP com bolsas de estudo para fazer doutorado. Independentemente do destino que escolherão, não há dúvidas de que esta experiência irá contribuir para alavancar oportunidades profissionais, bem como já possibilitou um enriquecimento pessoal para cada um dos participantes.

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