CÂMPUS FLORIANÓPOLIS Data de Publicação: 25 set 2016 21:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:19
A feira de empregos destinada a pessoas com deficiência “Dia D” reuniu mais de 40 empresas no Câmpus Florianópolis no último sábado, 24 de setembro. O evento integrou a primeira Semana Inclusiva da Grande Florianópolis, promovida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-SC) em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e outras 21 instituições. Quem passou pelo local pôde também emitir carteira de identidade e de trabalho, consultar a OAB-SC e entidades de apoio.
Grandes grupos internacionais, empresas locais públicas e privadas, e até mesmo a startups ocuparam um dos estandes no Câmpus Florianópolis. Aquelas que não compareceram, cadastraram suas vagas pelo Sistema Nacional de Empregos (Sine) e outros serviços de recrutamento terceirizado, que atenderam na feira. Há rampas de acesso em todas as áreas do câmpus e, desde às 9h, voluntários estavam a postos para dar suporte ao público.
O complexo hospitalar Baía Sul ocupou um dos estandes. "Há vagas em diferentes áreas do hospital, a função que o candidato pode vir a exercer depende do perfil e currículo", explica a analista de recursos humanos Susana Maria Hetterich. A empresa possui pessoas com deficiência auditiva, física e visual no quadro de funcionários, mas ainda não chegou às sete contratações exigidas por lei.
A inserção da pessoa com deficiência (PcD) no mercado de trabalho é garantida pela lei nº 8.213/1991, que estabelece a reserva de 2% a 5% das vagas no quadro de funcionários da empresa, sob pena de multa. Na Grande Florianópolis, há 263 empresas com mais de 100 funcionários que precisam cumprir a cota. Dessas, apenas 60 estão em situação regular, de acordo dados do Ministério Público do Trabalho (MPT-SC).
A coordenadora da Semana e procuradora do Trabalho pelo MPT-SC, Quézia González, relata que as empresas autuadas alegam ter dificuldades em localizar profissionais para preenchimento da cota. "Queremos promover esse encontro entre pessoas e empresas", explica a procuradora, que entende a lei como “uma ferramenta de inclusão social”.
Desafios da inclusão
Há instituições que mediam a inserção da pessoa com deficiência nas empresas. A Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) possui um centro voltado à qualificação profissional, suporte a PcD e assessoria para empresas contratantes, captação de vagas e treinamento de Língua Brasileira de Sinais para colaboradores.
Kátia Regina Ladewig faz parte da FCEE há 15 anos e nota que, mesmo após 25 anos de vigor da legislação, as organizações buscam trabalhadores com deficiências para comprimento de cotas. “É comum as empresas fazerem a primeira contratação por obrigação, mas depois que compreendem a diferença de ter pessoas com deficiência no ambiente de trabalho, adotam a contratação como política”, conta.
Há desafios próprios de cada deficiência, por isso cada processo de contratação exige adaptações diferentes. Para que pessoas com mobilidade reduzida possam ter acesso a ambientes da empresa, é essencial a adequação de mobiliário e infraestrutura. A acessibilidade é um dos princípios do Estatuto da Pessoa com Deficiência .
Para o estudante de Direito e cadeirante André Rocha, 36 anos, a acessibilidade tem sido o maior desafio. Ele faz estágio no Tribunal da Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), mas como concluirá a graduação esse ano, já busca um emprego formal. O requisito da vaga, para ele, é um ambiente com mobilidade.
O grau de escolarização de André não é comum: a maioria das pessoas com deficiência não chega ao ensino superior, e menos da metade conclui o ensino médio. O censo demográfico de 2010 mostrou que 61,1% da população com 15 anos ou mais com deficiência não têm instrução ou têm apenas o fundamental incompleto
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esse percentual cai para 38,2% entre as pessoas sem deficiência. Logo, a contratação de pessoas com deficiência esbarra também na escolarização.
Por Eduarda Hillebrandt | Estagiária de Jornalismo IFSC