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Curso de Braile promove inclusão de cegos

CÂMPUS ARARANGUÁ Data de Publicação: 24 mai 2017 21:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:29


O Câmpus Araranguá do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) vem vivenciando uma movimentação diferente nas últimas semanas. Servidores e estudantes, inclusive, foram orientados sobre como receber os novos colegas, que estão começando um curso no Laboratório de Tecnologias Assistivas.

Isso porque eles são cegos ou estão em processo de perda de visão. A presença deles no Câmpus Araranguá é por um motivo especial: desde o começo de maio, um curso ensina braile para pessoas que estão perdendo a visão.

O braile é um sistema de leitura para cegos que utiliza seis pontos para a formação de símbolos, que podem ser lidos através do tato. O curso é uma parceria do IFSC, através do Laboratório de Tecnologias Assistivas, com a Associação dos Deficientes Físicos de Araranguá (Adear). Além de pessoas da região, que estão buscando aprender o braile por necessidades pessoais, também participam das aulas futuros docentes, que fazem o curso de licenciatura em Física no Câmpus Araranguá. Atualmente, oito alunos, entre bolsistas e voluntários, atuam no laboratório.

 

“Uma das missões dos Institutos Federais é atuar na formação de professores. E é essencial que os futuros docentes tenham contato com a questão da diferença em sala de aula. Os alunos de licenciatura sairão com um olhar diferente sobre estas questões. Além disso, este tipo de projeto é fundamental porque o IFSC não é uma instituição fechada em si. É uma instituição de todos e para todos”, explica Ivani Voos, professora de Libras do Câmpus Araranguá.

O laboratório integra o Grupo de Pesquisa em Acessibilidade e Tecnologias Assistivas, que desenvolve uma série de atividades voltadas à inclusão de pessoas com deficiência e ao desenvolvimento de metodologias pedagógicas. Tecnologias assistivas são recursos e serviços que visam a ampliar as habilidades e facilitar o desenvolvimento de atividades diárias por pessoas com deficiência. Entre as ações do grupo, estão o Brincacessível, que desenvolve protótipos de brinquedos acessíveis, o Física em Mãos, que estuda metodologias de ensino de Física para pessoas com deficiência, além da formação continuada em Tecnologias Assistivas para professores da Apae e da rede municipal.

Para todos

Uma das estudantes do curso de licenciatura em Física que está aprendendo braile é Karolini Fontana, de 20 anos. Ele acredita que a inclusão de pessoas com deficiência na sala de aula é uma tendência e que os futuros professores precisam estar preparados para esta realidade. “Quando estivermos em sala de aula, podemos ter alunos com deficiência, e precisamos desenvolver metodologias para incluí-los”, afirma.

O curso é ministrado por José Catalino López, 52 anos, que ficou cego no ano 2000. Natural do sul da Argentina, o pedagogo vive no Brasil há 38 anos – em Araranguá, há 20. “No começo, é difícil aprender. As pessoas precisam mentalizar o alfabeto e aprender a usar o tato”, explica o professor, que destaca a importância da parceria com o IFSC para a viabilização do curso. “Para nós, é muito importante esse apoio do IFSC. Hoje em dia, sem parceria, não se faz nada”, diz.

Um dos alunos é Gilberto Pawlowski, de 32 anos, morador do município de Maracajá. Quando era criança, ele começou a sentir problemas na visão, mas em casa achavam que não era nada. Quando adulto, procurou um oftalmo, fez uma série de exames e foi diagnosticado com doença de Best, uma degeneração que afeta a mácula, parte central da retina. Viúvo e pai de um filho de 12 anos, Gilberto começou a estudar braile para manter o benefício do INSS, mas sabe que a aprendizagem faz parte de um processo de preparação pessoal para quando perder totalmente a visão. “Eu procuro não pensar que um dia vou ficar totalmente cego. Eu procuro viver. Venho aqui, faço o curso, faço minhas coisas”, afirma Gilberto.

Em 2013, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) consultou 62 mil domicílios brasileiros para a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e constatou que a deficiência visual atinge 3,6% da população. O Sul é a região do país com maior proporção de pessoas com deficiência visual (5,4%). Apenas 5% dos deficientes visuais frequentavam serviços de reabilitação. O aprendizado de braile tem um papel importante na reabilitação e na inclusão de pessoas com deficiência visual.

Por Daniel Cassol | Jornalismo IFSC

 

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