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A história de Francisco: de servente a técnico em Edificações pelo IFSC

CÂMPUS CRICIÚMA Data de Publicação: 19 abr 2017 21:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:28


“O IFSC me beneficiou antes mesmo de eu começar a estudar”, resume o piauiense Francisco das Neves Portela, 26 anos, formado técnico em Edificações pelo Câmpus Criciúma do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Natural de Lagoa Alegre, a 80 quilômetros de Teresina, o jovem veio para Santa Catarina atrás de um sonho. E realizou vários.

Francisco chegou ao Estado em outubro de 2013, para trabalhar nas obras da expansão do Balneário Shopping, de Balneário Camboriú, como servente de pedreiro. “A gente que vem do Nordeste viaja para ganhar um dinheiro. Normalmente, trabalha um tempo, junta dinheiro e volta pra casa”, conta.

Francisco foi ficando. Em 2014, se transferiu para Criciúma, com a mesma empresa, para trabalhar nas obras do Nações Shoppings, do mesmo grupo empresarial. Antes do começo das obras, a pequena equipe cercou o terreno, localizado na divisa entre Criciúma e Içara, e começou a construir as estruturas necessárias para o início dos trabalhos.

Francisco, sempre muito disposto, não se deu por satisfeito e ainda assumiu a limpeza dos banheiros usados pelos operários. Seu interesse por fazer algo mais e aprender um novo ofício chamaram atenção dos superiores, que logo deram a Francisco a chave do almoxarifado, para que ele pudesse pegar alguns materiais. Seu objetivo era subir um degrau dentro da obra. “Eu queria ser o almoxarife, o braço direito do comprador. Mas me perguntavam minha formação e eu só tinha o Ensino Médio”, diz Francisco.

Tem vezes na vida que a pessoa precisa apenas de um incentivo. E esse empurrão veio do então estudante de Engenharia Civil, Luiz Carlos Broca Blasius, que atuava como estagiário na obra. “A gente via que ele era esforçado e tinha conhecimento. Por que não continuar estudando? Na hora ele não quis, mas insisti e lembrei do IFSC. Entrei no site para ver os cursos e vi que as inscrições estavam abertas e encerravam em uma semana”, conta Luiz Carlos, hoje Engenheiro formado pela Unesc na metade de 2016, que quando estudante chegou a trabalhar nas obras do Câmpus Criciúma.

Já Francisco não conhecia o IFSC. “Eu só via o I e o F nos ônibus, mas não sabia o que era”, brinca. Inscrito para fazer o exame de classificação, começou a estudar para a prova, sendo ajudado por Luiz Carlos, que conseguia livros e materiais para estudo. “Na véspera da prova, fui conhecer o IFSC. Quando vi a estrutura já fiquei empolgado. Queria estudar ali”, conta o piauiense.

Promoção

A prova foi difícil e Francisco achou que não tinha chances, ainda que se garantisse na Matemática, disciplina que chegou a ensinar no Piauí em aulas de reforço escolar. Qual não foi sua surpresa quando recebeu o resultado: sétimo lugar na ampla concorrência. “Ele estudou bastante. Quando recebeu o resultado, quase chorou”, lembra Luiz Carlos.

Aí vem a explicação para a frase de Francisco no começo desta história. Aprovado no curso técnico subsequente em Edificações no final de 2014, Francisco ainda nem havia feito a matrícula e já subia de posição dentro da obra. Era agora o almoxarife, responsável por conferir todo o material utilizado para erguer o Nações Shopping.


A responsabilidade aumentou, o salário também. Hospedagem e refeições eram por conta da empreiteira. Assim, economizando tudo que podia, Francisco conseguiu comprar uma casa em Lagoa Alegre, cuidada pelo irmão. Os colegas continuavam ajudando. Em dia de chuva, ganhava carona para chegar nas aulas à noite. A rotina era puxada e mais de uma vez Francisco pensou em desistir, mas já entendemos que nosso personagem é um cabra persistente: “Apesar de estar muito cansado, era o IFSC que mantinha meu emprego. Eu nunca tinha ganhado um salário daqueles”, relata.


Determinação


Vencidos dois semestres, Francisco viveu um impasse: em abril de 2016, a obra do Nações Shopping era concluída, mas ele ainda precisava concluir o curso até o fim do ano. Ele podia desistir do curso e seguir na empresa, que faria uma obra em Florianópolis. Ou ficar em Criciúma e arranjar algum trabalho para conseguir o diploma de Técnico em Edificações.


“Pensei até em voltar para o Piauí, mas depois percebi que não estava pensando alto”, diz Francisco, que começou a tentar outro emprego em Criciúma para poder concluir os estudos no IFSC. Tentou trabalhar no almoxarifado do próprio shopping, mas faltava formação. Para trabalhar na manutenção, falta experiência. Tentou outras empresas, chegou a conseguir entrevistas de emprego, mas sempre havia algum porém. Acabou aceitando uma vaga na limpeza do shopping.


O salário era menor e a função não era a que Francisco buscava, o que o deixou um pouco triste. “Cada piso desse shopping eu passei o dedo contando”, diz. Mas quem chegou até aqui já percebeu que Francisco, quando coloca um objetivo na cabeça, vai até o fim. E seu objetivo era se formar no IFSC. “Deixar o curso seria uma derrota pra mim”.

 
Trabalhando num dia e folgando no outro, ele passava os dias de folga dentro do Câmpus, estudando e terminando projetos atrasados. “Num dia eu trabalhava, no outro eu ia para o IFSC e ficava na biblioteca para colocar os projetos em dia”, conta. Muito de vez em quando, se dava ao luxo de fazer um lanche na cantina. Mas o dinheiro era contado. Teve de se mudar para uma pensão e o dinheiro que sobrava investiu na autoescola, para conseguir a carteira de habilitação.


Terminada a autoescola, alugou um apartamento em Içara. Já não conseguia mais economizar dinheiro, mas seu objetivo era outro. “Passei um ano trabalhando na limpeza, ganhando menos e gastando mais. Não economizei nada, mas também não mexi nas minhas economias e agora tenho um diploma”, festeja.


Na apresentação do seu Projeto Integrador, Francisco deu um depoimento que emocionou colegas e professores. A formatura, em fevereiro deste ano, encerrou a “batalha” de Francisco por uma qualificação profissional. Ele continua trabalhando no Nações Shopping e agora avalia que rumo vai tomar. Seu objetivo, no médio prazo, é cursar Engenharia Civil. Dedicação, sabemos, não vai faltar.

 

Estude no IFSC
 

Ficou interessado em fazer um curso no IFSC? Estão abertas as inscrições para os cursos de ensino médio técnico (veja aqui). As inscrições para cursos de graduação abrem em 20 de maio e para cursos técnicos subsequentes e concomitantes começam em 12 de junho (confira o calendário). Para mais informações sobre os cursos do IFSC, clique aqui.

 

Por Daniel Cassol | Jornalista IFSC


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