Futsal de surdos é marco da inclusão na história dos Jogos do IFSC

JIFSC Data de Publicação: 04 ago 2023 18:31 Data de Atualização: 04 ago 2023 20:13

Inclusão foi uma das palavras norteadoras da 10ª edição dos Jogos do IFSC (JIFSC) e adquiriu sentido especial na tarde desta sexta-feira (4 de agosto), com a realização das primeiras partidas de futsal para surdos na história da competição. Foram dois jogos, ambos com times mistos – formados por estudantes surdos e ouvintes – nos naipes masculino e feminino. Os 11 jogadores surdos eram estudantes do Câmpus Palhoça Bilíngue, enquanto os ouvintes eram convidados de outros câmpus.

Os times foram formados minutos antes das partidas e o resultado foi equilibrado. No feminino, os dois tempos de dez minutos terminaram empatados em zero a zero. O jogo foi para a disputa de pênaltis, e o time azul acabou levando por 3 a 2.

A partida do masculino também terminou empatada em 3 a 3. Nos pênaltis, o time amarelo levou a melhor e ganhou por 4 a 3. No início do segundo tempo, mais um ato simbólico em nome da inclusão no JIFSC: o estudante cadeirante Tiago de Sousa, da 5ª fase de Telecomunicações do Câmpus São José, deu o chute inicial. “Fiquei feliz com o convite. Tenho muita vontade de jogar, mas infelizmente não tenho oportunidade”, disse, após o jogo, enquanto aguardava para receber sua medalha de participação.

Os jogos foram transmitidos ao vivo pelo canal do IFSC no YouTube. Assista à gravação:

Integração

A finalidade da partida de futsal misto entre surdos e ouvintes foi valorizar a participação da comunidade surda e dar oportunidade para que estudantes surdos da instituição tivessem uma experiência mais rica nos jogos. Após as partidas dos dois naipes, os atletas receberam medalhas, entregues por gestores do IFSC.

De acordo com a psicóloga da Pró-Reitoria de Ensino, Janaína Turcato Zanchin, em edições anteriores do JIFSC houve participações pontuais de pessoas com deficiências. “Neste ano nós tentamos melhorar a estrutura do evento para esses estudantes e pensamos no jogo específico para surdos como forma de valorizar esse público e dar a eles a oportunidade de vivenciar essa experiência”, explica.

Na avaliação do coordenador da Comissão Organizadora dos jogos, Mozart Maragno, a partida foi um marco na história do JIFSC. “De certa forma é uma mudança de paradigma dentro dos jogos da instituição. Ainda temos bastante coisa para avançar, mas este já foi um avanço importante e reconhecido pela própria comunidade surda”, considera.

A diretora do Câmpus Palhoça Bilíngue, Eliana Cristina Bär, valida a avaliação de Mozart. “Foi uma primeira ação de muitas que tenho certeza que virão. A integração que a gente conseguiu verificar dentro de quadra, entre surdos e ouvintes, na busca pela comunicação, pela organização das estratégias, foi algo que nos trouxe muita alegria”, observa. “Temos certeza de que este é um tipo de ação que veio para ficar no JIFSC.”

A professora de Educação Física Carmem Beck, do Câmpus Palhoça, acompanhou e orientou a preparação dos estudantes surdos para a participação nos jogos. Segundo ela, a grande maioria deles nunca tinha viajado sem o acompanhamento de familiares, nem mesmo se hospedado em hotéis. “Foi uma experiência diferente para eles. Com certeza essa iniciativa vem ao encontro da concepção de integração e inclusão que o JIFSC tem e deve perseguir com mais afinco. Foi muito emocionante ver os alunos, os comentários deles depois, com relação aos jogos, ao desempenho de cada um, ao entrosamento com os alunos ouvintes”, observou Carmem. “Acredito que a integração aconteceu a contento e certamente esse foi o início de uma caminhada”, acrescentou a professora.

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