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Bicicleta como alternativa segura e sustentável de locomoção

CÂMPUS GASPAR Data de Publicação: 22 jun 2020 16:04 Data de Atualização: 22 jun 2020 16:11

Uma das grandes preocupações atuais é a mobilidade urbana, o tráfego na nossa região piora a cada dia, contribuindo para o aumento da poluição do ar. Buscar meios de transportes alternativos é necessário, e a bicicleta é uma opção saudável e sustentável de locomoção. Na VIII Semana do Meio Ambiente conversamos com João Francisco Noll, Arquiteto e Urbanista, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da FURB e coordenador geral da Associação Blumenauense pró-Ciclovias (ABC), fundada em 1997. A ABC incentiva o uso da bicicleta e defende a expansão da rede cicloviária da região.

Como ampliar o número de pessoas que usam a bicicleta para locomoção e lazer?

Para ampliar o número de ciclistas faz-se necessário dar-lhes segurança, por meio da construção de infraestrutura cicloviária, ciclovias, ciclofaixas ou uso da pista de rolamento, compartilhando-a com os motorizados, conforme preconiza o Código de Trânsito Brasileiro. Para que se possa compartilhar a pista de rolamento serão necessários educação para o trânsito e diminuição da velocidade máxima da via para 30km/h. E os ciclistas são obrigados a transitarem, SEMPRE, no mesmo sentido do fluxo de automotores. NUNCA pela contramão, em nenhuma hipótese.

Mas no caso de ciclistas que se sentem inseguros para compartilhar a pista de com automotores, e na inexistência de ciclovia ou ciclofaixa, sugere-se usarem a calçada, mas SEMPRE respeitando o direito preferencial dos pedestres. A calçada é para pedestres, como preconiza o CTB.

Infelizmente, nenhum dos níveis de governança, nem municipal, nem estadual, nem federal, se preocupa com esse meio de transporte. Enquanto em distintas cidades de diferentes países, a volta após pandemia está sendo considerada uma volta a outra normalidade, na qual a bicicleta tem prioridade, por essas terras tupiniquins, salvo melhor juízo, tudo indica que a volta se dará exatamente aos níveis anteriores, ou pior, dando-se prioridade aos meios automotores de deslocamento.

Uma das maneiras de pressionar a governança é usar, massivamente, a bicicleta a tal ponto de eles se conscientizarem da necessidade de melhorias nas vias urbanas e interurbanas. Quanto mais ciclistas, mais pressionados se sentirão a tomar as devidas e necessárias medidas para dar condições de circulação segura a esse modal de transporte.

Estudo feito na Universidade do Colorado, em Denver, nos Estados Unidos, afirma que o aumento de bicicletas nas ruas e estradas reduz o número de acidentes de trânsito e torna o tráfego mais seguro. Wesley Marshall, professor e coautor do estudo, trabalha com a hipótese de que quanto maior o número de ciclistas na via, mais o motorista fica atento. Portanto, cidades com grande volume de bicicletas, não são seguras apenas para os ciclistas, mas também para os usuários de automotores.

O ciclismo traz benefícios para o meio ambiente e para a saúde. Pela sua experiência pessoal, quais os principais ganhos com o uso da bicicleta?

Além de manter a saúde em dia e diminuir a poluição e os congestionamentos tão comuns nas cidades, outros dados chamam a atenção para os diferentes benefícios do uso da bicicleta como transporte diário. Usando-se a bicicleta como meio de transporte, o número de doenças cardiovasculares e circulatórias diminui, provocando economia aos cofres públicos na área da saúde.

E ao contrário do que argumentam muitos comerciantes e políticos em geral, estudos afirmam que um ciclista tem menos barreiras para entrar numa loja do que um usuário de automóvel, que necessita, primeiro, encontrar estacionamento. O ciclista consegue encontrar esse lugar muito mais rapidamente e mais perto da pretendida loja.

Há um estudo em São Paulo, que aponta que ciclistas conseguem economizar mais de R$ 400,00 por mês, têm 90 minutos livres a mais por semana e são menos estressados. Pedalando, consegue-se olhar ao redor e conhecer o entorno. Consegue-se ver a cidade, descobrir lugares, ver pessoas diferentes e apropriar-se mais efetivamente do espaço público. E sempre se pode chegar mais feliz a seu destino, porque no tempo em que se estaria parado no trânsito, agora está-se vendo o que não se veria de dentro de um automóvel ou ônibus. Conforme esse estudo, ciclistas ficam estressados com menos frequência no deslocamento (14% ante 36% dos não ciclistas), sentem menos desconforto (14% ante 35%) e sentem mais prazer ao circular pela cidade (45% contra 18%).

Mas os benefícios não são apenas para quem faz uso de transporte ativo. A redução nos custos de saúde de funcionários e no bem-estar no ambiente de trabalho, além de melhorias no relacionamento com colegas de trabalho, são benefícios para as empresas que incentivam o uso da bicicleta, influenciando, diretamente, na diminuição de faltas, sinistralidade junto aos planos de saúde e melhorias nos índices de produtividade e de desempenho laboral.

Com a pandemia e o aumento dos serviços de entrega, a bicicleta passou a ser mais utilizada como meio de transporte sustentável e seguro. Outra tendência é o uso da bicicleta para locomoção, evitando o contato com outras pessoas, via transporte público. Como você avalia essas tendências aqui na região?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, recentemente, orientações sobre deslocamento durante o covid-19, e o ciclismo e a caminhada estão aí defendidos como formas de limitar os contatos físicos e prevenir a doença. Entre outras informações, incentiva-se, sempre que possível, usar bicicletas ou caminhar, proporcionando distanciamento físico, ajudando a atender ao requisito mínimo de atividades físicas diárias, o que pode ser mais difícil devido ao aumento do retorno ao trabalho e ao acesso limitado ao esporte e outras atividades recreativas.

Pesquisa realizada pela ABC detectou aumento no uso de bicicletas como meio de transporte, em Blumenau, durante esse período de pandemia. Mas esse aumento não propiciou aumento emergencial de vias cicláveis seguras, apesar de haver solicitações ao governo municipal, com o intuito de coibir o abuso da velocidade por motorizados e uso exclusivo das faixas exclusivas de ônibus para bicicletas. O poder público municipal ignorou essa demanda por parte dos ciclistas, preferindo priorizar, aos motorizados, o uso dessa faixa exclusiva.

Falta muito a fazer em Blumenau e nos municípios da região no que se refere às condições seguras para uso de bicicletas como meio de transporte em substituição aos automóveis e ônibus. A ABC busca conscientizar a governança local e regional para a necessidade de implementação de uma rede cicloviária urbana e interurbana que proporcione deslocamento seguro para todos os usuários de bicicletas, patins, patinetes ou outros meios de transporte ativo.

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