IFSC apropria-se da Arte para formação do indivíduo, uma das heranças da Semana de Arte Moderna

ENSINO Data de Publicação: 17 fev 2022 11:23 Data de Atualização: 17 fev 2022 15:49

“A arte não consiste mais em um objeto para você olhar, achar bonito, mas para uma preparação para a vida”. A frase de autoria de Lygia Clark resume a convicção do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) ao oferecer a seus estudantes uma formação integral e não apenas tecnicista. A disciplina de Artes está nas unidades curriculares de seus cursos profissionalizantes e tecnológicos. A exaltação e identidade da Arte no Brasil começou em 1922, no Theatro Municipal de São Paulo, entre os dias 11 e 18 de fevereiro. Nessa semana, comemoramos os 100 anos desse “movimento”, responsável por uma grande transformação cultural, e que marcou a construção de uma liberdade criadora. Expressão que remete à importância da Arte na vida de todos, principalmente naqueles em constante formação e evolução intelectual.

A professora de Artes Visuais do Câmpus Palhoça-Bilíngue, Janaí de Abreu Pereira, é fã de Lygia, e acredita que a Arte possibilita a contextualização, a dialogar com o mundo. “A Arte vem para tu criar, perceber, ter experiências sensíveis. A Arte fala sobre política, sexualidade, sobre questões étnico-raciais, sobre preconceito, sobre o belo em todos os aspectos. A Arte é vida, ela fala sobre isso, qualquer questão que diz respeito à vida, à questão humana, à questão ambiental. E o conhecimento vai perpassar pelos sentidos. E a Arte é isso. Ela anda de mãos dadas com o sensível, com o político, com o econômico, com o social, com as questões históricas”, ressalta ela.

Para Janaí, no Ensino Médio, em que temos adolescentes em uma formação técnico-tecnológica, isso é fundamental para uma construção enquanto pessoa, para que possamos ter um mundo mais humano, com mais equidade, mais sensível e com mais empatia. Ela diz que a Arte é imprescindível porque ela faz parte de qualquer sujeito. “Ela tem essa questão de proporcionar um pensamento criativo, reflexivo, político. Ela faz com que você saia da sua zona de conforto, e tenha esses impactos. A arte está no dia a dia, num grafite, numa roupa, num design, numa cadeira, numa fotografia, numa música, em uma dança. Ela está no respirar. A Arte é condição fundamental e essencial da transformação e da evolução significativa do conhecimento”, destaca a docente.

Ela aponta a Arte como um potencial crítico e criador para complementar a formação histórica das escolas técnicas e artífices, de uma visão mecanicista e tecnicista, voltada para a questão do fazer. “A Arte faz com que cada um tenha a sua subjetividade, a sua identidade, a sua interpretação, porque ela parte da percepção. Ela costura a vida. Todos os aspectos da vida são assuntos da arte. Ela vem para a gente entender melhor o mundo. Ela vem para traduzir todas essas questões em imagens, em sons, em cheiros, em movimentos e percepções.

Janaí enfatiza também a visibilidade da Semana de 22 para as mulheres. Segundo ela, o movimento foi palco de um “boom” de artistas mulheres, revelando a autonomia de gênero e expressividade no campo da Arte. E cita Anita Malfatti, Regina Graz, Zita Aita, Gomide Graz, Guiomar Novaes, e Chiquinha Gonzaga, que mesmo no Rio integrou o movimento.

Semana de Arte Moderna

Em 1922, quando a Independência do país completava 100 anos, o Brasil passava por diversas modificações sociais, políticas e econômicas, com a industrialização e o fim da Primeira Guerra Mundial. Surge então a necessidade de recorrer a uma nova estética, e daí nasce a "Semana de Arte Moderna".

Ela esteve composta por artistas, escritores, músicos, bailarinos e pintores que buscavam inovações.

A maioria dos artistas era descendente das oligarquias cafeeiras de São Paulo e de fazendeiros de Minas Gerais. Era a política “Café com Leite”.

Assim, a maioria dos artistas - que tinha possibilidades financeiras para viajar e estudar na Europa - trouxe para o país diversas tendências artísticas, e formando o movimento modernista no Brasil.

Mário de Andrade foi uma das figuras centrais e principal articulador da Semana de Arte Moderna de 22. Ele esteve ao lado de outros organizadores: o escritor Oswald de Andrade e o artista plástico Di Cavalcanti.

Também participaram da Semana nomes consagrados do modernismo brasileiro, como Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos,Tácito de Almeida, Agenor Fernandes Barbosa, entre outros.

Após a Semana de Arte Moderna, considerada um dos marcos mais importantes na história cultural do Brasil, foram criadas inúmeras revistas, movimentos e manifestos.

Podemos também citar outros desdobramentos culturais que inspiraram-se nas ideias dos modernistas, como o Tropicalismo e a geração da Lira Paulistana, nos anos 70, e inclusive a Bossa Nova.

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