LabMais é o 3º laboratório autorizado a prestar serviços para sociedade

EXTENSÃO Data de Publicação: 24 out 2022 08:47 Data de Atualização: 24 out 2022 11:21

“Levar a mais membros da comunidade aquilo que aqui produzimos, entregando produtos de qualidade que tem o potencial de melhorar o resultado cirúrgico e diminuir custos às instituições. Queremos poder ser autossuficientes, a ponto de não precisar depender de editais internos para manutenção e aquisição de equipamentos e insumos e contratação de bolsistas. A principal oportunidade é aumentar nosso alcance junto à comunidade. Isto traz ao laboratório desafios. Com esta possibilidade nossos alunos e professores poderão desenvolver melhor suas habilidades e ‘pensar fora da caixa’ para resolver as demandas externas”. 

Essas são as expectativas do professor e coordenador de prestação de Serciços do Laboratório de Manufatura Aditiva e Inovação em Saúde (LabMais) do Câmpus Florianópolis, Matheus Brum Marques Bianchi Savi, com a autorização para prestação de serviços, por parte do LabMais com a comunidade. “Estamos cadastrados no Programa de Prestação de Serviços Técnicos Especializados do IFSC. Por intermédio da Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (Feesc), o laboratório pode receber pagamentos para manter o maquinário e recursos humanos”, revela Savi. Outros dois laboratórios do Câmpus Florianópolis já possuem a mesma permissão: Laboratório de Solos e Tecnologia de Materiais ou Laboratório de Materiais para Construção Civil (LMCC) e o Laboratório de Compatibilidade Eletromagnética (LabCEM).

O LabMais, que tem na coordenação o professor marco Bertoncini, atua na utilização da manufatura aditiva, uma das diversas formas de manufatura digital, para a área da saúde. “Nosso carro-chefe é produção de modelos anatômicos impressos em 3D para auxiliar os cirurgiões ortopédicos, buco maxilofaciais e cardiopediatras no planejamento cirúrgico de casos de alta complexidade. Atualmente atuamos com demandas de modelos anatômicos para pré cirúrgico, guias cirúrgicos, simuladores para ensino dos cirurgiões e a criação de phantoms, que são simuladores radiológicos. Também estamos produzindo cadeiras de rodas para pets com dificuldade de locomoção”, expõe Matheus. Atualmente o laboratório já presta serviços de forma gratuita para os quatro hospitais públicos de referência na Grande Florianópolis por meio do edital IFMaker do Câmpus Florianópolis. 

O coordenador ainda ressalta os benefícios da autorização para professores e estudantes envolvidos com o LabMais. Segundo ele, o principal benefício é poder aplicar o conhecimento em prol da comunidade: “teremos condições de ampliar e manter o laboratório ao longo dos anos, além de sedimentar junto às iniciativas públicas e privadas o LabMAIS como referência em sua área de atuação”. Para o coordenador do Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC), Alexandre de Oliveira, prestar serviços para a sociedade é a oportunidade de poder auxiliar o mercado, colocar os conceitos em prática, fazer uma ponte entre o setor produtivo e a instituição IFSC e colocar os alunos em contato com casos práticos e reais, onde as vezes, não há margem para erros. “As respostas precisam ser dadas com velocidade e precisão”, argumenta.

O laboratório conta diretamente com a atuação de dois professores, um servidor técnico-administrativo e dois alunos; e de forma colaborativa mais três alunos de outros projetos que utilizam o LabMais, além de professores de outros departamentos que contribuem pontualmente.

Construção civil

O Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) presta serviços de ensaios na área de materiais para o setor da construção civil. “Serve para toda comunidade, sejam instituições públicas e privadas. Normalmente, nossos clientes são construtores e empresas ligadas ao setor, fabricantes de aditivos para concreto, concreteiras, fábricas de argamassa, blocos de concreto e peças para pavimentação, etc. Arrisco a dizer que temos um dos laboratórios mais bem equipados do sul do país”, destaca o coordenador Alexandre de Oliveira. 

Oliveira salienta que o fato do laboratório ser referência na área é benéfico para professores, alunos e o Câmpus Florianópolis como um todo: “além do resultado financeiro, porque entra uma verba para o laboratório, que vem sendo empregada para manutenção do mesmo e em um futuro próximo, para o pagamento de bolsistas para auxiliarem no projeto, é gratificante, para toda a equipe envolvida, poder ser uma referência na área”. 

O Laboratório, que conta atualmente com cinco professores, um servidor técnico-administrativo e dois alunos bolsistas, envolve os cursos de Engenharia Civil e técnico em Edificações, ambos do Departamento Acadêmico de Construção Civil (DACC). Suas demandas, segundo Alexandre, são ensaios de módulo de deformação de concretos, rupturas de corpos de prova em concretos e em argamassas, ensaios não destrutivos - ultrassom e índice esclerométrico. “Nos últimos meses desenvolvemos alguns trabalhos para fabricantes de aditivos, para testar o desempenho de aditivos hidrofigantes para concretos e argamassas”, conta Oliveira. 

Para aqueles que queiram os serviços do Laboratório, basta entrar em contato com um dos integrantes do projeto, ou com os alunos da empresa júnior Tríade. “Temos uma parceria bem forte com eles. Fazemos uma reunião/visita com o cliente para analisar a necessidade e as demandas. Posteriormente, enviamos uma proposta, que se aprovada, é encaminhada para a Feesc para os trâmites burocráticos, como contrato, fatura e nota fiscal. Em paralelo, começamos o desenvolvimento dos trabalhos”, explica o coordenador. 

Sobre a relação instituição de ensino, pesquisa e tecnologia com a comunidade, Alexandre é enfático: “estou há 17 anos na instituição e sempre fui um dos batalhadores pelo desenvolvimento de pesquisas aplicadas. Mas sinceramente somente depois do projeto de prestação de serviços do laboratório, é que comecei a verificar a realização desse tripé (ensino, pesquisa e extensão), com mais eficiência. Alunos, professores e mercado trabalhando juntos. Alguns dos trabalhos desenvolvidos viraram TCCs, artigos. Sem falar das informações que são compartilhadas em algumas unidades curriculares, quando autorizadas pelas empresas”

Compatibilidade eletromagnética

O outro laboratório que presta serviços para a comunidade é o LabCem (Laboratório de Compatibilidade Eletromagnética), como é popularmente conhecido, atende a serviços técnicos especializados na área de eletrônica. O Laboratório, sob a coordenação do professor Luis Carlos Schlichting, realiza ensaios de desenvolvimento para certificação de produtos eletrônicos para empresas privadas. “Resumidamente um produto eletrônico para ser comercializado precisa atender normas de compatibilidade eletromagnética. Para verificar se um produto eletrônico atende às normas, são realizados diversos ensaios”, explica o coordenador, que adverte: “o LabCEM não é um laboratório certificador e sim um laboratório de ensaios de desenvolvimento do produto”.

Possibilidade de participar de projetos de pesquisa e extensão, de incrementar o conhecimento pela vivência de problemas reais e pela busca de soluções e técnicas que possam trazer soluções, além de participar do desenvolvimento de novas técnicas aplicáveis e do contato com o arranjo produtivo, inclusive para futuros postos de trabalho e estágio são alguns dos pontos ressaltados por Schlichting por essa oportunidade, tanto para pesquisadores como para alunos bolsistas, de atendimento à sociedade. 

Para ele, dentre os benefícios do trabalho estão a visibilidade em relação à comunidade externa que pouco conhece o potencial tecnológico e a capacidade técnica do IFSC, o reconhecimento como instituição de ensino, pesquisa e extensão, a otimização do uso da infraestrutura e dos recursos humanos do IFSC, a possibilidade de obter recursos financeiros para compra de novos equipamentos, a possibilidade de parceria com empresas e centros de pesquisa, e a adequação às políticas para a educação, especialmente a Meta 12 do Plano Nac ional de Educação (PNE). 

Atualmente, o laboratório, que atende em torno de quatro demandas mensais, conta com três professores, um técnico de laboratório, quatro  bolsistas, e um estudante voluntário. Dentre os cursos envolvidos com o LabCem estão a Engenharia Eletrônica, o curso Superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial, a especialização em Projeto de Produtos Eletrônicos; e esporadicamente a Engenharia Elétrica e a Engenharia de Telecomunicações, do Câmpus São José.

Legalidade e regulamentação

A Lei de Incentivo à Inovação (Lei nº 10.973), de 02 de novembro de 2004, regulamentada pelo Decreto nº 9.283/2018, em seu artigo 8º, faculta à Instituição Científica e Tecnológica (ICT) prestar a instituições públicas ou privadas serviços técnicos especializados compatíveis com os objetivos da citada Lei, nas atividades voltadas à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, visando, entre outros objetivos, à maior competitividade das empresas. Assim como, o parágrafo único do artigo 18 desta mesma Lei, faculta à ICT delegar à fundação de apoio a captação, a gestão e a aplicação das receitas próprias da ICT pública quando da prestação de serviços de que trata o artigo 8º. 

Nesse sentido, o IFSC emitiu regulamentação própria referente a prestação de serviços à comunidade externa, através da Resolução Consup Nº 48, de 24 de outubro de 2016; e em 2021, lançou o Edital 18 de autoria da Pró-reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação (Proppi) especificamente para organizar e promover o credenciamento interno de laboratórios para a realizada de prestação de serviços técnicos especializados, conforme as regras ali definidas e em respeito à legislação; e que não dispõe de estrutura interna instalada com condições de absorver ou de atender a logística de execução do programa. 

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