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Professores do IFSC participam do esforço para tentar identificar a causa da síndrome de Haff

CÂMPUS ITAJAÍ Data de Publicação: 15 set 2021 18:07 Data de Atualização: 15 set 2021 18:11

Desde 2020, estão sendo registrados casos de síndrome de Haff no país, popularmente conhecida como “doença da urina preta”, com pacientes apresentando quadro clínico clássico de dor e rigidez muscular, dormência no corpo, rabdomiólise e mioglobinúria (urina escura), na maioria dos casos após a ingestão de pescado. Os primeiros casos foram registrados na região Nordeste, relacionados à ingestão de peixes marinhos, e recentemente notificados casos na região Norte, associados a peixes de água doce. 

Dois professores do Laboratório de Algas Nocivas e Ficotoxinas (Laqua) do Câmpus Itajaí do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Mathias Schramm e Thiago Alves, experientes na identificação de algas e ficotoxinas durante as ocorrências de florações nocivas em áreas de cultivo de moluscos de Santa Catarina e consultores científicos do grupo Ad hoc para resíduos e contaminantes em recursos pesqueiros do Ministério da Agricultura, passaram a auxiliar os órgãos oficiais de saúde para tentar identificar o agente causador dessa intoxicação. “Nosso papel é investigativo, tentando dar uma resposta para a sociedade sobre o que pode estar causando a síndrome de Haff. No Brasil não temos laboratórios que realizem rotineiramente a análise dessas biotoxinas, exceto em Santa Catarina, que tem um programa de monitoramento em áreas de cultivo de moluscos. O Laboratório de Algas Nocivas e Ficotoxinas do Câmpus Itajaí do IFSC e o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) em São José têm a instrumentação necessária e a expertise para investigar. Já recebemos amostras de pescado, sobras de alimentos consumidos e amostras clínicas dos pacientes, numa colaboração direta com o Ministério da Saúde”, afirma o professor Mathias Schramm.

O professor explica que a síndrome de Haff costuma estar associada ao consumo de pescado, tanto marinho como de água doce. “A hipótese que estamos investigando é que o agente causador da síndrome é uma ficotoxina, ou um grupo dessas substâncias que são produzidas por microalgas. Os peixes e outros animais se alimentam dessas algas, cianobactérias e de corais moles, que também podem produzir toxinas, acumulando um coquetel tóxico. A hipótese mais aceita atualmente é que a síndrome de Haff pode estar associada a um grupo de ficotoxinas semelhante às Palytoxinas. É um grupo difícil de ser detectado e identificado dadas as características químicas das moléculas. Para se ter uma ideia, em 2016 foram enviadas amostras de pescados para os Estados Unidos para o Food and Drug Administration (FDA), que é a agência federal do departamento de saúde dos Estados Unidos, e eles não conseguiram identificar os compostos envolvidos. Porém, os resultados que temos até o momento reforçam a hipótese de presença de toxinas, pois estamos encontrando quantidades detectáveis de algumas toxinas conhecidas. Mas ainda é cedo para fazer conclusões. Temos que continuar as pesquisas.”

Além dos professores do IFSC, o professor da Universidade Federal do Paraná (CEM/UFPR) Luiz Laureno Mafra Júnior também tem contribuído com as pesquisas, além do doutor Rodrigo Hoff e toda a equipe do SeLAV/LFDA/MAPA em São José.

Para aumentar a segurança de quem consome pescado, o professor Mathias Schramm avalia que seria importante que o Brasil tivesse um sistema que garantisse a rastreabilidade do produto. “Nós precisamos de um sistema em que seja possível identificar a origem e trânsito de cada produto, de forma que quando ocorrer algum problema de intoxicação, rapidamente possamos chegar ao produtor responsável pelo pescado, estabelecendo restrições de consumo apenas para o lote, espécie, local ou região associado.”

Professor apresentará primeiros resultados em evento on-line 

No dia 16 de setembro, às 18h, o professor Mathias Schramm falará sobre os resultados preliminares encontrados nas avaliações em um evento on-line promovido pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco, transmitido pelo canal do Youtube do órgão.

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