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Relato da Kaori | Intercambista do Propicie 13

BLOG DOS INTERCAMBISTAS Data de Publicação: 05 abr 2018 16:08 Data de Atualização: 30 mai 2018 14:30

Bom dia, pessoal! Tudo bem ?

Acompanhem hoje o relato da aluna Kaori, do curso técnico integrado em Química do Câmpus Florianópolis. Ela está fazendo um projeto de pesquisa no Instituto Politécnico de Beja, em Portugal.

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1 v o aAR

Quando eu era pequena, queria poder voar. Ficava imaginando se, quando morasse no céu, teria asas iguais as dos anjos. E, nessa idade, era através da imaginação que eu voava. A partir dos meus nove anos, tocando piano, eu já sentia que meus dedos podiam alçar vôo. Mas, foi apenas na dança que o meu corpo se entregou completamente à ideia impossível de um vôo humano. Foi com a dança que eu aprendi a perceber os mecanismos e as técnicas de um vôo. E, assim, com prática e dedicação, os riscos do vôo eram calculados e amenizados.

Agora, com as palavras, a sensação de voar foi desesperadora. Não tinha hora, dia nem lugar. Podia ficar meses em total abstinência ou dias sem sequer colocar os pés no chão. Quando comecei a escrever, aos doze anos, achava que podia controlar cada risco – seja no papel ou de vida –, mas não. Com o tempo, comecei a querer que as palavras, depois de cada ponto, (re)pousassem no lugar onde tinham nascido. E, mais uma vez, achei que podia controlar, com exatidão, cada pouso; mas não. Ver os vôos desordenados, as quedas inconstantes, as vendas de livros não planejadas, me deixaram horrorizada. Fui percebendo que não havia "destino romântico” para minhas poesias.

A realidade foi que, nem com as minhas asas metafóricas – idealizadas por mim mesma – eu podia controlar o destino. Mas o destino? Ah, esse me fez voar de novo.

(e dessa vez foi para bem longe...)

2 T E M P O (uco tempo que estou aqui, mas)
 

A previsão do tempo de Beja é de mais ou menos 10 ºC e muita chuva. Mas, o frio faz a sensação térmica parecer bem menor.

Nesse último domingo (25), o tempo mudou em todo Portugal. Com os relógios adotando o horário de verão, ficamos com 4 horas a mais que o Brasil.

Há poucos dias, meu amigo me perguntou como havia sido o primeiro mês de intercâmbio. Ri. Faz apenas duas semanas, disse. Ele não acreditou.

Lá Outono. Aqui Primavera.

Tic Tac

Nessa 1 hora a mais de saudade, fico à espera das mensagens...

Enquanto o dia aqui termina, no Brasil ainda está na metade.
 

3 Apenas os doces de ovos

Quando o assunto é doce português, não tem como não falar dos ovos. Agora, quando o assunto já é Páscoa, ironicamente os ovos deixam de ser o centro.

Pensar em Páscoa, pra mim, é pensar na morte e ressurreição de Jesus e, também, nos chocolates. Sobre a parte dos chocolates, a minha referência é aquela visão do amontoado de ovos de Páscoa nos supermercados.

Hoje é Sexta-feira Santa e posso contar quantos ovos de chocolate já vi nos supermercados aqui de Portugal. São poucos, afinal o sentido da Páscoa que prevalece aqui é outro. Quem sabe, por ser um país ainda muito religioso, é natural relacionar a Páscoa com o seu sentido cristão. Mas, para nós, brasileiros, às vezes isso é muito difícil. O que prevalece acaba sendo a fantasia dos coelhinhos e o mercado dos ovos de chocolate.

 Ainda assim, o que está me deixando mais impressionada é ter uma semana de Férias de Páscoa – sem aula, sem pesquisa, sem trabalho. Uma semana em que confesso ter comido muito ovo – não os de chocolate, claro! Mas, sim, os dos deliciosos doces portugueses. 
 

4 Andamento do Projeto GreenEcoRoxo

4.1 Gratidão

Mesmo já tendo alguma experiência em laboratório e sido bolsista em um Projeto de Pesquisa da área de Química, é muito diferente a sensação de estar como pesquisadora em um ambiente que não é a sua escola e com pessoas que não são seus professores. Estar nesse contexto exige uma outra postura. É necessário, também, mostrar para as pessoas que elas podem confiar em você e no seu trabalho. Afinal, o laboratório é um local de muitos riscos, e, tendo apenas dezessete anos, as pessoas, ali, olham para você com uma certa dúvida e preocupação.

Nesses últimos dias, fui percebendo o quão importante é tudo aquilo que eu venho aprendendo no IFSC; percebendo que os conteúdos não são aplicados só porque os professores acham legal ou interessante, mas porque são, de fato, importantes. E só agora eu estou percebendo a real dimensão de tudo isso.

Nesses momentos, eu sinto muita gratidão por cada professora e professor que disponibilizou o seu tempo e dedicação para compartilhar comigo tanto conhecimento. Gratidão, também, pela Laura que está ao meu lado, trabalhando na mesma pesquisa e que, no curso do IFSC, encontra-se uma fase acima de mim, podendo, assim, compartilhar as suas experiências comigo. Gratidão por cada estudante do IFSC que também veio a Beja: a Amanda, o Thiago e a Natasha – pessoas super legais e que são de áreas semelhantes que a minha (Química e Alimentos), podendo trocar várias ideias e possibilitando que um ajude o outro nos seus afazeres.

Quando olho volta, fico muito feliz de ver onde eu estou – um lugar tão diferente e, ao mesmo tempo, tão conhecido: o laboratório, um lugar onde ainda quero passar muito tempo da minha vida.
 

4.2 Reações

Nesses últimos dias, posso dizer que estou colecionando várias reações: reações minhas com as pessoas, das pessoas comigo e, claro, reações químicas também.

Antes das Férias de Páscoa, eu e a Laura fomos nos familiarizando com o laboratório. A nossa orientadora, professora Teresa, entregou-nos os procedimentos das práticas e nos pediu para verificar a lista de reagentes que seriam utilizados por nós. Diferentemente dos laboratórios do IFSC – Campus Florianópolis, aqui a organização dos reagentes é diferente: cada reagente possui uma ficha, e essas fichas estão organizadas somente pela letra inicial do nome do reagente, não em ordem alfabética, e cada ficha possui um número que corresponde ao fraco do reagente no armário. Por exemplo, se precisássemos do ácido clorídrico, teríamos que procurar a sua ficha entre as fichas de letra A, verificar qual era o seu número e procurar esse número no armário para, então, achar o frasco do ácido clorídrico. Resumindo, para nós, ficou confuso esse sistema de organização.

Porém, a nossa reação diante dessa situação foi de querer contribuir para poder facilitar. Resolvemos, então, fazer uma planilha, digitando todas as fichas de reagentes com nome, fórmula e número. Em dois dias, terminamos, afinal, eram um pouco mais de quinhentos reagentes para organizar. Ao mostrar para nossa orientadora, ela ficou muito contente e, também, aprovou a nossa ideia de reorganizar os armários.

E foram nesses momentos que eu acabei percebendo o que é ser, de fato, técnica em química. E gostando disso.

 

 

 

 

ASSINT - Assessoria de Assuntos Estratégicos e Internacionais

 

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