Câmpus Canoinhas reforça serviço de monitoramento da ferrugem asiática da soja no Planalto Norte

EXTENSÃO Data de Publicação: 14 mar 2024 18:58 Data de Atualização: 25 mar 2024 10:50

O trabalho de monitoramento de esporos da ferrugem asiática da soja no Planalto Norte ganhou o reforço de estudantes do curso de Agronomia do Câmpus Canoinhas na safra 2023/2024. O serviço é realizado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) desde 2020. Os dados ajudam os agricultores a preverem o aparecimento da doença, a partir da detecção dos uredósporos do fungo causador da ferrugem, transportados pelo vento.

Segundo o professor de Agronomia Douglas André Wurz, o trabalho desenvolvido pela Epagri contribui diretamente com o setor agropecuário. “Ações de monitoramento e previsão de doenças são essenciais e indispensáveis no manejo integrado da ferrugem asiática da soja, permitindo manejo sustentável e econômico, pois permite detectar a presença de esporos antes da manifestação efetiva da doença a campo, possibilitando planejar e definir a aplicação de fungicidas”, explica.

Por trabalharem com as unidades curriculares de Fitopatologia e Manejo Integrado de Doenças; Culturas Anuais II; e Anatomia e Morfologia Vegetal, Douglas e os professores Luis Carlos Vieira e Lais Fernanda Melo Pereira foram os responsáveis pela ação de extensão no IFSC, com a participação dos estudantes Henrique Stolte, Otávio Frederico Steidel e Eduardo Virmond de Souza Farias. “Foi uma grande contribuição na formação dos estudantes do curso de Agronomia do IFSC, como oportunidade de aquisição de novos conhecimentos e de complementação dos conteúdos observados em sala de aula”, relatam os professores.

Para o estudante Eduardo Farias, o projeto foi de extrema importância. “Em muitos casos, ficamos muito limitados dentro da sala de aula. Mas, indo a campo e realizando as análises laboratoriais, temos uma noção totalmente diferente do trabalho. Sem dúvidas, agrega muito conhecimento, que será muito importante futuramente, atuando como engenheiro agrônomo”, comenta.

“O monitoramento é a base dos programas de manejo integrado, que, consequentemente, trazem menor impacto ambiental, melhoria na produtividade e economia de recursos, objetivos que o engenheiro agrônomo sempre deseja atingir. Além disto, o projeto agrega experiência ao nosso currículo, sendo importante no mercado de trabalho”, confirma Otávio Steidel.

Os dois estudantes são do município de Mafra, onde foram instalados dois coletores de esporos de ferrugem asiática: um na propriedade da família de Otávio e outro em uma lavoura vizinha a Eduardo. Os outros seis coletores foram instalados em Canoinhas (2), Itaiópolis, Major Vieira, Irineópolis e Bela Vista do Toldo. 

Como funciona o monitoramento

A ação de extensão começou em dezembro de 2023, com treinamento de leituras de lâminas que continham a presença de esporos da ferrugem da soja. Depois, foram realizadas atividades de confecção e instalação de coletores de esporos nas lavouras. Os estudantes explicam que o coletor é feito com materiais simples, como canos de PVC, linha de pesca e madeira, por exemplo.

“Esse coletor funciona como uma ‘biruta’, que gira conforme a direção do vento. No centro desse coletor, fica localizada uma lâmina de laboratório com fita dupla face no meio. Toda semana, os extensionistas da Epagri trocavam as lâminas, que eram trazidas até o IFSC. Eu, o Henrique e o Eduardo fazíamos as leituras, no Laboratório de Microscopia, por meio de varredura da fita adesiva, verificando a presença ou ausência de esporos do fungo. As informações eram repassadas para a Epagri, que então atualizava o relatório semanal”, conta Otávio.


“São informações precisas e confiáveis, que ajudam os produtores a organizarem o manejo da doença, especificamente com a aplicação dos agroquímicos para controle da ferrugem da soja no tempo certo, evitando aplicações de fungicida antes da ocorrência da ferrugem ou depois da doença já instalada na lavoura”, enfatiza Eduardo.

O monitoramento da safra 2023/2024 no Planalto Norte foi finalizado após a detecção de esporos no último ponto remanescente, em 14 de fevereiro. As informações estão disponíveis na plataforma Agroconnect, que é sistema de monitoramento e difusão de avisos e alertas agrometeorológicos desenvolvido pela Epagri/Ciram. 

Segundo pesquisadores, a ferrugem asiática foi relatada pela primeira vez no Brasil em 2001. Desde então, tem sido considerada a doença mais severa da cultura no Brasil, em decorrência da agressividade do fungo e das perdas de produtividade que podem ocorrer caso a doença não seja adequadamente controlada. O fungo pode completar seu ciclo na cultura entre seis e nove dias, a depender das condições ambientais durante o período de infecção e incubação.

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