Do que as crianças brincam? Reflexão sobre o brincar abre ciclo de formação para professores

EXTENSÃO Data de Publicação: 08 abr 2024 17:31 Data de Atualização: 08 abr 2024 18:21

O projeto “Ciclo de Oficinas Literárias: Transvendo as Escolas”, do IFSC, iniciou a sua segunda edição com uma oficina presencial para cerca de 150 professores de escolas públicas de Garopaba, Paulo Lopes e Pescaria Brava, no Auditório do Câmpus Garopaba, na sexta-feira (5).

A palestra “Infâncias: modos de inventariar”, foi ministrada pela jornalista, escritora e pesquisadora Gabriela Romeu. Ela conta que, quando era jornalista do caderno Folhinha, da Folha de São Paulo, sentiu a necessidade de escrever “mais do que sobre as crianças de São Paulo, mas falar de todas as crianças do Brasil”. Foi assim que começou seu trabalho como escritora, pesquisadora e documentarista, registrando os modos de brincar em várias regiões do Brasil: Ceará, Amazonas, Maranhão, Pantanal, Rio Grande do Sul, entre outros.

Seu primeiro livro publicado foi “Terra de Cabinha”, em que narra as formas de brincar das crianças do Cariri, no interior do Ceará, além de outras várias obras sobre a infância, como livros, documentários, projetos formativos e instalações artísticas.

Aos professores reunidos em Garopaba, propôs a metodologia de “inventariar” as diferentes formas de brincar, saberes, cantigas e histórias. Como experiência prática, criou uma mesa de “inventário de infâncias”, com brinquedos e artefatos de quintais brasileiros por onde esteve. Os participantes também puderam anotar lembranças de suas infâncias, complementando a experiência.

A brincadeira é, segundo a autora, o aprendizado que vem da experiência. “A criança não faz brinquedo para ser decorativo, ele precisa ter uma função”, explica. Ela define o espaço da brincadeira como o quintal, um local de produção de saberes da infância e onde as gerações se encontram, e onde se revela “a potência criadora da criança”. Porém, observa a diminuição dessa experiência, quando as infâncias são enclausuradas em apartamentos. Mesmo assim, observa, a criança tem a capacidade de “alargar” sua imaginação, seja em uma mesa, no tapete ou nos parquinhos.

A professora Shirley dos Santos, da rede municipal do Câmpus Garopaba, participou da primeira edição do Ciclo de Oficinas Literárias, em 2023, realizado de forma on-line. “Para mim, participar do projeto foi bastante importante, tanto como professora quanto como pessoa. Participar do projeto me remeteu à minha infância, de buscar a minha vivência, e trazer para as crianças para que elas pudessem vivenciar a infância à qual elas pertencem”, conta. 

Os conhecimentos da formação foram aplicados em duas escolas em que Shirley trabalhou, no ensino infantil e no fundamental. Ela conta que conseguiu levar elementos não estruturados, como objetos da natureza (folhas, galhos, sementes) para que as crianças utilizassem na sala de aula. “Eu falo da minha experiência, de tentar retirar o plástico da sala de aula e utilizar um material mais natural, para elas terem uma vivência que muitas vezes não têm em casa”, completa.

Ciclo de Oficinas Literárias será presencial

O “Ciclo de Oficinas Literárias: Transvendo as Escolas” é um projeto selecionado pelo prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – edição 2023, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.

O objetivo do projeto é aprimorar as práticas pedagógicas e culturais desenvolvidas em sala de aula, a partir da integração da literatura às atividades curriculares, contribuindo, assim, para a melhora dos níveis de letramento dos estudantes da rede básica.

A primeira edição, realizada em 2023, de forma on-line, contou com a participação de 40 professores da rede básica de ensino de Garopaba. Em 2024, a parceria será com a Prefeitura de Paulo Lopes, para a formação de 30 professores, que terão encontros formativos durante um semestre, de forma presencial e com alguns encontros on-line.

As coordenadoras do projeto são as professoras Luana de Gusmão, do Câmpus Garopaba, e Marizete Spessatto, do Câmpus Florianópolis. Elas esperam que o projeto dê frutos, com os professores desenvolvendo bons projetos nas escolas. A intenção é firmar novas parcerias, com outras prefeituras, nas próximas edições do projeto.

Para saber mais, acesse o site e o Instagram do projeto “Ciclo de Oficinas Literárias: Transvendo as Escolas”.

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