Mestrado em Viticultura e Enologia de Urupema tem sua primeira dissertação aprovada

ENSINO Data de Publicação: 26 abr 2024 16:06 Data de Atualização: 07 mai 2024 11:23

No fim de março, o Câmpus Urupema atravessou um marco histórico: o curso de mestrado em Viticultura e Enologia, na parceria do câmpus com o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) Câmpus Bento Gonçalves, teve sua primeira defesa de dissertação. O aluno Daniel Trento do Nascimento fez sua pesquisa sobre mudanças climáticas e vitivinicultura: Análise da percepção dos produtores em três regiões do Brasil, que foi orientada pela professora Carolina Pretto Panceri (IFSC-URP) e foi avaliada pelos professores Leonardo Cury da Silva (IFRS-BG) e Rogerio de Oliveira Anese (IFSC-URP).

Daniel é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e reside em Brasília-DR. Porém, é natural de Urussanga-SC e possui uma propriedade que está iniciando a produção de vinhos em Urubici-SC, município vizinho a Urupema. A proximidade com o câmpus, aliás, foi um dos fatores que o levou a iniciar o curso. "O fato de ser uma instituição séria e conceituada e com um quadro técnico qualificado foi o que me fez procurar o IFSC Urupema para a formação. Além, claro, de ter um câmpus próximo à minha região", completa Daniel.

O ineditismo do curso, o primeiro federal e gratuito na área, acabou por preencher um desejo de Daniel. Logo que soube da abertura do edital, tratou de buscar informações para preencher uma das vagas. Ao longo da formação ele foi tomando ainda mais conhecimento sobre o curso e, principalmente, sobre o IFSC, deixando no agora mestre em Viticultura e Enologia uma boa impressão sobre a instituição. "A estrutura enxuta, mas muito boa e adequada para a proposta do curso, a rede de conexões que o curso e a instituição oportunizam e, principalmente, a capacidade e comprometimento dos professores e profissionais da instituição foram fatores fundamentais para o sucesso na jornada", completa.

Sobre a dissertação, ainda não é possível trazer maior detalhes, pois o documento está em fase correção das considerações da banca e de análise de artigo para publicação em revista científica. O ineditismo do texto é fundamental para, também, cumprir essa etapa da jornada do mestrado. "Em linhas gerais, o foco principal de meu estudo foi relacionado ao impacto das mudanças climáticas na vitivinicultura. Procurei avaliar a percepção dos produtores de uva e vinho nas diferentes regiões do país e identificar ações para adaptação a esses impactos", adianta Daniel. 

Reconhecimento ao Câmpus Urupema

A professora Carolina Pretto Panceri foi a orientadora da dissertação. Como uma das fundadoras e grande entusiasta do curso de mestrado em Viticultura e Enologia, ela comenta que a finalização dessa etapa é motivo de comemoração para todos os envolvidos. "Para nós é um momento de alegria e um marco na história do câmpus, seja por ser um curso totalmente inédito no país, seja por ser o primeiro estudante do curso a apresentar sua dissertação para sociedade", comenta a professora.

Daniel acaba por ser um marco que finaliza a primeira turma do programa. O saldo, segundo Carolina, é bastante positivo e já serve de parâmetro para mudanças e adaptações das próximas turmas. "A avaliação é positiva, e como primeiro ciclo os desafios foram diversos. Alguns já foram inclusive alterados para o ingresso da segunda turma, havendo mudança do período de lançamento do edital, inscrição e seleção para o primeiro semestre do ano, e não mais no segundo, momento que as principais regiões produtoras estavam se preparando para colheita", completa a professora. Mais do que um programa de qualificação aos profissionais, o curso acaba por ser um elemento de fomento ao arranjo produtivo da região e uma ferramenta de divulgação do IFSC, da região e dos vinhos de altitude. "Ainda é cedo para essa análise, mas considerando além deste trabalho, outros da mesma turma que já foram apresentados ou estão em fase de defesa, todos abordam temas atuais, e que buscam solucionar problemas da vitivinicultura brasileira e da região da Serra Catarinense", complementa. 

Os vinhos de altitude são o carro-chefe da região, mas ainda são pouco conhecidos no resto do país e até mesmo a produção acadêmica é escassa nesse sentido. Sendo assim, trabalhos como esse do Daniel e os outros que estão por vir acabam contribuindo para o crescimento de pesquisas acadêmicas e, consequentemente, da qualidade dos vinhos produzidos e da gestão das vinícolas. "Como trata-se de uma região nova, todo o estudo ajuda a entender as características do local, gerando melhorias no cultivo dos vinhedos e uvas até processos de vinificação, gerenciamento de negócios etc. E como é um mestrado profissional, os estudos precisam ser bem aplicados, e com base em problemas reais da viticultura e enologia nacional, então essa produção gerada pelo mestrado irá chegar de forma prática aos produtores no formato de produtos tecnológicos", completa Carolina.

Sobre o curso e seu pioneirismo

O pioneirismo comemorado por Daniel e Carolina é evidente. Mais do que isso, é compreendido que esse fato não apenas agrega individualmente ou em âmbito institucional, mas como um fator de celebração por toda uma comunidade acadêmica e social. "Alguns motivos dão razão a isso. O primeiro, mesmo trabalhando, com todas as dificuldades de fazer o mestrado durante o exercício profissional, conciliando diversas atividades, viagens e tudo isso, conseguir atender dentro do prazo é importante não só para mim, mas também para a própria instituição. O segundo, por ter sido o primeiro, abrir as portas para que novos mestres venham, que os colegas e outros alunos se formem, isso traz qualidade e capacitação para os nossos profissionais, fortalecendo todo o setor no estado. E por fim, fico feliz também por dar uma pequena contribuição no histórico da família, que já é centenária, e com várias ramificações desde os antepassados italianos que produziram vinhos", finaliza Daniel.

Segundo Daniel, há registros de sua família sobre o pioneirismo dela na produção de vinhos na região de Urussanga, Sul do Estado de Santa Catarina e região de muitos imigrantes italianos. A corrente ganha agora o selo acadêmico como o título de mestre conquistado por Daniel no último mês. O Mestrado Profissional em Viticultura e Enologia (PPGVE) tem como objetivo oferecer um curso no qual os profissionais que atuam no setor vitivinícola possam aprimorar seus conhecimentos teóricos e desenvolver ações de pesquisa na busca de soluções para os problemas e que resultem em melhorias capazes de contribuir para o desenvolvimento regional, para o avanço do conhecimento e na condução de sistemas de produção, focados na gestão, tecnologia, inovação para aumentar a participação brasileira no mercado nacional e internacional.

O PPGVE é um programa em rede ou em forma associativa e será ofertado em diferentes polos. Nesse primeiro momento a oferta se dará no IFRS, campus Bento Gonçalves, e no IFSC, Câmpus Urupema. Cada Instituição Sede ou Associada é responsável pela disciplina acadêmica do discente e pela emissão do diploma de Mestre. Futuramente o PPGVE poderá contar com novas instituições associadas. Ao finalizar o curso, o egresso terá potencializado as suas habilidades e competências para resolução de problemas no setor vitivinícola.

O PPGVE é um curso gratuito, presencial, com duração máxima de 24 (vinte e quatro) meses. O PPGVE é coordenado pela Comissão Acadêmica Geral e tem como sede o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campus Bento Gonçalves. O PPGVE possui como Instituição Associada o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), campus Urupema. Cada Instituição Sede ou Associada é responsável pela disciplina acadêmica do discente e pela emissão do diploma de Mestre.
 

 

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