ENSINO Data de Publicação: 15 abr 2020 07:53 Data de Atualização: 15 abr 2020 08:07
Valoriza, mano! Valoriza, gata!!! O termo que já faz parte do vocabulário da galera, também designa um projeto que dá a estudantes e servidores do Câmpus Lages a oportunidade de se expressarem neste momento de distanciamento social devido à Pandemia do Coronavírus. A iniciativa é da professora de Português, Paula Clarice Santos Grazziotin de Jesus. “É uma maneira de manter o câmpus com senso de comunidade, bem como também dar visibilidade aos sujeitos”, ressalta Paula.
O projeto é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Educação e Linguagem. “Nasceu a partir de pesquisas que ensinam que ter espaços de autoria na escola, ou seja, espaços para se expressar, é um instrumento poderoso para incentivar e melhorar a produção de texto dos sujeitos”, justifica a docente.
Segundo ela, a prática da autoria é um exercício de poder, e que por isso incentiva à reflexão, ao empoderamento e à construção de um discurso crítico e responsável. “Proporciona um sentimento de pertenciamento, além de oportunizar um discurso próprio no espaço público. É um meio para todos que quiserem dar visibilidade ao seu ponto de vista desse momento que estamos passando. E também reforça nosso senso de comunidade, estamos em nossas casas, mas estamos juntos”, destaca.
Dessa forma, alunos, professores e técnico-administrativos expõem o que estão fazendo durante este período de aulas não presenciais em um informativo, com veiculação semanal. E essa revelação de cada uma chega em forma de narrativa, fotos, iniciativas, sugestões, notícias e textos de todos os gêneros. O questionário faz perguntas do tipo: destaque uma ação que um professor fez ao longo da semana que achou interessante ou então, uma atitude que a turma teve que foi legal ou vantajoso.
“A criatividade das informações torna o informativo muito dinâmico, ganhando cores e movimento, trazendo informação e ao mesmo tempo diversão, alcançando com isto seu objetivo, que é a participação das pessoas num ambiente descontraído, com textos curtos e utilizando recursos variados”, conta a professora.
Prática
O Valoriza já teve três edições, com publicação às sextas-feiras. “A gente manda por email para todos os servidores e por whatsapp nos grupos de servidores e dos representantes de alunos. Aí para potencializar o alcance a gente pede para algumas pessoas estratégicas colocarem nos grupos de turmas que a gente percebe que não estão recebendo”, explica Paula, que diz que quase todos os cursos do Câmpus já estão representados.
A coleta dos depoimentos é feita por um formulário Google, que mandamos por email e whatsapp ao público alvo. “Aceitamos texto ou fotos. Já recebemos poemas sobre o isolamento, que serão publicados nas próximas semanas”, conta a professora.
Protagonistas e coadjuvantes
Paula conta que ainda não conseguiu envolver estudantes na elaboração e seleção do material. “Os alunos têm sido essenciais contribuindo e ajudando a difundir.
Adriele Renata Nunes é aluna dos cursos de Processos Químicos e do técnico em Biotecnologia e destaca a iniciativa como incentivo. “A oportunidade de expressar o que gostamos, é realmente valorizar. É bom para nós sermos reconhecidos e para os professores não é diferente, eles também estão tendo dificuldades e ainda mais porque tentam atender a vários alunos. E no final ainda tem edições com respostas nossas e dos professores. É uma troca de elogio virtual. O reconhecimento mútuo nos incentiva. Eu adoro responder, toda semana escolho um professor ou uma atividade da turma”, revela a estudante.
Adriele diz que o incentivo acontece entre os mais próximos: “alguns acabam ignorando, mas a maioria manda, pelo que sei. Com alguns mais próximos chegamos a comentar e até brincar do tipo quem vai aparecer na próxima edição”. Para ela, a importância da iniciativa está na motivação entre todos. “É bem complicado esse momento, todos estão com dificuldades, cansados, e estudar em casa até um certo momento é prazeroso, mas depois ou dependendo da disciplina e com notícias que assustam se torna muito estressante. Isso acaba que dá um alívio. Esperamos até a sexta-feira, vemos a nossa resposta a de outros, rimos com as fotos, às vezes tem um elogio do professor”, desabafa.
Além disso, conforme relata Adriele, sempre alguém faz um checklist para a semana. “Recentemente sentimos dificuldades em cálculo, combinamos entre nós uma videoconferência, para encontrar as dificuldades e posteriormente passar ao professor, e depois de solucionado vai para o Valoriza”.
Para a aluna do curso técnico em Agroecologia, Karolyne Pereira Gastaldi, a iniciativa significa aproximação. Ela, que auxilia na divulgação do projeto entre o público alvo, acredita que o engajamento de estudantes e servidores será ainda maior quando deixarem a timidez de lado.
Com outros colaboradores e apoio da direção do câmpus e do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão (Depe), o projeto conta também com os professores de Informática, Vilson Heck Jr; de Biologia, Silmar Primieri; da pedagoga Magali Pessini; e da técnica Jacqueline Vistuba.
Para participar
Todos podem participar, e para isso, basta acessar o link, preencher os dados solicitados, e contar o que você Valoriza no Câmpus Lages do IFSC.
Para acompanhar conteúdos sobre o coronavírus, acesse a página -> https://www.ifsc.edu.br/covid-19