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Tecidos que iriam pro lixo são reaproveitados em projeto de Jaraguá do Sul

CÂMPUS JARAGUÁ DO SUL-CENTRO Data de Publicação: 25 ago 2022 18:24 Data de Atualização: 25 ago 2022 18:41

Em 2018, uma empresa britânica fabricante de roupas de luxo chamada Burberry decidiu, literalmente, queimar produtos não vendidos. O estoque incinerado estava avaliado em aproximadamente 28,6 milhões de euros (cerca de 150 milhões de reais, na atual cotação da moeda). A notícia, divulgada inicialmente pela mídia britânica, teve repercussão mundial e evidenciou uma das práticas mais questionáveis da indústria têxtil: a incineração de produtos que poderiam ser reutilizados, reciclados ou mesmo doados.

Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cerca de quatro milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados anualmente no Brasil – incluindo roupas e tecidos em bom estado. Essa quantidade corresponde a aproximadamente 5% de todos os resíduos produzidos por ano no país.

Para estimular a reflexão sobre esse modo de organização da indústria têxtil e apontar uma saída sustentável para materiais que são descartados pelas empresas têxteis, a professora Elisangela Manarim Guimarães está coordenando no Câmpus Jaraguá do Sul-Centro o projeto “Costura Criativa”. Em execução desde abril, o projeto tem proporcionado que mulheres de Jaraguá do Sul aprendam a produzir itens de decoração a partir de tecidos doados ao Instituto.

Segundo a coordenadora, é comum na indústria têxtil que trocas de coleção ou mudanças em tendências de moda façam as empresas descartarem roupas, tecidos ou outros itens considerados “ultrapassados”. “Às vezes algumas empresas preferem inclusive incinerar do que passar isso adiante, até coisas que não têm defeito. Só porque ‘mudou a coleção e tem a minha marca’, [a empresa] acaba queimando e não doando”, conta.

No projeto “Costura Criativa”, os materiais utilizados são as chamadas “retilíneas”: tecido utilizado em punhos e golas de camisas polo. “No nosso caso, recebemos uma grande doação de retilíneas de punho. Esse material estava guardado e, por isso, começamos a pensar numa destinação adequada a tanto tecido que poderia ter ido parar no lixo”, explica Elisangela.

A primeira ideia para o reaproveitamento das retilíneas foi a fabricação de sacolas ecológicas (ecobags). Porém, as bolsistas do projeto e a turma da disciplina de Costura do curso de graduação em Design de Moda encontraram outros itens que poderiam ser criados com o material: tapetes, estojos, jogos americanos, suportes de panela, capas de almofada, marcadores de livro, pesos de porta e até o suporte (a alça) de canecas utilizadas em festas tradicionais alemãs, como a Schutzenfest em Jaraguá do Sul.

A partir das possibilidades apontadas pelos estudantes foi organizada, em julho, uma oficina para ensinar a técnica de fabricação a pessoas que pudessem se beneficiar deste novo conhecimento. As escolhidas para a “aula” foram as integrantes de um clube de mães do município. “Foram 12 mulheres que fizeram a oficina, algumas com mais familiaridade com costura e outras que nunca tinham usado uma máquina de costurar. No fim da atividade, todas conseguiram fazer pelo menos um tapete”, lembra a coordenadora do projeto.

Entre as mães que vieram ao IFSC estava a senhora Ires Hildebrandt Del Mestre, que preside o clube. Segundo a presidente, as mulheres gostaram muito da atividade e cada uma utilizará o aprendizado com finalidades específicas. “A maioria vai fazer itens para decorar sua própria casa ou ter algo para dar de presente sem gastar. Mas também farão coisas para vender e ter uma renda extra, inclusive ajudando o clube a se manter”, compartilha Ires.

Para a professora Elisangela, o resultado da oficina indica que o projeto está cumprindo seu objetivo, incentivando a sustentabilidade por meio da reutilização dos tecidos e reaproveitamento dos materiais têxteis. “E, como adendo, ainda conseguimos proporcionar uma fonte de geração de renda para essas mães”, destaca.

Antes da finalização do projeto, em outubro, será realizada uma segunda oficina, novamente em parceria com o clube de mães. Os resultados deverão ser compartilhados durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) e também mostrados no câmpus, numa exibição das peças produzidas nas oficinas.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

O projeto “Costura Criativa” foi aprovado pelo Edital 02/2022 da Pró-Reitoria de Extensão e Relações Externas (Proex), que teve como um dos critérios de seleção a relação do projeto com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Os ODS são uma agenda mundial: um plano adotado durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2015, a ser implementado até 2030. Em 2017, o IFSC assinou o Termo de Adesão ao Movimento ODS – Santa Catarina, assumindo compromissos com a incorporação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis como organização signatária.

Conforme os critérios de seleção do Edital do IFSC, o projeto “Costura Criativa” foi aprovado por ter relação com o seguinte ODS: ODS 12 – Consumo e produção responsáveis: assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Conheça mais projetos relacionados aos ODS no IFSC:

- Projeto transforma garrafas PET em pufes
- Projeto divulga jogo "10 Mulheres de São José"
- Veja os demais projetos aprovados no Edital 02/2022

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