INTERNACIONAL Data de Publicação: 07 out 2025 17:30 Data de Atualização: 23 out 2025 19:52
Aos 18 anos, Júlia Rafaela Hanauer está vivendo a realização de um sonho que cultivava desde criança: morar em outro país, fazer novas amizades e conhecer novas culturas. A estudante do curso técnico integrado em Química do Câmpus Jaraguá do Sul-Centro foi selecionada no último edital do Propicie – programa de intercâmbio do IFSC – e embarcou, em setembro, para uma experiência de três meses no Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), em Portugal.
Matriculada na sétima fase do curso, Júlia está há cerca de um mês no exterior. Ela viajou no dia 10 de setembro e seu retorno está marcado para o início de dezembro, quando completará três meses de intercâmbio. A viagem marca sua primeira experiência fora do país e, segundo suas próprias palavras, o que a motivou a participar do Propicie foi “sempre sonhar grande”.
“Sempre quis fazer um intercâmbio, desde que eu era novinha. Eu achava incrível viajar para outro lugar, conhecer novas pessoas, novas culturas, novas línguas, ter essas experiências diferentes... Basicamente, então, eu participei do Propicie por ser sonhadora. Eu sabia que era difícil, mas pensei: por que não eu? E fui lá, tentei, dei o meu melhor e agora estou aqui na Europa”, comemora.
A conquista do intercâmbio, no entanto, veio após superar não apenas a concorrência do programa, mas também a descrença de algumas pessoas. Um dos comentários que ouviu, em específico, poderia tê-la desencorajado, mas serviu como combustível. “Uma pessoa muito próxima de mim que falou que eu não ia conseguir porque era muito difícil, que era muito concorrido e que eu era uma pessoa sonhadora demais... Mas não me deixei abalar: fiz a inscrição, passei pra entrevista, fui muito bem e, uns dias depois, recebi o e-mail falando que eu seria uma das bolsistas”, relembra. “Naquele momento eu pensei: a maioria das pessoas acha que é muito difícil e não tenta, mas se você não tentar, como é que você vai saber? Nenhum sonho é grande demais e agora eu tô aqui vivendo esse sonho”, completa.
O caminho da conquista
O interesse pelo programa foi despertado durante uma visita da professora Eliane Cavalheiro às salas de aula para divulgar o Propicie. Naquele momento Júlia percebeu que o sonho poderia se tornar realidade. “Vi que realmente era possível fazer o intercâmbio pelo IFSC como bolsista, apenas me dedicando aos estudos. E isso me fez sonhar ainda mais e ter ainda mais vontade de participar”, relata Júlia.
Segundo a intercambista, porém, a conquista da vaga para Portugal foi resultado também de uma série de escolhas anteriores, como o envolvimento em, pelo menos, cinco projetos dentro da instituição antes de tentar o Propicie. “Eu me envolvi em muita coisa dentro do IFSC... fiz parte do Grupo de Estudos de Astronomia, contribui como bolsista com experimentos para o CECAS [Centro de Educação Científica e Ambiental, em Schroeder], fui bolsista do projeto de extensão Direitos Humanos em Rede 2ª edição, entrei na equipe de robótica FRC 10140, onde fui e sou a capitã do marketing, e estava participando de um projeto pra levar robótica a alunos do 9⁰ ano do fundamental. Foram essas experiências que me prepararam para esse momento”, afirma.
Vivência acadêmica e autonomia
Em Portugal, Júlia está desenvolvendo o projeto “Phytopharremoval” no IPBeja. A escolha pelo projeto se deu pela sintonia com sua formação. “Foi o projeto que mais me chamou atenção, por ser o que se encaixava melhor com meu curso e com meu interesse futuro, que é ter experiência em um laboratório internacional, já que pretendo seguir na área da química”, destaca.
A experiência, no entanto, vai muito além dos laboratórios. Pela primeira vez morando sozinha, Júlia enfatiza o aprendizado da autonomia. “Está sendo incrível essa liberdade, mas também desafiadora: eu tenho que preparar minhas refeições, lavar minhas roupas, é eu por eu. E é muito legal porque a gente, no intercâmbio, não aprende só sobre os estudos, aprende sobre a vida e é incrível essa combinação”, resume.
Ela divide um alojamento com outra estudante do IFSC, Larissa, do Câmpus Palhoça-Bilíngue. “A convivência está sendo incrível, a gente se dá super bem. Não apenas por sermos brasileiras, mas a gente tem um jeito parecido, ficamos super amigas, a gente se ajuda e estamos sempre em contato uma com a outra”, conta.
O intercâmbio vai gerar um atraso em sua formatura, prevista agora para o final de 2026, mas para Júlia a troca vale a pena. As despesas com moradia e alimentação são custeadas pelo IFSC, enquanto os passeios e viagens são bancados por ela. A experiência está sendo tão transformadora que ela já planeja o futuro: “Com certeza eu pretendo buscar outros intercâmbios depois daqui... é enriquecedor demais”, avalia.
Terras lusitanas
A estudante já conheceu Lisboa e cidades do Algarve, como Faro e Portimão. “Cada lugar, cada esquina, cada casa é diferente, e tudo parece um sonho, parece uma novela. Cada dia que eu acordo, cada lugar que eu visito é uma experiência incrível, porque estar aqui realmente era um sonho meu de infância”, comenta.
O convívio com intercambistas de diversos países tem sido um dos pontos altos do período no exterior. “O que mais tenho gostado é desse contato com diferentes culturas, praticamente do mundo inteiro. A gente se encontra, faz jantares, experimenta comidas diferentes, conversa sobre as nossas culturas. Acho que essa é a melhor parte: descobrir o mundo inteiro na cidade em que eu estou”.
Futuros intercambistas
Às pessoas que pensam em participar das novas edições do Propicie, Júlia aconselha a acreditarem em seus objetivos. “É difícil expressar isso que eu tô sentindo, mas eu escutei que o meu sonho de fazer intercâmbio era grande demais pra mim. E ainda bem que eu não levei isso a sério, porque senão eu não estaria aqui, nem teria me inscrito”, recorda.
“Então, se você sonha com alguma coisa, acredite e se dedique. Pode ser com 18 anos, pode ser com 40 anos, 60 anos, por que não? E por que não ser você o próximo intercambista do Propicie? Foi assim que eu pensei, foi isso que me motivou a participar do programa. E agora eu tô aqui na Europa, realizando o sonho da minha vida”, resume a estudante.
Esta é a segunda reportagem de uma série que apresenta os estudantes do Câmpus Jaraguá do Sul-Centro aprovados no Propicie em 2025. Além de Júlia, também estão na Europa as estudantes Letícia Floriani Rodrigues, do curso técnico integrado em Química, Gabriele Camile Albino, da graduação em Licenciatura em Física e o estudante Lucas Felipe Reus Rieger, do curso técnico integrado em Modelagem do Vestuário. Os quatro representantes do câmpus estão realizando o intercâmbio em Portugal.